Mesmo sendo um mês em que é esperada maior comercialização frente a janeiro e fevereiro, o setor apresentou significativo crescimento do valor exportado ante mesmo mês do ano passado, com alta de 29,4%, totalizando US$ 14,5 bilhões. As importações do agronegócio fecharam o mês com US$ 1,4 bilhão, também com alta frente ao mesmo mês do ano anterior, de 5,9%.
Com isso, o primeiro trimestre do ano se encerra com a intensificação do fluxo comercial do agronegócio brasileiro, tanto nas exportações quanto nas importações, mesmo frente a novos desafios como a guerra entre a Rússia e a Ucrânia e o conjunto de sanções que afetou os fluxos internacionais de comércio.
Do lado das exportações, merece destaque o bom desempenho:
Já açúcar, café, algodão e milho registraram baixas, resultado das quebras observadas na safra 2020- 2021, fortemente afetadas por questões climáticas adversas e cuja produção ainda está sendo embarcada.
Do lado das importações, constata-se a manutenção do padrão de importação de fertilizantes, sem que o impacto negativo do conflito na Eurásia tenha afetado esses fluxos, exceto pelos efeitos sobre os preços, que vêm registrando valores recordes nas compras desses produtos.
As cotações internacionais mais elevadas dos fertilizantes têm sido compensadas pela forte elevação dos preços das commodities a cujas produções se destinam. Nesse mesmo contexto, a alta do preço do trigo tem gerado reversão do fluxo comercial desse produto, que é o principal item da pauta de importação brasileira, com quedas das quantidades importadas e aumento das exportadas.
Ainda assim, graças ao desempenho da balança do agronegócio, o resultado total da balança comercial, que considera os produtos de todos os setores, encerrou março com superávit de US$ 7,3 bilhões.
No entanto, dos bens importados, apenas os do agronegócio apresentaram queda no acumulado do ano (2,5%). Apesar da alta expressiva nas importações dos demais bens (29,8%), o saldo da balança comercial total, que é a soma de todos os setores da economia, apresentou superávit de US$ 11,8 bilhões no primeiro trimestre, 45,7% superior frente ao primeiro trimestre do ano anterior.
Na comparação com os anos anteriores, o valor das exportações do agronegócio fechou março em alta: 77,2% maior que 2019, 61,5% maior que 2020 e 29,4% maior que 2021.
Dois fatores explicam este desempenho. Em primeiro lugar, o fator preço. Dos quinze produtos acompanhados pela Dimac/Ipea, quatorze apresentaram aumento dos preços médios de venda, refletindo a alta do preço internacional das commodities. Já no que se refere à quantidade exportada, dos quinze produtos acompanhados pela Dimac/Ipea, oito apresentaram alta frente ao mesmo mês do ano anterior.
Em março, a alta foi de 44,5% e 147,9% em valor, e 28,7% e 66,9% em quantidade, respectivamente. A interrupção das exportações de óleo de girassol da Ucrânia acabou por afetar os mercados asiáticos e beneficiou o óleo de soja nacional. Apenas a Índia ampliou em 385% a quantidade de óleo importada do Brasil, sendo responsável por 76% das importações no mês de março.
Quanto ao grão, desde o primeiro prognóstico de safra, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em outubro de 2021, a instituição revisou a produção para baixo quatro vezes.
Com a safra na região Centro-Sul praticamente colhida, o Brasil deve finalizar a produção deste ano com 122,4 milhões de toneladas, 11,4% a menos que na safra anterior.
Apesar da queda, decorrente da estiagem no Sul do país, a quantidade estimada pela Conab ainda é suficiente para a manutenção do Brasil não só como maior produtor do grão, mas também como maior exportador este ano.
No grupo carnes, destaque para a bovina, que apresentou em março crescimento de 55,3% em valor e de 21,0% em quantidade frente ao mesmo mês do ano anterior.
O resultado de março reforça a expectativa do Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), que estima chegar até o final do ano com as exportações na casa dos US$ 10 bilhões.
Já a carne suína segue encontrando dificuldades em encontrar compradores no mercado externo para neutralizar as drásticas reduções das exportações para a China. Desde o final do ano o país asiático vem enfrentando excesso de oferta interna, o que derrubou os preços e fez com que o governo realizasse algumas rodadas de compras para estocagem, visando interromper a queda nas cotações.
Em março, as exportações brasileiras de carne suína para China recuaram 42% em volume ante igual mês do ano passado. A queda foi parcialmente compensada por outros destinos asiáticos, como Filipinas e Singapura, mas o peso do mercado chinês continua a pressionar para baixo os preços da carne suína exportada.
No campo das importações, o nível de absorção interna segue em ritmo mais lento, impactado pelo avanço dos preços das principais commodities. Das quinze commodities acompanhadas pela Dimac/Ipea, treze apresentaram aumentos no preço médio, em especial pescados, com importante peso nas importações, cujos preços avançaram em média 75,6%.