INTRODUÇÃO |
Os prebióticos são ingredientes alimentares não digeríveis que estimulam o crescimento e/ou atividade de um número limitado de bactérias no intestino dos animais, sendo seletivo para bactérias benéficas comensais do intestino e, ao mesmo tempo, inibindo a colonização do intestino por bactérias patogênicas, resultando na melhora da saúde do hospedeiro (5).
Estima-se que o trato gastrointestinal (TGI) do suíno possui mais de 1000 espécies de bactérias, que produzem mais de 2000 tipos de substâncias. Essas bactérias atuam diretamente no hospedeiro e na microbiota intestinal, provocando ou não desequilíbrio da flora intestinal. Além disso, a expressão de fatores de virulência por algumas bactérias pode resultar em doença (10). |
O GAMAXINE® é um aditivo prebiótico constituído por bactérias saprófitas inativadas e parede celular de levedura. Favorece o equilíbrio da microbiota intestinal, proporcionando uma melhor proteção contra desafios entéricos e, consequentemente, melhorando o desempenho dos animais.
Adição de aditivos prebióticos às dietas de leitões apresentaram melhor desempenho, diminuíram a incidência de diarréia e melhoraram a morfologia do intestino delgado (7,8,9).
MATERIAL E MÉTODOS |
O experimento foi realizado numa granja comercial de produção de leitões com 830 matrizes ativas, localizada no estado de Santa Catarina (SC), apresentando um excelente histórico rodutivo/reprodutivo, vigorando entre das 10 melhores granjas do estado no ranking da Agriness, porém apresenta certa incidência de diarreias neonatais e taxa de mortalidade de maternidade média em torno de 8,5%. O teste contou com 17 leitegadas oriundas de matrizes entre a primeira e sexta parição, distribuídas de forma aleatória entre os tratamentos.
No teste foram avaliados os seguintes critérios:
Peso médio ao nascimento, aos 14 dias de vida e ao desmame (individual e do lote com as respectivas médias) | |
Sendo os índices comparados entre os tratamentos. |
Para análise do ganho de peso na maternidade, foram utilizados os pesos ao nascimento e ao desmame. Como covariáveis, o peso dos leitões ao nascer e peso aos 14 dias, respectivamente.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância utilizando o programa de análise estatística – SISVAR. Por se tratar de dois tratamentos, com coeficiente de variação para as variáveis estudadas inferior a 20%, foi utilizado o teste t para comparação de médias pela análise de variância. |
RESULTADOS E DISCUSSÃO |
Número de leitões nascidos e pesos médios individuais e da leitegada ao nascimento |
Das fêmeas selecionadas para o teste, as médias foram 15,40 e 16,71 leitões nascidos vivos por matriz, nos tratamentos 1 e 2, respectivamente. O peso médio individual destes leitões foi de 1,30 e 1,31 kg para os tratamentos 1 e 2, resultando em leitegadas com peso médio de 20,21 kg e 21,57 kg ao nascimento.
Após os partos e o manejo de colostro, nas fêmeas utilizadas para o teste, o excesso de leitões foi removido das matrizes, permanecendo apenas o número de leitões correspondentes ao número de tetos viáveis nas mesmas. Desta forma, tivemos em média 13,14 e 13,50 leitões por matriz nos tratamentos 1 e 2, respectivamente. Para as variáveis peso ao nascimento e número de leitões nascidos, não houve diferença estatística.
Peso médio individual e das leitegadas aos 14 dias |
Para a variável peso aos 14 dias não houve diferença estatística significativa, porém foi observada uma tendência positiva (p=0,07) no incremento do peso dos leitões em T1, quando comparado a T2, como pode ser observado na Tabela 2.
Ao analisarmos o peso médio das leitegadas aos 14 dias de maternidade, também notamos uma tendência positiva no incremento do peso no tratamento 1 (Gamaxine®), tendo já aos 14 dias um incremento de 2,150kg por leitegada.
Levando em consideração a diferença de peso das leitegadas ao nascimento,
nestes mesmos 14 dias, as leitegadas do grupo T1 já demonstravam uma
diferença a maior de 3,510Kg no peso total da leitegada.
Ganho de Peso na Maternidade e Peso ao desmame |
Para a variável peso ao desmame, houve uma diferença estatística (p<0,05), sendo 7,61 kg para T1 e 7,04 kg para T2. | |
Com relação ao ganho de peso diário na maternidade, também foi melhor no grupo tratado com Gamaxine® em relação ao grupo controle, conforme pode ser visualizado na Tabela 3. |
Os leitões do T1 ganharam em média 23 gramas de peso a mais por dia na maternidade, ou seja, um GPD de 252g/dia comparado a um GPD de 229g/dia do grupo controle.
Pesos Totais por Fase |
Os pesos individuais dos leitões do tratamento 1 apresentaram-se melhores aos 14 dias e ao desmame. Desta forma, as leitegadas tratadas com Gamaxine®, por conseguinte, foram desmamadas mais pesadas.
Somando a diferença de peso médio ao nascimento, as leitegadas tratadas com Gamaxine® foram desmamadas com 6,30Kg a mais na média, que o grupo controle.
CONCLUSÃO |
O uso do aditivo prebiótico em leitões na maternidade (Gamaxine® ) resultou em melhor ganho de peso diário na maternidade (GPD), 23 gramas de peso a mais por leitão por dia, o que se converteu em maior peso aos 14 dias de vida e um maior peso ao desmame em relação aos animais do grupo controle, ou seja, 570 gramas a mais por leitão desmamado, totalizando neste experimento uma diferença de 6,3kg a mais por leitegada desmamada do grupo tratado. |
REFERÊNCIAS |
(1) Cooper, D. R., Patience, J. F., Zijlstra, R. T., & Rademacher, M. (2001). Effect of nutrient intake in lactation on sow performance: determining the threonine requirement of the high-producing lactating sow. Journal of Animal Science, 79(9), 2378-2387.
(2) C uevas, A.C.; Gonzales, E.A.; Huguenin, T.C. et al. El efecto del Bacillus toyoi sobre el comportamiento productivo en pollos de engorda. Veterinária México, v.31, n.4, p.301-308, 2000.
(3) Fedalto, L.M.; Tkacz, M.; Ader, L.P. Probióticos na alimentação de leitões do desmame ao 63 dias de idade. Archives of Veterinary Science, v.7, p.83-88, 2002.
(4) Junqueira, Otto Mack, Barbosa, Luis Carlos Garibaldi Simon, Pereira, Adriana Aparecida, Araújo, Lúcio Francelino, Garcia Neto, Manoel, & Pinto, Marcos Franke. (2009). Uso de aditivos em rações para suínos nas fases de creche, crescimento e terminação. Revista Brasileira de Zootecnia, 38(12), 2394-2400. https://dx.doi.org/10.1590/S1516-35982009001200015.
(5) Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa 13/2004. Disponível em http://www.agricultura.gov.br/assuntos/insumos-agropecuarios/insumospecuarios/alimentacao-animal/arquivos-alimentacao-animal/legislacao/instrucao-normativa-no-13-de-30-de-novembrode-
2004.pdf.
(6) Sanches, A.L.; Lima, J.A.; Fialho, E.T. et al. Utilização de probiótico, prebiótico e simbiótico em rações de leitões ao desmame. Ciências Agrotécnica, v.30, n.4, p.774-777, 2006.
(7) Liu, Y.; Espinosa, C.D.; Abelilla, J.J. et al. Non-antibiotic feed additives in diets for pigs: A review. Animal Nutrition, V. 4, n.2, p. 113-125. 2018. nutrinewsbrasil.com | Leia artigo online 12
(8) Ternus, M.E.; Piroca L. et al. Uso de Acidificantes na Fase de Creche como Alternativa aos Antimicrobianos Promotores de Crescimento na Suinocultura. Dados não publicados.
(9) TsiloyiannisY.; Kuang, Y.; Zhang, Y. et al. Rearing conditions affected responses of weaned pigs to organic acids showing a positive effect on digestibility, microflora and immunity. Anim Sci; 87: 1267 e 80. 2006(b).
(10) J.M. Fouhse, R.T. Zijlstra, B.P. Willing. The role of gut microbiota in the health and disease of pigs, Animal Frontiers, Volume 6, Issue 3, July 2016, Pages 30–36,2016.
Por Eduardo Miotto – Consultor Técnico Suínos da Vetanco