A compreensão da fibra na nutrição humana evoluiu devido ao desenvolvimento de métodos analíticos melhorados em termos de determinação de fibras em ingredientes alimentares e de detecção de microbiota.
Uma parte importante desta abordagem que vale a pena considerar, e que é muitas vezes ignorada, é o papel da fibra na dieta, por ser um substrato chave para o crescimento bacteriano.
O uso de métodos obsoletos para a análise de fibras foi
A principal análise ainda hoje utilizada é um método chamado análise de fibra bruta, que foi desenvolvido há mais de 150 anos – e que basicamente subestima o conteúdo de fibra. Isto porque as amostras são processadas de forma tão severa que geralmente apenas um quarto da fibra pode suportar as condições do método.
A fibra bruta cria então a falsa sensação de que os ingredientes
Então, porque é que a fibra é tão importante? Durante muito tempo, pensou-se que a fibra apenas causava um impacto negativo na nutrição animal, e que a formulação de dietas sem fibras era a melhor solução.
Sabemos agora que a fibra desempenha um papel importante na função intestinal e no desenvolvimento da microbiota. Compreender o conteúdo e as características da fibra, como a solubilidade e mesmo o grau de polimerização, nos ajudará a nutrir melhor as bactérias benéficas que fermentam a fibra.
As bactérias intestinais utilizam a fibra como substrato, produzindo ácidos graxos voláteis (AGV) que ajudam a manter a integridade intestinal e servem como fontes de energia para o hospedeiro, recuperando parte da energia que seria perdida se a microbiota não estivesse lá.
Também precisamos lembrar que a microbiota beneficia o hospedeiro não apenas ao produzir AGVs, mas também através do desenvolvimento do sistema imunológico, competindo contra patógenos, produzindo outros compostos benéficos como vitaminas, e até mesmo regulando o comportamento do hospedeiro.
A microbiota intestinal evolui ao longo do tempo, tornando-se cada vez melhor na utilização da fibra como substrato. Então, que ferramentas podemos usar para tornar a microbiota intestinal mais rapidamente capaz de utilizar a fibra?
Estes oligossacarídeos estimularão o crescimento e o estabelecimento de mecanismos da microbiota para degradar e fermentar as fibras, favorecendo as espécies que fermentam as fibras para produzirem as suas próprias enzimas e assim degradarem a fibra.
Levando-se em consideração que o conteúdo de fibras nas dietas para monogástricos é bastante alto, não parece razoável não colher os benefícios que uma melhor fermentação das fibras pode trazer.
Esta forma de pensar representa uma nova fronteira para a nutrição de monogástricos em termos de como melhor fornecer nutrientes à microbiota intestinal, muitas vezes referida como o “segundo cérebro” pelos nutricionistas humanos.
Por Gilson Gomes, Head of Global Technical da AB Vista