“Buscamos obter um método não destrutivo, livre de produtos químicos e de execução mais rápida, o método de imagem hiperespectral de infravermelho próximo (Near infrared hyperspectral imaging – HSI NIR), associado à análise de imagem multivariada. Esse método foi desenvolvido para permitir uma leitura rápida da amostra, além de uma precisão maior na distinção dos patógenos”, conta a pesquisadora Maria Lúcia Ferreira Simeone, da Embrapa Milho e Sorgo (MG).
Publicação científicaOs resultados foram publicados recentemente na revista Food Chemistry, no artigo Application of near-infrared hyperspectral (NIR) images combined with multivariate image analysis in the differentiation of two mycotoxicogenic Fusarium species associated with maize foi publicado na revista Food Chemistry (Aplicação de imagens hiperespectrais de infravermelho próximo (NIR) combinadas com análise de imagem multivariada na diferenciação de duas espécies de Fusarium micotoxicogênicas associadas ao milho). |
Etapas do processo de modelo de classificação por PLS-DA: a) Imagem RGB dos fungos F. verticillioides e F. graminearum utilizados no modelo de classificação das espécies; b) Imagem do Contour 2D do modelo PCA antes da remoção do background; c) Imagem do Contour 2D do modelo PCA após remoção do background e com os pré-tratamentos aplicados (dados centrados na média + SNV); d) e e) Imagem do modelo PLS-DA ilustrando os conjuntos de calibração e validação
Para obter esse método foi desenvolvida uma tese de doutorado na UFMG, em parceria com a Embrapa Algodão e a Embrapa Milho e Sorgo.
O trabalho foi apresentado ao Programa de Pós-graduação em Microbiologia do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, pela doutoranda Renata Regina Pereira da Conceição. A estudante foi orientada pela professora Maria Aparecida de Resende Stoianoff e co-orientada pelas pesquisadoras da Embrapa Milho e Sorgo Maria Lúcia Simeone e Valéria Aparecida Vieira Queiroz.
Um problema da cadeia do milhoO milho (Zea mays L.) é um dos alimentos mais presentes na dieta humana e animal e possui grande importância econômica e social. A elevada importância socioeconômica do milho pode ser evidenciada pela expansão da área de cultivo e seu uso extensivo em diversos produtos para rações e alimentos, produção de biocombustíveis e matéria-prima para diferentes indústrias. De acordo com a estimativa do décimo levantamento da safra 2020/2021, no ranking mundial de produção de milho, o Brasil ocupa o terceiro lugar, com 109 milhões de toneladas, precedido apenas pelos Estados Unidos e China, com produção de 360,3 e 260,7 milhões de toneladas, respectivamente. O Brasil é o quarto maior consumidor do cereal com 70 milhões de toneladas anuais. Pesquisa realizada por Nicole J. Mitchell e sua equipe, em 2016, avaliou que a contaminação por aflatoxina pode causar prejuízos à indústria de milho que variam de US$ 52,1 milhões a US$ 1,68 bilhão anualmente nos Estados Unidos. A estimativa foi publicada no trabalho Potential economic losses to the US corn industry from aflatoxin contamination (Potenciais perdas econômicas para a indústria de milho dos EUA devido à contaminação por aflatoxina). A pesquisadora da Embrapa Dagma Dionísia da Silva, coordenadora do projeto “Tecnologias para identificação, quantificação e mitigação de fungos toxigênicos e micotoxinas em grãos de milho” ressalta que “o milho é uma cultura altamente suscetível à infecção por fungos patogênicos”. “Essa infecção pode ocorrer tanto antes, quanto depois da colheita, comprometendo direta e indiretamente a qualidade dos grãos de milho e seus derivados, reduzindo sua qualidade sanitária e física, interferindo na sua classificação comercial e tornando os grãos impróprios para o consumo”, relata Silva. “A contaminação de milho e de seus produtos com agentes microbiológicos patogênicos pode causar graves consequências aos consumidores, sendo motivo de grande preocupação em nível mundial. Por isso, nos últimos anos, a busca por alternativas para garantir a segurança dos alimentos tem sido o foco de ações internacionais”, complementa a pesquisadora da Embrapa Valéria Queiroz. Fotos: Renata Silva (plantação de milho) e Dagma Silva (milho com sintomas de podridão fúngica) |
Por: Sandra Brito – Embrapa Milho e Sorgo