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Estratégias para a otimização de uso de microminerais em dietas de suínos

Pesquisas para determinar as necessidades nutricionais da maioria dos micronutrientes para suínos foram realizadas principalmente antes da década de 1990, com ênfase em evitar deficiências nutricionais.

As tabelas de referência nutricional representam a base teórica para formulações de rações para suínos, indicando níveis mínimos de requerimentos nutricionais (NRC, 2012), ou valores para melhor custo-benefício em formulações de rações (Rostagno et al., 2017).

No entanto, considerando os avanços significativos obtidos nas últimas décadas pela indústria de suínos, quanto a prolificidade de matrizes e taxa de crescimento dos animais, pode-se supor que os níveis de referência para alguns minerais e vitaminas podem estar desatualizados.

Desta forma inicia-se uma excelente revisão do grupo de investigadores da Universidade Estadual de Londrina/Brasil (Dalto & Silva, 2020), sobre uma pesquisa ampla realizada em 15 empresas provedoras de alimentos completos/premixes/núcleos e 15 empresas cooperativas e agroindústrias deste país.

De acordo com os investigadores, a suinocultura brasileira agrega margem significativa de segurança para a suplementação de minerais e vitaminas, porém existe uma grande variação marginal entre as empresas, especialmente para vitaminas solúveis em água, o que reflete um conhecimento limitado sobre a disponibilidade destes micronutrientes para a suplementação na nutrição de suínos em suas diversas fases.

De fato, existe uma série de estratégias nutricionais que podem incrementar o aproveitamento de níveis de micronutrientes, como o uso de doses elevadas de fitase para gerar uma ruptura importante do anel de fitato incrementando o aproveitamento de minerais no alimento.

Esta estratégia é uma ação comumente praticada em pesquisas de nutrição humana, onde já há algum tempo, adotando ratos como modelo biológico, foi possível determinar que dietas enriquecidas de fitato (por exemplo, produtos a base de trigo) podem interferir significativamente (P<0,05) na absorção de Ca, Se, Zn, Cu entre outros minerais.

Estas ocorrências são ainda maiores quando mais próximo do real requerimento dos animais, as dietas foram formuladas, ou seja, quanto menor for a “margem de segurança” aplicada, maior a importância de uma visão mais ampla de várias estratégias (Saha et al., 1994).

Sabemos, que por um tema de sustentabilidade ambiental e financeira das empresas, existe uma busca cada vez maior, por dietas com níveis idealmente adequados/otimizados.

Sendo assim, existe a necessidade de atentarmos para ações cada vez mais sofisticadas dentro da estrutura de formulação das dietas para os animais de produção.

Seguindo este cenário, trabalhamos em uma publicação recentemente quanto a estratégias nutricionais para o aproveitamento de fontes de microminerais (Kim et al., 2018). Neste texto, avaliamos o status do ferro em leitões e impacto da superdosagem de fitase no fisiologia deste nutriente.

Os autores descrevem que há muito tempo se considerava que uma suplementação de ferro injetável dentro de 48-72 h após o nascimento atenderia de forma suficiente a necessidade de ferro para leitões de rápido crescimento (Figura 01 A), sendo que a prevalência de deficiência de ferro, e portanto, a anemia de animais criados em baias, não seria um dos principais problemas nos dias atuais.

No entanto, uma série de pesquisas indicou uma prevalência significativa de deficiência de ferro e anemia em leitões após o desmame em sistemas de produção intensiva, acarretando uma relação negativa entre o status de ferro de leitões e ganho de peso corporal durante as primeiras seis semanas após o nascimento (Figura 01 B).

Portanto, trabalhar a homeostase do ferro através da regulação de uma série de ações incluindo possíveis estratégias nutricionais para melhorar a sua capacidade de absorção, seriam etapas fundamentais a serem consideradas.

Os autores descrevem que o uso de doses elevadas de fitase gerou um padrão de ruptura elevado do anel de fitato, incrementando a disponibilidade de Fe em pH elevados do TGI (onde ocorre a absorção destes nutrientes), elevando, entre outros cenários, a taxa de hematócrito destes animais (Figura 01 C).


Em um outro trabalho, publicado por Stewart et al. (2018), avaliou-se a relação do uso de Superdosing de fitase em cachaços (machos reprodutores) em período de produção com relação à melhora na concentração de sêmen e eficiência reprodutiva destes animais.

Para isso, os autores utilizam trinta cachaços (9 a 12 meses de idade, PIC 280) com um programa alimentar de 2,5 kg/d de uma dieta comercial a base de milho e farelo de soja contendo 500 FTU/kg de uma E.coli fitase comercial, formulada para liberar 0,15% de P.disp. e 0,16% de Ca.
Os machos foram bloqueados pela idade e aleatoriamente escolhidos para consumir dois tipos de dietas, sendo:

O sêmen foi coletado semanalmente de todos os 30 cachaços durante 12 semanas, sendo avaliados a motilidade e morfologia deste ejaculado.
De forma geral a concentração de espermatozoides no ejaculado foi maior nos cachaços que consumiram a Superdosing de fitase (P = 0,03), resultando em uma tendência de mais 3 doses (2,8 bilhões de células/dose) produzidas por ejaculado (P = 0.10) e em um aumento de 13% no volume total de sêmen coletado (P<0,05).

De acordo com os autores, estes resultados foram provenientes, possivelmente, devido a uma melhor utilização do perfil de microminerais usados no turno reprodutivos destes machos.

Estes conceitos são provenientes de uma série de estudos que estamos realizando a nível mundial.

Estaremos a disposição sempre para ajudá-los a elucidar estes conceitos em suas estratégias de formulação visando o uso cada vez mais otimizados/sustentáveis destes micronutrientes!

Por Alexandre Barbosa de Brito
Médico Veterinário, PhD Nutrição Animal

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