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Desafios e soluções para a evolução da produção aquícola

Escrito por: Thiago Soligo - Gerente Técnico experiente com um histórico comprovado de trabalho na indústria de Aquicultura. Hábil em produção aquícola, nutrição de peixes, qualidade da água e desenvolvimento sustentável. Forte profissional de engenharia com mestrado, com foco em piscicultura pela Universidade Federal de Santa Catarina.
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Desafios e soluções para a evolução da produção aquícola

A indústria da aquicultura enfrentou em 2023 uma diminuição inesperada na tonelagem total de ração produzida globalmente, registrado pela primeira vez na história.

Esta mudança foi em parte influenciada por uma redução substancial na oferta de alimentos para peixes em países Asiáticos.

Apesar disso, a América Latina apresentou resiliência em um ano turbulento em meio a preços baixos em mercados internacionais e altas nos preços de matérias primas como a farinha e o óleo de peixes.

Mesmo confrontada com condições climáticas e sanitárias adversas, a forte procura da região por produtos aquícolas reforçou a necessidade da produção aquícola na região.

Fonte: Agri-Food Outlook 2024 Alltech / Kontali

Esta justaposição do declínio global e do crescimento regional ressalta a natureza dinâmica da Aquicultura e a complexa interação de produção, mercados e consumo.

À medida que nos aprofundamos nas complexidades da evolução da aquicultura, um aspecto que merece especial atenção é o impacto resultante de baixas taxas de sobrevivência na atividade, e o papel central dos custos de nutrição.

Perdas de produção por mortalidades relacionadas com doenças e má qualidade da água representam um desafio significativo para os produtores. Baixas taxas de sobrevivência impactam diretamente a sustentabilidade financeira dos produtores, resultam em desperdício de alimento e incremento da conversão alimentar.

Uma variedade de fatores pode ser o gatilho para ocorrência de mortalidade incluindo condições ambientais adversas, doenças e práticas de manejo inadequadas.

A composição e o preço dos alimentos impactam diretamente na performance, rentabilidade e sustentabilidade da produção aquícola.

Dessa maneira na estratégia de cultivo utilizada, com dietas especializadas para cada etapa e desafios, a escolha precisa das soluções de saúde preventivas ou remediadoras de patógenos que comumente ocorrem nos cultivos, faz a total diferença na rentabilidade da produção.

O refinamento das técnicas de produção com a otimização do crescimento e sobrevivência dos cultivos, e sobretudo a necessidade de atender aos anseios do consumidor por produtos com baixo impacto ambiental, atenção ao bem-estar animal e com uso restrito de antibióticos requer a utilização de estratégias de cultivo que incluem alimentos especializados e funcionais.

Em um contexto que visa a redução do custo de produção com o uso de dietas mais eficientes que resultam em melhor desempenho e taxas de sobrevivência, também devemos considerar o uso racional de antibióticos e medidas utilizadas para diminuir sua aplicação.

 

O uso indiscriminado de antibióticos na aquicultura tem sido associado ao desenvolvimento de resistência antimicrobiana em bactérias, o que pode representar uma séria ameaça à saúde animal e humana. Além disso, os resíduos de antibióticos podem contaminar o meio ambiente, afetando negativamente os ecossistemas aquáticos e contribuindo para o aumento da poluição ambiental.

Em linha com outros setores proteicos, os antibióticos têm sido tradicionalmente utilizados para tratar infecções bacterianas na produção aquícola. No entanto, a sua utilização excessiva leva à resistência antimicrobiana e, consequentemente, a indústria tem muitas iniciativas para reduzir a sua dependência, em favor de cuidados de saúde preventivos.

Por exemplo, além de cumprir os critérios do Aquaculture Stewardship Council (ASC), a Parceria Sustentável do Camarão (SSP) no Equador também espera que os seus membros não utilizem antibióticos.

Da mesma forma, a Noruega aumentou os seus volumes de produção de salmão, ao mesmo tempo que reduziu o seu consumo de antibióticos em 99%. A indústria chilena do salmão também conseguiu reduzir o uso de antibióticos em 50% desde 2017.

Em 2023, o salmão chileno informou utilizar 341,5g de antibióticos para cada tonelada de salmão do Atlântico produzida, uma redução de 26% frente um aumento de produção de 8.2% ano-a-ano (Sernapesca, Chile, 2023).

Aditivos para alimentação animal como cuidados preventivos de saúde

Com muitos patógenos oportunistas na aquicultura, o risco de doença nunca está longe. Além disso, práticas aquícolas modernas como altas densidades, manejos de transferência e exposição a condições ambientais desafiadoras, favorecem a rápida proliferação de patógenos.

Portanto, o manejo contínuo e proativo de combate aos patógenos é necessário durante todo o ciclo de produção aquícola.

Alimentos funcionais são uma parte importante em um programa robusto de gestão de saúde, mas não há bala de prata. Consequentemente, múltiplos componentes ativos com modos de ação complementares devem ser explorados. Eles incluem, mas não estão limitados a:

1 – Inibição direta do patógeno: muitos componentes ativos podem ter propriedades bacteriostáticas (impedindo a duplicação) ou bactericidas (morte direta).

2 – Exclusão competitiva: utilização de bactérias benéficas (probióticos) para competir com patógenos por recursos muito necessários, por exemplo, nutrientes, locais de adesão.

3 – Danos à membrana: Os patógenos gram-negativos têm uma camada mais externa de lipopolissacarídeo. Isso lhes dá maior proteção contra antimicrobianos e pode bombear substâncias indesejadas, como metabólitos e antibióticos. A quebra dessa membrana causa estresse ao patógeno, interrompendo a funcionalidade da membrana e reduzindo a virulência geral.

4 – Quorum quenching: o mecanismo de regulação da expressão gênica em bactérias (Gram-negativas ou Gram-positivas) é conhecido como sensor de quórum/densidade ou Quorum sensing (QS). O QS é um meio de comunicação bacteriana e está ligado à virulência de patógenos e formação biofilmes. O Quorum quenching (QQ) interrompe os canais de comunicação química das célulasbacterianas, interrompendo a habilidade de um comportamento sincronizado entre comunidades bacterianas, inibindo a produção, detecção ou degradação de auto-aindutores do Quorum sensing, impedindo assim a virulência e a formação de biofilmes bacterianos.

5 – Degradação de toxinas: as endotoxinas podem ser produzidas por diversos patógenos, que causam grandes danos ao animal.

Aditivos funcionais como ácidos orgânicos e óleos essenciais são ingredientes reconhecidos por elevar a performance dos animais em cultivo durante época de desafios, com a prevenção a brotes de enfermidades, que apoiam programas de redução do uso de antibióticos.

Tradicionalmente, ácidos orgânicos têm sido usados em altas inclusões na tentativa de reduzir o pH da ração e do trato gastrointestinal. Com eficácia questionável em esse sentido, altas inclusões também podem ser caras, ocupar espaço de formulação e danificar equipamentos.

Entretanto, acidificantes aprimorados de última geração são uma realidade no apoio aos peixes contra bactérias Gramnegativas, como demonstrado pelo produto Biotronic® TOP3 em desafios contra Aeromonas hydrophila e Francisella spp.

Segundo informações colhidas do uso de aditivos em produções comerciais de Tilápia no Brasil a solução melhora de forma consistente a sobrevivência frente aos desafios com patógenos Gram-negativos.

Fig 2: Resultados do uso de Biotronic® contra grupo controle e outros dois produtos comerciais a base de ácidos orgânicos, desafiados contra Aeromonas hydrophila

Igualmente, resultados expressivos frente a desafios com Francisella spp. foram conseguidos durante o inverno com peixes menores e mais sensíveis ao stress ambiental de temperatura.

Peixes em situação comercial de cultivos no Paraná, alimentados com Biotronic® TOP3 obtiveram maior peso médio final, com sobrevivências similares ao grupo controle com o uso de Antibiótico (OTC) (tabela 2).

Com base nesses resultados para Tilapia, Biotronic® é uma solução de ácido orgânico melhorada para controlar patógenos bacterianos e melhorar a sobrevivência de peixes e camarões.

A combinação única de múltiplos componentes ativos atua sinergicamente para atingir patógenos Gram-negativos, minimizando seu impacto, enquanto reduz a necessidade de intervenções tradicionais, como antibióticos. Na dsm-firmenich, desenvolvemos uma gama de soluções nutricionais para o manejo de patógenos.

Essas soluções gerenciam proativamente a abundância e proliferação de patógenos, reduzindo o risco de doenças e reduzindo a dependência de antibióticos e tratamentos químicos.

Referências bibliográficas sob consulta.

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