Farelo e caroço de algodão: alternativa para 2021? Os coprodutos do algodão podem ser alternativas para na alimentação de bovinos
Farelo de algodão
Veja na figura 1 o comportamento dos preços do farelo de soja e do farelo de algodão 28% e 38% no estado.
Observe que a alta do farelo de soja tende a puxar as cotações dos alimentos concentrados proteicos de forma geral, seja por ser o balizador ou por acabar levando a uma procura maior por alimentos substitutos.
Figura 1. Evolução dos preços dos farelos de soja, algodão 28% e algodão 38% em São Paulo, em R$ por tonelada, sem o frete, valores nominais.
Fonte: Scot Consultoria.
Caroço de algodão
Sua composição bromatológica reúne várias características interessantes: de alimento volumoso, mais de 18% de fibra bruta na matéria seca; concentrado proteico, mais de 20% de proteína bruta na matéria seca; e de um alimento com altos valores de extrato etéreo.
Deve-se dar atenção à inclusão do caroço de algodão devido a presença de um fator antinutricional, denominado gossipol, que pode acarretar danos à saúde do animal.
Não é recomendado a oferta desse alimento a animais jovens, podendo originar lesões cardíacas e hepáticas, e para reprodutores machos, como touros, bodes, carneiros e búfalos, pois pode causar problemas reprodutivos, como azoospermia e alteração espermática.
Considerações sobre a inclusão
Segundo informações da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, é possível calcular a viabilidade da inclusão de caroço de algodão na dieta de ruminantes através da fórmula:
Caroço de algodão (R$/tonelada) = (0,915*milho + 0,381*farelo de soja) x % matéria seca (MS). |
Na figura 2, apresentamos, na linha verde, o preço máximo do caroço de algodão para a inclusão na dieta em substituição ao farelo de soja e milho, considerando as cotações desses produtos. A linha amarela refere-se a preço atual do insumo.
Figura 2. Preço máximo mensal para a inclusão viavelmente econômica do caroço de algodão na dieta e seu preço por tonelada.
Fonte: Scot Consultoria.
No entanto, a maior dificuldade está relacionada à aquisição do caroço, diante da entressafra e do baixo estoque interno. A colheita do algodão de segunda safra (2020/21) ganha força em julho e, a partir daí, é esperado aumento gradual na oferta de caroço no mercado brasileiro. Até lá, o que temos disponível é o produto da safra passada (2019/20).
Expectativas
A maior disponibilidade de caroço, somada aos recentes recuos nos preços do farelo de soja, que acompanharam a queda do dólar, a boa situação da safra norte-americana e a maior oferta no mercado brasileiro, com os esmagamentos, poderão trazer um alívio pontual aos preços, sendo uma oportunidade para o pecuarista.
No entanto, a boa demanda por esses produtos (alimentos concentrados) é um fator limitante para os recuos nas cotações, que deverão seguir em patamares mais altos nessa temporada, a exemplo de 2020. Outro fator importante é a redução na produção de caroço de algodão, com a retração da área semeada no ciclo atual e queda na produtividade média.
Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área com algodão diminuiu 17,2% na safra atual (2020/21), frente à passada e o rendimento médio de caroço deverá ser 1,7% menor. Com isso, a produção brasileira de caroço de algodão está estimada em 3,56 milhões de toneladas esse ano, 18,6% ou 813,7 mil toneladas a menos que o colhido no ciclo passado.
Por fim, além da questão dos preços e comparativos com outras fontes de proteína, é preciso analisar a disponibilidade de caroço e ou farelo de algodão, bem como os custos com frete até a propriedade.
Fonte: Scot consultoria