É o caso de Eduardo Nalin, de Rio Claro, sócio de uma empresa do setor cárneo, e que começou com seis funcionários. Após a obtenção do Selo, o número de funcionários passou para 35 e o empresário projeta chegar a 50 a partir da expansão da fábrica. “Nossa ideia é dobrar a produção, já que agora não estamos mais restritos ao mercado da cidade. Estamos vendendo para restaurantes de São Paulo e Campos do Jordão”, conta.
Carlos Benedito Bastos, dono de um laticínio em Itapetininga, também constatou o aquecimento da produção mesmo com a pandemia de coronavírus, quando ingressou no Sisbi. A produção de queijos começou na década de 1990 de forma artesanal. “Quando surgiu a ideia do Sisbi foi uma maravilha. Fomos os primeiros de Itapetininga. A gente já estava com uma estrutura boa, veterinário responsável, tratamento de esgoto. Desde que conseguimos o Sisbi, há um ano, estamos triplicando a produção”, afirma.
O empresário planeja expandir as vendas para prefeituras e escolas. O número de funcionários vem aumentando consideravelmente, especialmente na área de entregas e distribuição, assim como a estrutura física e os equipamentos.
P
Algumas equipes são maiores, outras mais enxutas, mas todas relatam as vantagens que o Sisbi-POA trouxe para os municípios. Vamos conhecer as diferentes histórias?
Itu
Margareth Venturinelli, diretora de Planejamento em Saúde da Prefeitura da Estância Turística de Itu, disse que a obtenção do Sisbi foi uma conquista importante. “Como todo processo de qualificação, tivemos que estudar muito a legislação, adequar os processos já existentes e reestruturar o ambiente. Demandou muito trabalho em equipe e suor, mas valeu a pena”, conta.
Atualmente, a cidade tem cinco empresas com o Sisbi, sendo quatro laticínios e uma produtora de ovos. Três empresas já conseguiram o selo SIM e estão em processo de adequação para a solicitação de equivalência.
Margareth disse ainda que a prefeitura de Itu tem sido procurada por empresas novas que querem se estabelecer no município por conta da adesão ao Sisbi-POA. “Já temos duas grandes empresas com análise prévia aprovada e outras cinco com solicitações de documentação necessária para a obtenção do Sisbi.”
Ibiúna
Em Ibiúna, o diretor do Serviço de Inspeção, Valdomiro Ghidolin, conta que a adesão teve início quando uma empresa do setor cárneo desejava expandir as vendas de jerked beef, um produto assemelhado ao charque e classificado como carne bovina salgada, curada e dessecada. “O mercado para esse produto é forte no Nordeste e com o SIM a empresa não podia vender para fora do município”. O selo foi disponibilizado à empresa em outubro de 2015, a única com a certificação.
Localizada no cinturão verde perto da capital paulista, Ibiúna tem atraído a atenção de outros municípios, que procuram conhecer a experiência da cidade para saber como foi o processo de equivalência. Entre eles, Pilar do Sul, Votorantim, Santana do Parnaíba e Suzano, além de um consórcio do Vale do Paraíba.
Luciane Nakaoka ressalta que a maioria dos municípios não está estruturada para atender às exigências e alguns acabam desistindo. “Um dos entraves é que não basta fiscalizar, tem que mostrar para o Mapa que estamos fazendo uma fiscalização eficiente”.
Ibiúna precisou adaptar a legislação municipal, incluindo as análises laboratoriais entre as exigências que não estavam previstas anteriormente.
Itapetininga
A iniciativa de aderir ao Sisbi em Itapetininga partiu da Secretaria de Agricultura, de acordo com a veterinária Ana Laura Pires Rolim, responsável pelo Serviço de Inspeção Municipal. “A ideia era ajudar as empresas que já estavam no SIM a crescerem e a trazer novas indústrias para a cidade”.
O processo começou em 2017, quando uma das maiores dificuldades era o acesso às informações no Ministério da Agricultura. “Vejo como mudou porque hoje a gente tem um acesso tão grande ao Mapa”, afirma. Ana Laura lembra que visitou Rio Claro para conhecer a experiência do município.
Segundo ela, ter veterinário no quadro efetivo de servidores é um dos primeiros passos. Outro ponto importante é a equivalência da legislação municipal com a federal. O município fez o passo a passo da mudança de legislação sob orientação da Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo (SFA-SP) e conseguiu a equivalência em 2020.
Rio Claro
Em 2012, a primeira empresa foi registrada no SIM e, três anos depois, em 2015, começaram os trâmites para aderir ao Sisbi. “A equivalência saiu em janeiro de 2017”, afirma a veterinária Lilian Alves, chefe do núcleo de inspeção municipal.
Lilian Alves relata que as empresas estão mais seguras. Pequenos e médios empresários já sabem o que é o Sisbi, confiam na responsabilidade do serviço de inspeção e procuram os municípios que disponibilizam o selo. Rio Claro faz inspeção de empresas de leite, carne, ovos e pescado. A equipe acompanha as auditorias de manutenção e procura se adequar às exigências. A última ocorreu em outubro de 2020.
Joanópolis
Neste município, o esforço para adesão ao Sisbi partiu de médicos veterinários que atuavam na inspeção municipal. “Era um sonho porque até então nenhuma cidade do estado de São Paulo estava aderida e eram pouquíssimas no Brasil”, conta Michelle Gomes Barreto, veterinária responsável pelo Serviço de Inspeção de Joanópolis.
Hoje, a veterinária diz que daria um conselho aos municípios interessados na adesão: “Tem que ter interação do veterinário e o incentivo de toda a prefeitura, de todos os envolvidos. Precisa também ter a responsabilidade dos estabelecimentos, essa vontade de crescer”.
Joanópolis tem hoje oito empresas cadastradas no SIM (quatro na área de lácteos, duas na área de cárneos, uma de ovos e uma de mel). Um desses laticínios já obteve o selo Sisbi e, segundo a veterinária, a produção aumentou, o número de funcionários também e a demanda ainda não é totalmente atendida.
A adesão ao Sisbi foi um processo que exigiu adaptações envolvendo análises laboratoriais oficiais, adequação dos registros de plantas, toda a documentação de entrada no SIM, a certificação de rótulos, processo jurídico e a publicação do decreto de regulamentação da legislação municipal. Ela estima que pelo menos 15 empregos diretos foram gerados inicialmente. “A equivalência do SIM ao Sisbi é uma conquista, um incentivo para mim. Consegui me aprimorar, buscamos sempre levar a qualidade e segurança do alimento para o consumidor, além de estimular a economia local, gerando renda e novos empregos”.
Fernandópolis
Duas empresas do setor cárneo já receberam o selo Sisbi em Fernandópolis, sendo que uma delas se instalou na cidade justamente em função da possibilidade de certificação. A manutenção da estrutura de inspeção é coordenada pelo veterinário Mileno Castro Tonissi, que assumiu o SIM no final de agosto e, na primeira semana, já foi procurado por outras quatro empresas interessadas em aderir ao sistema brasileiro.
O processo de adesão foi iniciado por uma equipe anterior à chegada do atual veterinário, e o reconhecimento de equivalência ocorreu em setembro de 2019 após dois anos de mobilização. A expectativa é que o trabalho aumente em função da divulgação que a prefeitura vem fazendo do Selo. “É uma responsabilidade muito grande, mas o caminho já está traçado, estou seguindo os passos do meu antecessor”, disse.
Rio Preto
Em São José do Rio Preto, a expectativa é apresentar em breve a solicitação ao Mapa de adesão ao Sisbi-POA. O secretário municipal de Agricultura, Antonio Pedro Pezzuto Júnior, e a equipe envolvida com o SIM estiveram na Superintendência Federal de Agricultura de São Paulo (SFA-SP) no dia 12 de agosto para relatar a evolução do processo.
Rio Preto está reestruturando o serviço de inspeção municipal de forma informatizada. O módulo para teste já permite uploads de arquivos, inclusive das plantas dos estabelecimentos que serão verificadas pela Secretaria de Obras. Houve reforma na estrutura física e aquisição de equipamentos.
O start para a adesão partiu do próprio prefeito, ao constatar que um amigo de Santa Fé do Sul estava mudando a empresa para Fernandópolis em função dessa certificação. “Todos abraçaram o projeto. Acreditamos que em três meses poderemos solicitar a auditoria”, disse Pezzuto.
Estímulo
O SISBI-POA, que faz parte do Sistema Unificado de Atenção a Sanidade Agropecuária, busca padronizar e harmonizar os procedimentos de inspeção de produtos de origem animal para garantir a inocuidade e segurança alimentar.
Os estados e os municípios, individualmente ou consorciados, podem solicitar a equivalência dos seus serviços de inspeção com o serviço de inspeção federal. Para obter a equivalência, aqueles serviços precisam comprovar que têm condições de garantir a qualidade e a inocuidade dos produtos de origem animal com a mesma eficácia do serviço de inspeção federal. O Mapa é o coordenador do SISBI-POA.