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Brasil depositará sementes nativas no Banco Mundial de Sementes

Pela primeira vez, a Embrapa irá depositar sementes de soja, frutíferas nativas e forrageiras no Banco Mundial de Sementes. As caixas já foram remetidas para a Europa pela Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (DF) e devem ser depositadas no banco genético localizado no Arquipélago Svalbard, na Noruega, em outubro/2022.

O anúncio foi feito pela cientista Dra. Rosa Lia Barbieri, da Embrapa Clima Temperado, durante palestra na segunda-feira (12/09), no primeiro painel do XXI Congresso Brasileiro de Sementes, sobre o Banco de germoplasma – Papel na manutenção da biodiversidade. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes e prossegue até quinta-feira (15/09), na Expo Unimed Curitiba (PR).

Os acessos são amostras de sementes representativas de diferentes populações de uma mesma espécie.

Este será o terceiro depósito de germoplasma dos bancos brasileiros para o cofre mundial de sementes, que guarda cópias de segurança de sementes de vários países, mantidas em uma temperatura constante de -18°C.

O primeiro ocorreu em 2012, quando foram enviados 264 acessos de milho e 541 de arroz. Em 2014, foram enviados mais 514 acessos de feijão. E, em 2020, a Embrapa enviou 3.438 materiais genéticos, sendo 3.037 acessos de arroz, 87 de milho, 119 de cebola, 132 de pimentas Capsicum e de 68 Cucurbitáceas (abóboras, morangas, melão, pepino, maxixe e melancia).

Do lote que será depositado no próximo mês, as frutíferas e forrageiras serão armazenadas como cópias de segurança. Já o germoplasma de soja fará parte do 100 Year Seed Longevity Experiment (Experimento sobre a longevidade de sementes em 100 anos), conduzido pelo Nordic Genetic Resource Center (NordGen), da Suécia. A Embrapa é a única instituição do continente americano participante desse experimento.

Durante um século, serão analisadas amostras de 13 culturas. As sementes são oriundas de instituições de pesquisa dedicadas à agropecuária na Alemanha, Brasil, Índia, Portugal e Tailândia. Do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Soja foram encaminhadas amostras de 17 variedades de soja. O experimento deve deixar um legado para as futuras gerações de pesquisadores.

O painel 1 contou também com a palestra da cientista Dra. Vania Azevedo, líder do Programa de Biodiversidade para o Futuro e Líder do Banco de Germoplasma do CIP (Centro Internacional de la Papa – International Potato Center) do CGIAR (Consultative Group on International Agricultural Research). Segundo ela, o Brasil está na oitava colocação na lista dos 20 países com maiores bancos de sementes do mundo e o CGIAR mantém salvaguardado cerca de 800 mil acessos, dos quais 88% são conservados na forma de sementes.

“A gente vem cumprindo muito bem a nossa responsabilidade de ajudar no desenvolvimento da agricultura de países de baixa renda. A maior parte do que distribuímos é de variedades tradicionais, mas também distribuímos bastante material de melhoramento para pesquisa. Os países que mais demandam material da CGIAR são Índia, Nigéria, México, Marrocos, Etiópia e Peru”, explica Vania.

Um estudo desenvolvido pelo CIP sobre duas variedades desenvolvidas e lançadas em Uganda apontou que uma delas tinha 72% do seu genoma oriundo de um acesso do banco de germoplasma, que gerou alto valor de produção para o país.

“O valor obtido com só uma variedade é mais do que o banco do CIP vai precisar para continuar existindo para os próximos 20 anos. Ou seja, um único estudo que fizemos já mostrou o tamanho do impacto que o banco de germoplasma pode causar na agricultura”, avalia a cientista.

Fonte: Adaptado de Sistema Ocepar

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