1. COMO TER UM INTESTINO SAUDÁVEL NA PRODUÇÃO SEM ANTIBIÓTICOS?
Para obter um intestino saudável, é imperativo estabelecer um microbioma estável e funcional com um nível e tipo de fermentação que seja benéfico para o animal hospedeiro. Um microbioma estável é obtido quando a fermentação dos carboidratos predomina sobre a fermentação das proteínas. A razão é que a fermentação dos carboidratos produz ácidos graxos voláteis (AGVs), tais como ácido acético, propiônico e butírico, que desempenham um papel importante na saúde intestinal e no metabolismo geral do hospedeiro, enquanto a fermentação das proteínas resulta na produção de compostos indesejáveis, tais como ácidos graxos de cadeia ramificada (AGVR) e aminas biogênicas.
Por essa razão, é importante dar atenção à fermentação microbiana intestinal, que pode ser otimizada por meio de diferentes estratégias baseadas na suplementação de aditivos nutricionais como alternativa aos APCs. Porém, também é importante estar atento às diferenças entre os produtos comerciais para implementar estratégias ideais. |
- prebióticos,
- probióticos,
- fitobióticos,
- ácidos orgânicos,
- paredes celulares de levedura,
- ácidos graxos,
- enzimas
Esses produtos variam amplamente quanto à sua natureza e modo de ação. Mesmo dentro de cada categoria de produto, há grandes diferenças que dificultam a escolha da estratégia “certa”. Além disso, o modo de ação de tais aditivos nutricionais pode ser influenciado por vários fatores como o tipo de animal e de produção (carne, ovos), a pressão da doença (dependendo das condições de biossegurança e higiene), o clima (as bactérias crescem mais rapidamente em climas quentes e úmidos), a idade dos animais e o tipo, quantidade e características dos ingredientes alimentares.
Probióticos: Os probióticos, também chamados de aditivos microbianos de inclusão direta (DFM na sigla em inglês), são culturas únicas ou mistas de micro-organismos vivos (bactérias, leveduras). Agem
Prebióticos: Os prebióticos comumente utilizados são os oligossacarídeos, incluindo inulina, fruto-oligossacarídeos (FOS), mananoligossacarídeos (MOS) e galactooligossacarídeos (GOS). Os
Os ácidos orgânicos não afetam a fermentação natural do intestino e atuam onde quer que sejam liberados após o processo de desencapsulamento. Várias hipóteses sobre o modo de ação e alguns efeitos benéficos dos ácidos orgânicos estão descritos na literatura, tais como efeitos bacteriostáticos e/ou bactericidas na ração, redução do pH gástrico e efeitos sobre a microbiota no trato gastrointestinal. A eficácia dos ácidos orgânicos como agentes antimicrobianos no intestino depende da sua capacidade de mudar da forma não dissociada para a dissociada. A suplementação desses ácidos deve ser feita usando a dose apropriada, pois taxas de inclusão mais altas podem ter efeito deletério na estrutura morfométrica e no desempenho animal (Sudhir Yadavet al., 2019). As informações disponíveis sobre os efeitos dos ácidos orgânicos no desempenho animal são variáveis, dependendo da fonte de ácido e/ou mistura.
Fitobióticos: Os fitobióticos incluem uma gama muito ampla de substâncias (ervas, botânicos, óleos essenciais, oleorresinas). Os óleos essenciais (OEs) são os fitobióticos mais comuns disponíveis no mercado. Também conhecidos como óleos voláteis ou etéreos, são obtidos a partir de materiais vegetais medicinais e aromáticos e possuem o
O fornecimento de fibras é fundamental para manter o intestino saudável, especialmente no intestino grosso. Um aumento na atividade metabólica das bactérias comensais pode representar a recuperação de 10 a 30% das necessidades energéticas.
Portanto, é essencial compreender melhor as fibras (conteúdo, tipo, propriedades químicas e físicas) e como elas podem ser benéficas para a fermentação do microbioma e a saúde intestinal. |
2.FIBRA COMO UMA FERRAMENTA VALIOSA A CONSIDERAR
O intestino grosso é adaptado para digerir e fermentar fibras e pode ser negligenciado quanto ao seu potencial. A indústria ainda carece do conhecimento adequado sobre as fibras, com a concepção errônea de
Na ração acabada, há aproximadamente 10 a 15% de TDF que é resistente à digestão no intestino delgado de animais monogástricos. A digestibilidade ileal das fibras é de quase 10%. As fibras indigeríveis, especialmente os PNAs, representam o substrato principal (@ 38-53% da digesta ileal) que será fermentado total ou parcialmente pelo microbioma do intestino grosso em condições anaeróbias. A digestibilidade das fibras alimentares pode ser melhorada pelo uso de PNAases e isso pode ajudar a estimular a microbiota intestinal para fermentar melhor as fibras.
Mais recentemente, o objetivo de reduzir a viscosidade através da suplementação de xilanase não é tão importante, pois a proporção de fibras solúveis nos ingredientes dos cereais diminuiu com o tempo. No entanto, isto não tornou irrelevante o uso das PNAases, pois ficou demonstrado em vários estudos que a xilanase também funciona em dietas não viscosas como as dietas à base de milho ou sorgo.
O efeito das PNAases parece estar mais relacionado ao estímulo do microbioma no intestino distal. A mudança para uma comunidade mais fibrolítica torna a utilização das fibras mais eficiente, aumentando os benefícios da funcionalidade intestinal e do desempenho animal. De fato, a xilanase é capaz de oferecer outros benefícios aos animais devido à forma com que quebra a longa cadeia dos arabinoxilanos (AX), gerando frações de menor grau de polimerização como arabino-xilooligossacarídeos (AXOS) e xilooligossacarídeos (XOS). Por serem extremamente resistentes ao microbioma presente no intestino proximal, esses fragmentos são metabolizados e fermentados por bactérias fibrolíticas no intestino distal para produzir AGVs, aumentando a produção endógena de xilanases microbianas e estimulando ainda mais a utilização das fibras.
É importante considerar que o processo de decomposição do AX em diferentes xilanases não é o mesmo. A produção de AXOS e XOS com um grau de polimerização
Há evidências claras de que as xilanases influenciam o microbioma intestinal e a atividade de fermentação. Porém, a fermentação aumenta à medida que o animal envelhece, de modo que leva tempo para desenvolver a microbiota fibrolítica com apenas uma xilanase devido a um lento processo de adaptação no ceco. Isso significa que certas quantidades valiosas de fibras alimentares, como AXOS e XOS, produzidas pela ação da xilanase podem não ser totalmente utilizadas pela microbiota das aves jovens, mas essa capacidade aumenta com o tempo. |
3.COMO ACELERAR O DESENVOLVIMENTO DE UM MICROBIOMA QUE DEGRADA AS FIBRAS?
A compreensão de como funciona a enzima xilanase e, mais recentemente, a melhor caracterização das fibras alimentares e suas diferentes frações, levou à criação de uma nova categoria de aditivos, chamados de “estimbióticos”, concebida para acelerar a maturação do microbioma e a fermentação das fibras no início do ciclo de vida do animal. Gonzalez-Ortiz et al., (2019) definiram os estimbióticos como aditivos que têm a capacidade de estimular um microbioma que degrada fibras para aumentar sua fermentabilidade sem se tornarem um substrato para o crescimento desse microbioma. Esse novo conceito é capaz de exercer um efeito benéfico em dosagens muito baixas e, portanto, não é considerado um “prebiótico” por definição.
O objetivo dessa nova categoria é direcionar o microbioma para uma fermentação das fibras desejável, aumentando a presença de bactérias fibrolíticas para degradar mais AX alimentar, em vez de uma fermentação putrefativa das proteínas.
Os estimbióticos aumentam a capacidade do microbioma benéfico de decompor e fermentar as fibras, o que leva ao aumento da produção de AGVs (ácidos acético, propiônico e butírico) benéficos para a função intestinal e, portanto, para o desempenho. A melhora da fermentação das fibras resulta também em uma maior produção de ácido butírico, que está envolvido em muitos processos metabólicos e fisiológicos, por exemplo, como fonte de energia essencial para as células do intestino distal (combustíveis para enterócitos), efeitos antiinflamatórios, proteção da barreira epitelial, etc.
No entanto, para entregar efetivamente esses benefícios, os estimbióticos requerem as características tecnológicas adequadas e específicas: não digerível, gastroestável em pH ácido e baixo, termoestável até 100°C, não tóxico capaz de alcançar efeitos biológicos significativos em baixas doses (Vazquez et al., 2000). A suplementação com estimbióticos deve ser considerada como parte de uma estratégia para melhorar a função intestinal por meio da otimização da utilização de fibras alimentares via fermentação benéfica no intestino distal, assegurando uma melhor resiliência intestinal que ajuda os animais a lidar com os desafios entéricos, traduzindo-se em maior produtividade. Para obter mais informações ou referências, entre em contato com LAM@abvista.com |