Os cultivos de inverno no Rio Grande do Sul representam apenas 17% da área com cultivos no verão. As oportunidades para alavancar os cultivos de inverno foram discutidas na reunião promovida pela Federação da Agricultura do RS (Farsul), realizada no dia 10/03.
“Estamos perdendo potencial econômico no Rio Grande do Sul”, sentencia Antônio da Luz, economista da Farsul. Segundo ele, em grãos, o estado faz uma safra de verão e uma minúscula safra de inverno. Na produção animal, o RS diminui o rebanho bovino em -0,5% ao ano, com um tímido crescimento no rebanho suíno de +1,4%/ano e de aves com +2,36%/ano.
“É preciso investir no tripé produção de grãos – produção animal – produção industrial. Não é apenas ter mais grãos ou mais carne. Estamos falando de
Este cenário embasou a elaboração do projeto “Duas Safras”, que conta com a parceria Farsul, Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e Embrapa. Conforme Gedeão Pereira, presidente da Farsul, o objetivo geral do projeto é “ajudar no crescimento e desenvolvimento econômico do Rio Grande do Sul, a partir da produção agrícola em duas safras e a sincronização entre produção agrícola e pecuária, de modo que o RS volte a crescer, no mínimo, às taxas médias do país em produção de proteína animal”. Saiba mais sobre o projeto aqui.
Potencializando a renda no inverno
Além de apresentar o portfólio com as diversas opções para cultivo no inverno, tendo por objetivo os mais variados usos no mercado, Faé destacou o trabalho da pesquisa visando reduzir custos na produção de trigo através do manejo eficiente com genética de qualidade.
O experimento, realizado na safra de inverno 2020 em 20 áreas expositivas do Rio Grande do Sul, demonstrou que é possível diminuir a quantidade de sementes por hectare sem perder potencial produtivo de grãos. Na avaliação dos resultados, verificou-se que não houve diferença em produtividade de grãos nas densidades de 200, 300 e 400 plantas por metro quadrado. Ainda, a população final média de plantas de 250 plantas por metro linear pode permitir economizar R$140,00/ha em sementes.
Para validar a tese de que é possível diminuir o número de aplicações de fungicida sem perder potencial produtivo de grãos, foi conduzido um ensaio na Embrapa Trigo em Passo Fundo, RS, visando avaliar a resposta genética ao manejo fitossanitário em trigo. Esse estudo foi realizado em parcelas subdivididas com três repetições e três tratamentos: sem fungicida, uma aplicação de fungicida no espigamento e quatro aplicações calendarizadas de fungicida. Foram utilizadas oito cultivares de trigo de diferentes obtentores. Cultivares com resistência genética a doenças permitiram redução de até R$ 275,00/ha com fungicidas na safra 2020.
Na conclusão do trabalho, foi possível demonstrar que é possível reduzir o custo de produção em aproximadamente R$ 400,00 por hectare sem perder potencial produtivo de grãos.
Seguindo o tema proposto para o encontro “Alternativas de desenvolvimento do RS através do agro”, as unidades da Embrapa no Rio Grande do Sul (Pecuária Sul e Clima Temperado) e em Santa Catarina (Suínos e Aves) também apresentaram projetos e estruturas de pesquisa que poderão servir de apoio para gerar resultados na parceria com a Farsul e ABPA. A próxima reunião para definir as ações do projeto Duas Safras ficou agendada para o dia 24/03.