A betaína é um aditivo nutricional frequentemente usado na nutrição de aves e suínos devido as suas propriedades osmoprotetoras, além de ser considerada fonte doadora de grupos metil, aumentando a disponibilidade de metionina para a síntese de proteína.
Pesquisas em nutrição humana mostraram que a betaína pode ser encontrada naturalmente em ingredientes derivados do trigo, o que levanta a questão dos subprodutos de trigo poderem ser uma fonte de betaína.
BETAÍNA NA NUTRIÇÃO DE MONOGÁSTRICOS
A betaína está disponível como um aditivo nutricional na forma purificada, e as formas mais populares utilizadas na alimentação são:
As formas purificadas comercialmente encontradas geralmente se originam a partir da extração de solúveis de melaço de beterraba. A utilização deste subproduto também é sugerida como uma fonte dietética de betaína.
Atualmente, devido às pesquisas voltadas para nutrição humana, vários trabalhos têm sido desenvolvidos com o intuito de avaliar a quantidade de betaína presente em alguns alimentos, todas sempre mostrando valores relativamente altos para os subprodutos do beneficiamento do grão de trigo.
Como o processamento do grão do trigo é feito por diversas moagens diferentes subprodutos são gerados, com variados valores nutricionais e concentrações de betaína (Tabela 1).
Estudos anteriores realizados na UFRGS indicaram o uso da farinheta e do farelo fino para rações de monogástricos por possuírem em sua composição maior teor de amido e reduzido teor de fibra.
FARELO DE TRIGO FINO COMO FONTE DE BETAÍNA PARA AVES E SUÍNOS |
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Dois experimentos foram realizados na UFRGS com o intuito de avaliar a possibilidade de suplementação de betaína por meio do farelo de trigo fino.
Foram usados 320 frangos de corte, dos 8 aos 28 dias de idade, distribuídos em um delineamento em blocos casualizados, com 5 tratamentos e 8 repetições por tratamento (8 aves/repetição). As dietas experimentais foram as seguintes:
Tanto a suplementação de DL-metionina quanto a de betaína anidra apresentaram o mesmo coeficiente de metabolizabilidade dos nutrientes. Os valores mais baixos de digestibilidade da energia bruta foram para os tratamentos com inclusão do farelo de trigo fino (Figura 3).
Foram usados 30 suínos inteiros, alojados em gaiolas metabólicas e distribuídos em um delineamento em blocos casualizados, com cinco tratamentos e 6 repetições por tratamento.
Os blocos consistiram de dois períodos de 15 dias, nos quais o peso inicial foi de 32±1.30 e 45±1.32 kg, no período 1 e 2, respectivamente. As dietas experimentais seguiram o mesmo raciocínio do Experimento 1.
Embora não se tenha observado efeito dos tratamentos nos parâmetros de digestibilidade, o nitrogênio ingerido foi mais baixo quando os suínos receberam o farelo de trigo fino, porém a retenção de nitrogênio e o valor biológico da proteína dietética foram os mesmos do tratamento Met (Figura 4).
Isso indica que o nitrogênio das dietas com farelo de trigo fino foi utilizado com a mesma eficiência ao da dieta suplementada com DL-metionina, o que pode ser comprovado pela falta de diferenças significativas no desempenho (Figura 5).
CONCLUSÕES O farelo de trigo fino apresentou em sua composição 12 g/kg de betaína, mas dietas com este ingrediente fibroso não demonstraram benefícios da betaína presente no desempenho e metabolismo de frangos de corte. Para suínos, entretanto, a betaína presente no farelo de trigo fino é biodisponível para manter a retenção de nitrogênio e o desempenho. |
Autores: Alessandra Monteiro1 e Alexandre Kessler2
1Animine, Annecy, França
2Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Zootecnia, Porto Alegre, Brasil
Clique aqui e leia também o artigo “Micotoxinas e o uso de betaína na alimentação de frangos de corte”[/registrados]