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Entomocultura na nutrição animal: a importante atuação do zootecnista

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Entomocultura na nutrição animal: a importante atuação do zootecnista na produção sustentável de proteína

A busca por alternativas sustentáveis para a produção de proteínas tem levado pesquisadores a explorar campos inovadores, e a entomocultura zootécnica — o cultivo e criação de insetos com fins nutricionais para animais — é uma dessas soluções promissoras.

Nessa prática, os insetos são cultivados para uso em rações de animais de produção, como aves e peixes, além de serem explorados em produtos para consumo humano, proporcionando uma abordagem mais sustentável e eficiente para a produção de proteínas.

O aumento da pressão sobre os recursos naturais e a necessidade de reduzir a pegada de carbono na produção de alimentos estão impulsionando as pesquisas em entomocultura zootécnica. Os insetos apresentam uma capacidade natural de conversão de matéria orgânica em biomassa de forma muito eficiente, com um índice de conversão alimentar muitas vezes superior ao de animais de criação tradicionais. Isso torna a entomocultura uma alternativa de destaque em um mundo onde sustentabilidade é palavra de ordem.

Alguns dos principais benefícios da entomocultura incluem:

Diversas espécies de insetos são cultivadas para atender a diferentes necessidades da nutrição animal. O tenébrio, por exemplo, é amplamente usado em rações para aves e peixes, sendo uma excelente fonte de proteína (aproximadamente 50% de proteína em peso seco).

as larvas da mosca-soldado-negra possuem uma alta capacidade de converter resíduos orgânicos em biomassa proteica e lipídica, sendo utilizadas em rações e projetos de biorremediação.

O uso de insetos na nutrição animal tem um enorme potencial. Além de proporcionar uma fonte de proteína de alta qualidade, a entomocultura reduz a dependência de insumos tradicionais como a soja, cuja produção em larga escala causa impactos ambientais significativos. Insetos também contêm compostos bioativos que podem melhorar a saúde dos animais. A quitina, presente em muitos insetos, é associada, por exemplo, a benefícios para a saúde intestinal de diversas espécies.

“De acordo com a ONU, a população mundial, que hoje está em torno de 7,5 bilhões de pessoas, deve aumentar para quase 10 bilhões até 2050. Desta forma, os insetos podem ser projetados como o alimento do futuro, já que apresentam teor proteico similar a algumas espécies de aves e mamíferos. De acordo com alguns estudos já publicados, os grilos, por exemplo, têm um grau de proteína muito próximo ao da carne bovina. Apesar de não fazer parte da nossa cultura, o brasileiro vai ter que se adequar futuramente a novas formas de consumo, porque cada vez mais entendemos que o meio ambiente é um elo integrado da cadeia produtiva e que pensar na sustentabilidade dos recursos é pensar no nosso próprio futuro”, destaca a zootecnista Fabiana Batalha Knackfuss (CRMV-RJ 906/Z).

Apesar das vantagens, a entomocultura enfrenta desafios, como a necessidade de aceitação pelo público e regulamentações específicas. No entanto, com o avanço das pesquisas e o trabalho dos zootecnistas, o setor promete oferecer soluções viáveis e sustentáveis para a alimentação animal no futuro, atendendo à demanda global por fontes de proteína alternativas e de baixo impacto ambiental.

“Temos sentido na pele o efeito das mudanças climáticas, e o setor agropecuário tem se preocupado em alternativas para a diminuição da emissão de gases de efeito estufa, bem como em reduzir as áreas para o cultivo de culturas como a soja e o milho. Neste cenário, a entomocultura vem recebendo destaque por proporcionar uma fonte importante de proteína tanto na formulação de ração animal quanto humana. Um real desafio para a pecuária de corte é a produção de animais para abate mais precoces, que ocupem o menor tempo possível as instalações, que causem menos pisoteio no solo, que produzam menos dejeto e emitam menos carbono na atmosfera. E é aí que a entomocultura entra!”

“De acordo com a Universidade de Wageningen, a criação de insetos emite uma quantidade de gases do efeito estufa significativamente menor que a pecuária. No caso de gafanhotos, por exemplo, a emissão de metano chega a ser 10 vezes menor e a de óxido nitroso, 300 vezes. Além disso, o consumo de insetos poderia demandar menores áreas para o cultivo, diminuindo o desmatamento e ampliando a quantidade de produção de alimento por metro quadrado”, finalizou a profissional.

Fonte: CRMV-RJ

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