Atualmente, a produção de aves e suínos tem encontrado dificuldade em estabilizar os custos de produção devido a constantes altas de preços em praticamente todos os ingredientes, incluindo o milho e o farelo de soja.
Quando pensamos em diversificar o uso de ingredientes para aves, é sempre importante estar atento a parâmetros como a disponibilidade comercial, os preços relativos aos ingredientes tradicionais, e principalmente, a qualidade da matéria-prima. Lembrando que, a alimentação constitui um dos fatores de maior relevância na exploração avícola, pois uma dieta adequada pode promover melhoria tanto na produtividade quanto no rendimento de carcaça (SOUZA et al., 2008).
Coprodutos agroindustriais
Por outro lado, devido a variabilidade de sua composição nutricional, seu uso em dietas de aves deve ser feito com cuidado, reduzindo possíveis quedas no desempenho zootécnico. É importante ressaltar, a importância de frequentes análises nutricionais e balanceamento das formulações, uma vez que, sua composição nutricional pode variar, sendo essa possibilidade maior para coprodutos do que para os alimentos convencionais. Trata-se de um coproduto de alto teor de fibra e a grande variabilidade no perfil de aminoácidos.
Vale ressaltar a importância do uso de dietas formuladas com base em proteína ideal e aminoácidos digestíveis a fim de fornecer todos os nutrientes exigidos para o desenvolvimento do animal. Além disso, para a utilização de ingredientes de origem animal é de fundamental importância um acompanhamento de sua qualidade com procedimentos que envolvam controle de processos oxidativos como rancidez, acidez e peróxidos e outras possíveis contaminações microbiológicas.
Muitas culturas estão sendo cada vez mais estudadas para serem utilizados na alimentação das aves em substituição ao milho e a soja, como o arroz, trigo, aveia, seus derivados, entre outros. Neste artigo vamos abordar as seguintes culturas: milheto, sorgo, triticale e trigo grão. |
Podemos considerar o milheto como um ingrediente passível de ser usado na alimentação animal como ingrediente energético.
Na forma de grãos e comparativamente ao sorgo e ao trigo, o seu conteúdo energético para aves é semelhante. Porém, quando comparado ao milho, apresenta-se com valor energético inferior. O seu conteúdo em proteína e sua composição em aminoácidos essenciais são superiores tanto ao milho quanto ao sorgo. (Butolo, 2010).
O sorgo possui características nutritivas semelhantes às do milho. Seu valor energético é ligeiramente inferior, porém possui níveis mais altos de proteína em relação ao milho. Entretanto, o milho contém níveis superiores de aminoácidos essenciais como a lisina e metionina.
Um ponto que deve ser levado em consideração na utilização do sorgo, é que ele possui baixo teor de xantofila e caroteno, que são responsáveis pela pigmentação na pele dos frangos e na gema do ovo, características importantes na preferência do consumidor, embora sem valor nutritivo. |
É importante ressaltar também que o sorgo pode conter elevado teor em taninos em alguns cultivares. A presença de taninos nos alimentos tem alguns efeitos detrimentais na saúde e no desenvolvimento animal, incluindo:
Dessa forma, é importante certificar-se quanto à presença ou não de tanino através de análise laboratorial.
O triticale é um cereal híbrido, resultado do cruzamento de duas espécies distintas, o trigo e o centeio.
Quando comprado ao milho e ao sorgo, podemos observar que o triticale possui teor proteico e de fibra bruta mais alto e um extrato etéreo mais baixo, sendo também seu balanço de aminoácidos mais favorável.
O uso do trigo grão inteiro ou moído é mais uma ferramenta na busca de diversificação para redução dos custos da ração, trata-se de um cereal de inverno bastante difundido na Europa.
Para as aves, o trigo possui um maior percentual de proteína quando comparado ao milho, porém apresenta cerca de 10% menos energia, podendo ser uma alternativa para substituí-lo na dieta de forma limitada principalmente devido sua alta concentração de fibra.
ANNISON e CHOCT (1991) citam que a presença de polissacarídeos não-amiláceos na parede celular de cereais como trigo, cevada, centeio e triticale influenciam negativamente o aproveitamento da energia, aumentando a retenção de água no intestino e, como consequência, a viscosidade do conteúdo intestinal. As aves não produzem quantidade suficientes das enzimas xilanases e os polímeros formados aumentam a viscosidade da digesta. Portanto, é preciso limitar a inclusão de trigo na dieta ou utilizar enzimas exógenas como as carboidrases. |
Já o triguilho é constituído de grãos de trigo de boa qualidade, porém de tamanho menor que o grão comum. Em relação ao milho, apresenta valores mais elevados de proteína bruta, cálcio, fósforo, fibra bruta e aminoácidos. A limitação para o uso de maiores níveis de triguilho em substituição ao milho se deve ao menor valor de energia metabolizável. (Embrapa, 2005)
Não podemos falar em redução de custos de produção sem lembrar que diversos trabalhos de pesquisas estão focados em aditivos como as enzimas e outros conceitos inovadores.
Os efeitos dietéticos das enzimas exógenas estão associados ao aumento da digestão de produtos de baixa qualidade e redução da perda de nutrientes nas fezes, sendo assim possível reduzir os níveis nutricionais da dieta com possíveis vantagens econômicas. Para tal, uma variedade de carboidrases, proteases e fitases são utilizadas para estes fins (McCleary, 2001).
Para finalizar, é importante relembrar que uma nutrição adequada pode promover melhoria no desempenho e produtividade das aves. A dieta representa também cerca de 80% do custo de produção. Dessa forma, torna-se necessário diversificar o uso de ingredientes nas dietas que supram as necessidades dos animais, que sejam produzidos em quantidades suficientes a demanda e que tenham melhores preço quando comparado ao milho e a soja.
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