Para a pesquisadora Maria Luiza Nicodemo, da Embrapa Pecuária Sudeste (São Carlos – SP), é necessário pensar em recuperação de serviços ambientais para a manutenção da estabilidade do planeta.
Outra vantagem é a econômica. Geralmente, a madeira dessas espécies tem mais qualidade, por isso o retorno financeiro é melhor.
A integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF ou agrossilvipastoril) e a integração Pecuária-Floresta (IPF ou silvipastoril) com componente arbóreo nativo são bastante tímidas no país. A Amazônia trabalha com nativas há muito tempo e de uma forma consistente. Já na região Sudeste utiliza-se principalmente o eucalipto em integração, assim como em outras regiões.
A pesquisadora ressalta que há muitas espécies com grande potencial, mas faltam informações.
Foram usadas árvores para diversas finalidades – madeireiras, melíferas e as chamadas tutoras (que auxiliam no crescimento retilíneo das madeireiras). As espécies plantadas foram mutambo, capixingui, angico-branco, canafístula, ipê-felpudo, jequitibá-branco e pau-jacaré.
Um resultado interessante nesse sistema foi em relação a parasitas. Ficou comprovado, por exemplo, que a infestação por moscas-dos-chifres na área de pastagem com nativas foi 38% menor quando comparada às pastagens convencionais, demonstrando que as alterações de microclima e microfauna afetam a dinâmica da população. A análise dos dados de contagens de carrapatos não mostrou diferenças significativas. Em relação aos vermes gastrintestinais e aos bernes, os testes nos dois sistemas mostraram médias de parasitismo semelhantes.
Segundo Maria Luiza, a diversificação das espécies é recomendável para o controle de pragas e doenças em áreas com nativas. O indicado é o produtor ter uma combinação de árvores de acordo com a finalidade do sistema. A integração com nativas, de uma forma geral, contribui para aumentar a biodiversidade agrícola com diversificação de produtos diretos (madeira, lenha, carne, leite) e benefícios indiretos como fertilidade do solo e maior produtividade do capim.
A pesquisadora enfatiza que não tem receita de bolo. O produtor precisa planejar e avaliar cada etapa do processo – desde a implantação até o mercado consumidor para os produtos.
Gisele Rosso, jornalista| Núcleo de Comunicação Organizacional
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