Avanços, implicações e limitações de dietas com baixo teor de proteína bruta na produção de suínos
Introdução |
Os programas de alimentação para suínos “de produção” são divididos nas fases de creche, crescimento e terminação (Rostagno et al., 2017). Nesse sentido, o fornecimento dietético total de proteína bruta (PB) deve ser suficiente para atender as exigências de aminoácidos essenciais para cada fase, bem como o nitrogênio (N) necessário para garantir a síntese de aminoácidos não essenciais (van Milgen e Dourmad, 2015).
Além disso, o aminoácido Ile também pode ser utilizado em dietas, dependendo do seu valor econômico e do programa de alimentação em questão.
Experimentalmente, níveis ainda menores de PB podem ser alcançados pela suplementação de aminoácidos como His, Leu e Phe.
De fato, a redução do nível de PB da dieta, mesmo com a manutenção das relações ideais de aminoácidos essenciais com a Lis, tem mostrado efeitos contraditórios no desempenho de suínos.
Benefícios e limitações do uso de dietas com baixo teor de PB
Com relação às perspectivas zootécnicas:
Considerando que nesses estudos todos os aminoácidos essenciais foram adequadamente fornecidos, há algumas explicações na literatura para os efeitos negativos no desempenho de suínos quando fornecidas dietas com baixo teor de PB.
Leitões alimentados com uma dieta com baixo teor de PB apresentaram uma redução na concentração sanguínea de aminoácidos não essenciais, em particular, Arg, Gln, Glu e Pro (Zhang et al., 2013).
Metanálise |
Devido à divergência na literatura e à importância e implicações para estratégias práticas de formulação na suinocultura, uma metanálise foi conduzida para estimar o nível mínimo de PB que não comprometesse o desempenho de crescimento dos suínos.
Além disso, a suplementação com aminoácidos industriais permite uma redução nas fontes proteicas, como o farelo de soja. Este contêm compostos biologicamente ativos, como as isoflavonas, as saponinas e os peptídeos bioativos, que também são importantes para manter o desempenho (Rochell et al., 2015).
- Avaliaram diferentes níveis de proteína bruta;
- Tiveram Lis digestível ileal estandardizada (DIE) e energia metabolizável (EM) semelhantes entre os tratamentos controle vs baixo teor de PB;
- Tiveram todos os aminoácidos essenciais da dieta atendendo ou excedendo a relação ideal com a Lis (NRC, 2012);
- Respostas de desempenho claramente relatadas.
As análises referentes ao estudo de metanálise foram realizadas pelo procedimento NLIMIXED do SAS (SAS. Inc., Cary, NC, EUA), usando um modelo estatístico não linear.
Fase de creche
De acordo com o NRC (2012) e as Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2017), uma dieta à base de milho e farelo de soja para suínos de 7 kg de peso corporal contém cerca de 20,5% de PB.
O nível mínimo de PB proposto para dietas de leitões em fase de creche está abaixo do nível apresentado no NRC (2012) e nas Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2017), indicando que níveis de PB inferiores do que os propostos nas Tabelas podem ser usados para formular dietas nesta fase.
Considerando a relação Lis DIE:PB, obteve-se que 6,6% é o ponto máximo acima do qual o GPD e eficiência alimentar estariam comprometidos.
Fase de crescimento
Em comparação com a fase de creche, as dietas da fase de crescimento são formuladas com um nível de proteína bruta mais baixo.
Com base no modelo estatístico da presente metanálise:
Para uma fase semelhante, o NRC (2012) e as Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2017) sugerem 15,7% e 18,9% de PB, respectivamente. O resultado encontrado no presente trabalho se encontra entre esses intervalos de PB.
Fase de terminação
A proteína é um nutriente caro e devido ao aumento do consumo de ração na fase de terminação, a eficiência do uso de nutrientes impacta diretamente nos custos do sistema de produção.
Esses níveis estão entre os níveis sugeridos no NRC (2012) para suínos na primeira (12,1% de PB) e segunda (10,5% de PB) fase de terminação, provavelmente porque consideramos ambas as fases juntas em nosso modelo.
Por outro lado, os níveis propostos estão abaixo das recomendações das Tabelas Brasileiras (Rostagno et al., 2017) para suínos na fase de terminação.
Considerando o GPD, é possível suplementar até 0,24% de L-lisina, que equivale à suplementação de 0,30% de L-lisina HCl ou 0,40% de L-lisina sulfato.
Conclusões |
Com base na metanálise, considerando o GPD e a eficiência alimentar, os níveis mínimos de proteína bruta foram estimados em:
- 18,4% e 18,3% para suínos em fase de creche;
- 16,1% e 16,3% para crescimento e,
- 11,6% e 11,4% para terminação, respectivamente.
Este report tem como base o artigo “Rocha, G. C., Duarte, M. E., & Kim, S. W. (2022). Advances, Implications, and Limitations of Low-Crude- Protein Diets in Pig Production. Animals, 12(24), 3478.”