Eletrolítico: ferramenta essencial no combate a diarreias
A criação de bezerras é uma fase de grande importância na atividade leiteira, pois o sucesso ou insucesso impactará diretamente na disponibilidade de animais de reposição. Também é uma fase de grandes desafios, e dentre eles a sanidade tem grande relevância, com grande impacto em desempenho e mortalidade.
Com a mortalidade, além da perda econômica direta do que já foi investido na bezerra, há uma perda econômica indireta, de impacto financeiro muito maior em razão de, no futuro, não haver uma novilha disponível para comercialização, ou uma vaca em lactação para ocupar uma estrutura ociosa.
Ao adentrarmos na questão sanitária das bezerras em aleitamento e analisarmos as causas de morbidade e mortalidade, encontramos como grande vilã a diarreia. Esse rótulo a ela é dado pois é a doença de maior incidência, correspondendo a aproximadamente 40% das doenças que ocorrem nessa fase, representando mais de 30% das mortes (Urie et al., 2018). |
As diarreias são causadas principalmente por patógenos, havendo uma grande variedade de espécies de vírus, bactérias e protozoários. Uma característica muito importante é que, independentemente da causa e do mecanismo de ação, há dois fatos muito importantes:
Impactos da diarreia
Os impactos diretos da diarreia no organismo da bezerra são vários, podendo ser destacados:
A disfunção da absorção compromete o aproveitamento de alimentos e, consequentemente, a bezerra não estará bem nutrida, o que resulta em menor desempenho, além de favorecer o estresse oxidativo, comprometendo o sistema imune e aumentando a mortalidade.
Eletrolítico
Os eletrolíticos surgem justamente como recurso para corrigir os desequilíbrios causados pela diarreia. Isso se dá, pois:
Em função disso, o seu uso é amplamente recomendado.
Apesar da recomendação de utilização ser quase unânime, a grande questão é o que avaliar na composição de um eletrolítico. Vários fatores são considerados, como:
Independentemente do que está sendo avaliado, o ditado “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose” (ou seja, na concentração) é extremamente válido, pois em eletrolítico não existe “quanto mais melhor”, mas sim “o ponto chave é o equilíbrio”.
Variáveis de composição
Como exemplos das variáveis de composição correlacionadas ao equilíbrio, temos:
– Concentração de Na+ baixa não atende ao déficit. Por outro lado, se fornecida em quantidade excessiva, grande volume de água pode ser atraído para o lúmen intestinal, agravando um quadro de diarreia; |
– Baixa concentração de energia não supre o déficit energético. Porém, se a concentração for muito alta, a osmolaridade ultrapassa o limite superior, aumentando o risco de empanzinamento, além de impossibilitar o fornecimento junto ao leite. O fornecimento de alta quantidade de Cl- irá reduzir o SID, comprometendo o controle da acidose metabólica. |
As matérias primas utilizadas também são de grande importância. Além possuir alta qualidade, para não comprometer o equilíbrio devem apresentar constância na composição. Quando possibilitam o fornecimento junto ao leite ou sucedâneo, não restringindo apenas à água, tornam o uso mais amplo. Além disso, ocorre interação entre os componentes com impacto na absorção.
Estudos: uso de eletrolíticos em bezerras com diarreia
Wenge-Dangschat et al. (2020) avaliaram o uso de eletrolíticos em bezerras com diarreia. Foi avaliado o fornecimento:
- De apenas leite;
- Leite com eletrolítico preparado em água, ou
- Eletrolítico preparado em leite.
Quando fornecido junto ao leite também foi efetivo em corrigir a acidemia através da elevação do pH sanguíneo. |
Doré et al. (2019) comparam o uso de eletrolítico oral e fluidoterapia intravenosa e subcutânea. O eletrolítico apresentou maior eficiência na correção da acidose metabólica e no aumento da concentração de glicose no sangue.
Os resultados encontrados reforçam os benefícios do uso de eletrolíticos.
Eletrolítico em leite
Mesmo sendo claro o nível de impacto negativo da diarreia na saúde das bezerras e o quanto o eletrolítico tem papel fundamental na recuperação dos animais, muitas vezes o eletrolítico não é utilizado por dificuldades de adequação ao manejo e à mão de obra da fazenda.
Isso ocorre, principalmente, quando o eletrolítico requer exclusivamente a diluição em água, o que obriga a oferta do produto entre duas e seis horas após o fornecimento do leite.
Apesar de diluição em água proporcionar maior hidratação, a utilização de um eletrolítico que também possa ser fornecido junto ao leite, ou sucedâneo, tem como vantagem a maior aplicabilidade e flexibilidade de uso, garantindo:
Além do papel preventivo, o uso de um eletrolítico que seja flexível para atender às particularidades de manejo de cada fazenda, possibilita seu emprego em ampla escala. |
Também permite que seja equilibrado e produzido com adequados ingredientes. E, quando associado à detecção e ação precoce nos quadros de diarreia, certamente refletirá em superação dos desafios com maior sucesso.
Como resultado, obteremos bezerras com maior desempenho, menor taxa de mortalidade, contribuindo para o sucesso econômico da fazenda.
Referências sob consulta.