INTRODUÇÃO
No último ano acentuou-se o problema da disponibilidade de matérias-primas. O seu elevado custo e a incerteza de seu fornecimento fez com que para muitos profissionais do setor a qualidade se tornasse um aspecto secundário.
O termo “Eficiência Nutricional” não é apenas um instrumento de diferenciação e sustentabilidade, mas também um aspecto indispensável para rentabilizar as produções.
Para otimizar a eficiência das matérias-primas utilizadas na formulação, é necessário um enfoque global, baseado em três estratégias:
A utilização de gorduras e óleos nas dietas pode ter um impacto muito importante na eficiência nutricional. Sendo aqueles ingredientes que maior energia podem trazer, tendo a sua inclusão limitada por diferentes aspectos, mas o seu impacto positivo ou negativo na qualidade e palatabilidade do alimento é dos mais importantes.
TIPOS DE GORDURAS E ÓLEOS
Dentro dos tipos de gordura, segundo a classificação FEDNA, podemos encontrar:
Os parâmetros principais para avaliar a utilização de uma fonte de óleo ou gordura na dieta são:
- Qualidade físico-química: umidade, acidez, peróxidos e estabilidade
- Qualidade nutricional: perfil de ácidos graxos e ácidos graxos essenciais
- Espécie de destino e idade
- Preço
A energia bruta é a energia liberada durante a oxidação da gordura. Esta é maior quando em forma de triglicerídeos, e o perfil dos ácidos graxos é mais elevado em ácidos graxos polinsaturados e/ou de cadeia curta; e será inferior na presença de ácidos graxos livres, ácidos graxos saturados e de maior comprimento de cadeia.
QUALIDADE DA GORDURA
Os principais critérios que ajudarão a determinar a qualidade de uma gordura são:
Recepção: aspecto físico (cor, cheiro, fluidez); odor rançoso
Químico: umidade, acidez oleica, índice de peróxidos, impurezas Microbiológico: ausência de E. Coli e Salmonella Nutricional: perfil de ácidos graxos ou níveis de nutrientes específicos (proporção insaturados/saturados, palmítico, oleico, linoleico, linolénico, EPA, DHA…) |
NÍVEIS DE ÓLEOS E GORDURAS
O teor de gordura no alimento é determinado pela inclusão e fornecimento de matérias-primas não gordas (cereais e fontes proteicas processadas), e o uso direto de óleos e gorduras.
Do ponto de vista tecnológico, a inclusão de óleos e gorduras será marcada por níveis mínimos e máximos em função do tipo de processamento (farinha, peletizado, extrusado) para reduzir a perda de finos, melhorar o desempenho da peletizadora ou preservar a durabilidade do pelete ou melhorar a palatabilidade. E também da possibilidade de inclusão de líquidos em misturadora.
DIGESTÃO DA GORDURA
O processo de digestão do óleo e da gordura dietética será influenciado por:
- Espécie animal (o rúmen modifica o perfil da gordura)
- Idade (secreção de lipases varia com a idade)
- Nível de inclusão (maior inclusão, menor digestibilidade)
- Qualidade da gordura (pode afetar outros nutrientes)
A digestão dos lipídios dietéticos começa, no caso dos mamíferos, pela ação enzimática (lipase) salivar e gástrica, onde os ácidos graxos de cadeia curta e média dos triglicerídeos são liberados, principalmente.
No estômago, graças aos movimentos peristálticos, ocorre a liberação mecânica dos lipídios contidos nas matérias-primas, produzindo-se uma primeira emulsão grosseira destes.
Quando o quimo chega às primeiras porções do intestino, ativam-se as secreções biliares e pancreáticas; isto dará lugar à primeira emulsão biliar que estará formada principalmente por triglicerídeos, fosfolipídios e sucos biliares que se agrupam em micelas de grandes dimensões entre 1-0,5 μ.
O processo de absorção de gordura pode ocorrer de duas formas:
FATORES ENDÓGENOS NA DIGESTÃO DE GORDURAS
Fígado
A presença de gordura no duodeno estimula a produção da bile no fígado e sua excreção através da vesícula biliar.
Emulsificação
Para melhorar a emulsificação de lipídios no intestino, é importante favorecer a presença de agentes emulsionantes endógenos provenientes do fígado (sucos biliares) ou produzidos durante o processo digestivo (monoglicerídeos) e fornecer ingredientes de origem natural (fosfolipídios e lisofosfolipídios) ou de síntese (ricinoleatos e estearatos).
Absorção
As micelas difundem à superfície dos enterócitos os lipídios transportados e atravessam a membrana celular. Os fosfolipídios e o colesterol são responsáveis pelo transporte dos lipídios para o enterócito. Além disso, os lisofosfolipídios são incorporados na membrana celular, aumentando a sua capacidade de absorção.
SAÚDE HEPÁTICA
Cuidar da saúde hepática de forma contínua terá um benefício na digestão e utilização da energia da dieta e na saúde dos animais de alta produção. A formulação de dietas deve ter em conta os ingredientes disponíveis, a qualidade dos mesmos e o valor nutritivo, a fim de não comprometer a saúde hepática ao longo de todo o ciclo produtivo.
Medidas que ajudam a melhorar a saúde hepática:
- Dieta equilibrada,
- Diminuir as fontes de carboidratos da dieta e aumentar as fontes de gordura para reduzir a lipogênese no fígado.
- Reduzir ou eliminar os contaminantes do alimento, como as micotoxinas, em especial as aflatoxinas.
- Reforçar os nutrientes lipotrópicos como colina, betaína, carnitina ou vitaminas do grupo B.
- Promover a regeneração hepática e a atividade colerética e colagoga com o emprego de polifenóis e antioxidantes naturais como a cinarina e silimarina.
No Gráfico 1, observa-se que a utilização conjunta de emulsionantes e protetores hepáticos teve um efeito compensatório sobre a redução da energia (gordura), frente ao emprego único de emulsionantes no ganho de peso de suínos em crescimento.
Gráfico 1
Ganho médio diário de suínos em crescimento entre 38 e 77 kg de peso vivo, g
No Gráfico 2, observa-se como em frangos de corte o uso conjunto de emulsionantes e protetores hepáticos não afetou o rendimento produtivo (peso vivo final e índice de conversão (IC)) quando se reduz a inclusão de óleo de soja em 1%.
Gráfico 2
Efeito do uso de emulsionante+protetor hepático e a redução do nível de óleo de soja sobre o peso (kg) e conversão alimentar em frangos de corte (0-43 dias)
CONCLUSÕES
As medidas destinadas a melhorar a digestibilidade dos óleos e gorduras nos alimentos, em conjugação com a proteção do metabolismo hepático e da saúde intestinal, são fundamentais para a máxima eficiência energética da dieta. |
Por Daniel Diaz, Area Manager LATAM Liptosa