Composição do milho na nutrição de frangos de corte
Cerca de 70% do milho produzido no mundo é destinado a alimentação animal (EMBRAPA, 2006). O mesmo é o componente energético mais importante na alimentação de frangos de corte, sendo um dos ingredientes com maior inclusão nas dietas, contribuindo com cerca de 65% de energia metabolizável e 20% de proteína bruta (Cowieson, 2004).
Quanto à morfologia, o grão de milho se divide em:
- Endosperma, gérmen (embrião);
- Pericarpo (casca) e ponta, que se diferem em composição química e na organização dentro do grão.
- O milho é composto em base seca, em média, por 72% de amido, 9,5% de proteína, 9% de fibra e 4% de óleo (EMBRAPA, 2006), podendo estas proporções serem variáveis.
A região do endosperma, vítreo e farináceo, representa a fração de amido e algumas proteínas de armazenamento e corresponde a cerca de 80% do grão.
Tanto a digestibilidade do amido quanto da proteína, podem ser comprometidas pelo difícil acesso aos grânulos de amido. A diferença estrutural entre o endosperma farináceo e vítreo, caracterizado principalmente pelo perfil da matriz proteica pode ter um impacto no valor nutricional do grão (Tamagno et al., 2016), sendo que o teor de proteína é maior no endosperma vítreo (Gayral et al., 2015).
Amido
O amido é um polissacarídeo formado por unidades de glicose, das quais se organizam dentro do grânulo como estruturas denominadas de amilose e amilopectina (Weurding et al., 2003; Isaksen et al., 2011). No milho, a amilose representa aproximadamente 25% do amido, a mesma apresenta cadeia linear de glicose ligadas por ligações do tipo alfa-1-4.
- A amilopectina também possui a mesma composição da amilose, porém, seu diferencial são as estruturas com ramificações de ligações alfa-1-6, compondo 70 a 80% do amido restante.
Devido a características estruturais e de ligações, o acesso de enzimas a amilopectina é mais facilitado em comparação a amilose, tornando-a mais digestível (Svihus et al., 2005).
O AR por sua vez, pode ser dividido em outras categorias:
Digestibilidade do amido
O nível de digestibilidade do amido é controverso, alguns autores encontraram o valor de aproximadamente 85% (Garcia et al., 2003) e outros chegam a 95% (Soto-Salanova et al., 1996). Essa variação pode ocorrer devido a fatores como: variedade cultivar, condições de cultivo da planta e arranjo espacial dos polímeros de amido (Penz Jr., 1998). Contudo, essa diferença dos valores pode ser atribuída à metodologia utilizada.
A digestibilidade do grão de milho pode ser afetada pela relação amilose:amilopectina, devido ao tipo de processamento, a gelatinização e a retrogradação do amido (Bjorck et al.,1994).
Segundo Carré (2004), o milho possui baixa concentração de fatores antinutricionais, como fitato e polissacarídeos não amiláceos (PNAs), e a sua digestibilidade pode ser influenciada pelo tamanho da partícula após a moagem e pela variação estrutural do grânulo. Já Hauschild et al. (2006) mostra que a digestibilidade e absorção dos nutrientes é alterada por micotoxinas, prejudicando o desempenho animal. |
Estudos demonstram que animais de crescimento rápido são menos eficientes em digerir o amido, isso porque, a voracidade das aves faz com que a digestão e a absorção de nutrientes sejam influenciadas pela taxa de passagem ao longo do trato gastrointestinal (Duke, 1986; Rougière et al., 2009).
Dessa forma os fatores que interferem no aproveitamento do amido são a secreção de amilase e a quantidade de alimentos ingeridos.
Qualidade do milho
A qualidade do milho é importante na formulação para as dietas de frangos de corte pois, além de ser considerado o componente energético de maior destaque nas rações, sua baixa qualidade pode comprometer os índices zootécnicos dos animais.
- A cadeia produtiva, o processamento do grão e a sua origem podem influenciar na composição química do grão de milho e seu perfil nutritivo (Mazzuco et al., 2002).
Segundo estudos de Rodrigues et al. (2003), a digestibilidade dos nutrientes e os valores energéticos das rações variaram de acordo com a composição dos milhos utilizados na formulação em dietas para frangos de corte.
Leal (2012) avaliou as características químicas e físicas do milho com diferentes níveis de contaminação fúngica (fermentados/ardidos) e de grãos íntegros, além dos efeitos do uso destes grãos em dietas para frangos de corte.
A qualidade física do milho, assim como o seu grau de umidade, presença de micotoxinas, percentual de grãos quebrados, ardidos, podres, impurezas, entre outros, pode alterar a composição nutricional do milho e, consequentemente, afetar a qualidade das rações fornecidas aos frangos de corte causando uma diminuição no desempenho destes animais (Silva, et al., 2008).
O uso de milho de má qualidade pode influenciar no final do período produtivo das aves, gerando prejuízos. Stringhini et al. (2000) observou que milhos com diferentes infestações por insetos ou fungos aumentaram a incidência de problemas metabólicos nas aves, causando maior condenação das carcaças no frigorífico. |
Referências sob consulta.