Micotoxinas e Micotoxicoses em Silagens e Insumos para alimentação de bovinos
Importância do Monitoramento de Micotoxinas e Micotoxicoses na Produção Animal |
Estas podem ser produzidas em vários pontos durante a cadeia de produção de alimentos sendo:
Estudos demonstram que a ocorrência de micotoxinas é responsável por perdas de bilhões de dólares em todo o mundo, seja através de perdas diretas ou indiretas, resultante de prejuízos à saúde humana e animal, além de rejeição e condenação de produtos alimentícios. |
A ocorrência de micotoxinas é sazonal e diferenciada geograficamente, o que dificulta o diagnóstico das micotoxicoses em animais de criação, principalmente sob a forma subaguda ou crônica. As condições que afetam a produção de toxinas pelo fungo incluem:
A Figura 1, demonstra a importância e preocupação das ocorrências e notificações de matrizes alimentares com contaminação apenas de aflatoxinas em produtos tipo exportação enviados a comunidade europeia. Isso apenas reforça que os sistemas de monitoramento e gestão são as melhores formas de controle de micotoxinas.
Figura 1: Notificações por países de origem de matrizes alimentares contaminadas por aflatoxinas, encaminhadas para a Comunidade Europeia (UE), que entraram no sistema Rapid Alert System for Food and Feed (RASFF) entre 2009 a 2019 (European Parliament and of the Council, 2002; Ráduly et al., 2020).
Fontes Alimentares Diversificadas e Importância da Conservação de Alimentos para Bovinocultura |
Para um rendimento satisfatório na criação de bovinos destinados a produção de carne e leite, implica na:
A suplementação alimentar em épocas de seca é necessária para manutenção dos níveis nutricionais exigidos para manutenção dos níveis de produção. Alimentos ensilados, principalmente silagens de milho e sorgo (as mais utilizadas no cenário brasileiro), vêm sendo aplicadas com essa finalidade.
Os ruminantes são reconhecidamente mais resistentes que os monogástricos no tocante às micotoxicoses. Porém o descontrole durante o processo de produção da silagem decorrente a uma alta micobiota contaminante do silo e potencial ocorrência de níveis de micotoxinas, pode ser um risco alto demais e certamente prejuízos irão advir.
A indústria mundial de alimentos, principalmente a de insumos destinados a animais, necessita reduzir os níveis de micotoxinas presentes em ingredientes ou alimentos terminados, bem como garantir alimentos com qualidade nutricional e custo reduzido.
A potencial ocorrência de micotoxinas causa perdas diretas e indiretas a bovinocultura, o impacto econômico global das micotoxinas na agropecuária é algo difícil de ser mensurado.
Estimava-se que cerca de 2% era a relação mais favorável dentro de estudos e avaliações com animais de aptidão na produção leiteira. Porém, estudos recentes colocaram em evidência que tal taxa está correlacionada com dois fatores: potencial produtivo do animal e estágio de lactação.
Importância do Controle das Micotoxinas nas ensilagens destinadas a bovinocultura Brasileira |
A bovinocultura brasileira é dos maiores rebanhos comerciais do mundo, dados do IBGE no último Censo Agropecuário. Os ganhos com a pecuária bovina, em países como o Brasil atingem aproximadamente R$ 5 bilhões de reais/ano (FAO, 2019). Dentre os efeitos patogênicos relevantes a serem destacados para bovinocultura, podemos utilizar este quadro (Quadro 1), adaptado de Alonso et al. (2013).
Reforçar esta microbiota desejável e favorável e principalmente inibir o desenvolvimento da microbiota deteriorante é o principal trabalho a ser realizado quando se pretende ter sucesso para produção de alimentos dentro da propriedade.
Entre esses fatores os mais destacados na bibliografia são: tipos de substratos,
temperatura e umidade.
São fatores que influenciam diretamente nos níveis de contaminação fúngica e produção de micotoxinas. Certamente controlar todos estes fatores é virtualmente impossível, porém o monitoramento será a melhor ferramenta para controlar não apenas a qualidade das forragens, como também mitigar o risco de micotoxicoses.
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Mesmo com a adoção destas práticas, não podemos desconsiderar completamente a possibilidade de produção de micotoxinas, entretanto medidas de controle integrado, garantem melhores resultados e quando associados a insumos teremos um resultado muito favorável ao final do processo, quando aplicado um manejo integrado (Figura 2, 3, 4 e 5)
A contaminação por micotoxinas na alimentação animal tornou-se uma preocupação que exige ações para gerenciamento da problemática. A exposição às micotoxinas representa grande risco à saúde humana e animal, principalmente se forem negligenciadas.
Programas de monitoramento, detecção e gestão adequados na produção animal são a base para lidar com os potenciais impactos negativos. Dessa forma, enfatizamos a importância da aplicação das práticas de manejo integradas e da utilização de programas de gestão e controle são as melhores estratégias para mitigação da problemática.
Micotoxinas e Micotoxicoses em Silagens e Insumos para alimentação de bovinos
Prof. Dr. Luiz Antonio Moura Keller
Médico Veterinário, Professor Adjunto de Toxicologia Veterinária na Universidade Federal Fluminense (UFF)
Desafios e perspectivas para aplicação de tecnologias inovadoras para descontaminação de micotoxinas em cereais |
Referências Bibliográficas
CAST. The Science Source Mycotoxins, Risks in Plant, Animal and Human Systems, Task Force Report 139, Council of Agricultural Science and Technology, Ames Iowa 2003, p. 10.
FAO/WHO Joint. Food Standards Programme Codex Alimentarius Commission. The codex committee on contaminants in foods (2020).
KELLER, L. A. M. et al. Fungal and mycotoxins contamination in corn silage: Monitoring risk before and after fermentation. Journal of Stored Products Research, v. 52, p. 42-47, 2013.
OLIVEIRA, L.G.C. et al. Evaluation of Aflatoxin M1 contamination and physicochemical adulteration in raw milk from Southeast Brazil. Animal Husbandry, Dairy and Veterinary Science, v. 3, p 1-4, 2020.
RÁDULY, Z. et al. Toxicological and medical aspects of Aspergillus-derived mycotoxins entering the feed and food chain. Frontiers in microbiology, v. 10, p. 2908, 2020.
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