INTRODUÇÃO
As Salmonelas constituem um dos grupos patógenos zoonóticos mais importantes resultando em milhões de doenças transmitidas pelo alimento a cada ano nos Estados Unidos e no mundo.
Muitos casos de salmonelose humana são associados com o consumo de produtos avícolas contaminados. A Salmonella Enteritidis e S. Typhimurium são os dois sorovares de salmonelas mais frequentemente apontados como causa de doenças em humanos. Em 2009, S. heidelberg foi o 3º sorovar mais comum isolado de amostras de frangos coletados de lojas de varejo e o 5º sorovar mais comumente de salmonelas isolado de humanos.
Dois mil (2.000) pintos de corte machos Ross x Ross linhagem 708 foram obtidos no dia da eclosão.
Não foram utilizados antibióticos durante este estudo, as aves foram monitoradas diariamente quanto à morbidade e mortalidade e aves doentes ou mortas foram removidas do estudo.
Após a chegada no local de pesquisa, as aves foram aleatoriamente alocadas em 40 boxes, medindo 50 pés-quadrados (aprox. 4,6 metros quadrados) em um aviário convencional modificado com laterais sólidas e piso de terra contendo maravalha de pinho fresco.
Os cinco tratamentos utilizaram a mesma dieta basal, que representou o Tratamento 1 (T1). Nos demais tratamentos, foram utilizadas diferentes doses de inclusão do produto comercial Safmannan® (YF), fração premium de levedura da Phileo, respectivamente 125 ppm (T2), 250 ppm (T3), 500 ppm (T4) e (T5) sendo uma cultura de levedura comercial disponível (YC) na dosagem de 1.250 ppm.
O Safmannan é derivado de uma única cepa registrada de Saccharomyces cerevisiae com um teor de mananoligossacarídeos mínimo garantido de 20% e conteúdo de ß-glucanos de 20%. A dieta basal foi formulada usando ingredientes locais calculados para atender os padrões de NRC. As dietas foram fornecidas à vontade e formuladas para atender as três diferentes fases de desenvolvimento das aves, ou seja inicial (0-21 dias de idade), crescimento (22-35 dias de idade) e final (36-42 dias de idade).
A contaminação ambiental por S. heidelberg e possível transmissão horizontal da bactéria aos companheiros de box não inoculados foi determinada no dia 14º e 42º dia de idade usando swab coletados de todos os boxes.
Três colônias pretas (H2S-positivo) foram selecionadas de cada placa e testadas para aglutinação usando o antissoro específico para Salmonella polivalente (-O) para confirmar as colônias positivas para Salmonela.
Para determinar a transmissão de S. heidelberg entre os animais das mesmas gaiolas, 10 aves não desafiadas de cada box foram eutanasiadas e os cecos foram removidos assepticamente para amostragem.
Após a chegada do material ao laboratório, foi adicionado aproximadamente 100 mL de caldo tetrationato nas amostras de swab, enquanto que os cecos foram pesados e digeridos em 50 mL de caldo tetrationato. Uma alíquota de 1 mL foi removida de cada amostra para análise MPN.
As aves desafiadas conseguiram disseminar a bactéria e contaminar o ambiente visto que todas as gaiolas testadas para o crescimento de S. heidelberg foram positivas (100%) no 14º e 42º dia, sem diferença entre os grupos de tratamento.
Não foram observadas diferenças significativas na prevalência de aves infectadas por S. heidelberg entre os grupos de tratamento no desafio direto S. Heidelberg ou desafio indireto.
O efeito do mesmo tratamento na redução da prevalência nas aves em contato foi ainda maior (32,5% vs. 57,5%, p=0,09)
Figura 1: Diagramas de caixa para MPN de Salmonella para amostras de cultura positiva por tratamento.
Tabela 1: Prevalência de Salmonella (%) em amostras de cecos coletados no dia 42
*Os valores fornecidos são aves positivas para Salmonella em relação ao número total de aves em cada grupo ou o respectivo percentual em parênteses. Dez aves no desafio indireto e 5 aves no desafio direto foram amostradas em cada uma das 8 gaiolas por grupo de tratamento. Os percentuais marginais com sobrescrito em comum não diferem com um nível de significância de 5% em relação a todas as comparações.
No grupo das aves em contato, o tratamento com 500 ppm YF apresentou uma redução de 0,9 Log de MPN S. heidelberg em comparação com o grupo controle (p=0,04), como observado no diagrama em caixas (vide a figura).
→Portanto, a ligação poderia ser um dos possíveis mecanismos para a redução de Salmonella spp. no intestino destas aves.
→Por outro lado, uma cultura de levedura é uma mistura de leveduras e o meio no qual é cultivado e, como um resultado, pode não ter um nível significativo de mananoligossacarídeo para ligar-se aos patógenos.
Considerando todos esses dados, podemos sugerir que a ligação de salmonelas ao mananoligossacarídeo do Safmannan é uma parte importante do mecanismo pelo qual a parede celular de levedura resulta na redução de S. heidelberg no intestino das aves desafiadas.
1. A dose de 500 ppm de Safmannan na dieta foi capaz de reduzir a prevalência de aves positivas para S. heidelberg.
2. A presença da Safmannan na dieta reduziu a carga de S. heidelberg nos cecos das aves com containação indireta (grupo contato p<0,04)
3. O uso de Safmannan na dieta de frangos de corte pode ser uma solução para reduzir a taxa de infeção por transmissão horizontal na carga cecal de S. heidelberg em aves, levando à menor contaminação da carne aviária na unidade de processamento.
CITAÇÃO
T G Kiros, T Gaydos, J Corley, R Raspoet, R Berghaus, C Hofacre, Effect of Saccharomyces cerevisiae yeast products in reducing direct colonization and horizontal transmission of Salmonella Heidelberg in broilers, The Journal of Applied Poultry Research, Volume 28, Issue 1, March 2019, Pages 23–30, https://doi. org/10.3382/japr/pfy012
Gabriel A. Posadas, Paul R. Broadway, Justin A. Thornton, Jeffery A. Carroll, Amanda Lawrence, Jimmie R. Corley, Amber Thompson, Janet R. Donaldson, Yeast Pro- and Paraprobiotics Have the Capability to Bind Pathogenic Bacteria Associated with Animal Disease, Translational Animal Science, Volume 1, Issue 1, February 2017, Pages 60–68, https://doi.org/10.2527/tas2016.0007 Fernandez, F., M. Hinton, and B. Van Gils. 2000. Evaluation of the effect of mannan-oligosaccharides on the competitive exclusion of Salmonella Enteritidis colonization in broiler chicks. Avian Pathol 29:575-581