Fitogênicos e antibióticos para leitões de creche não desafiados: uma abordagem sistemática e de meta-análise
No processo de desmame do leitão fatores estressantes como separação da mãe, mudanças na dieta e no ambiente levam à diminuição na ingestão de ração e ganho de peso.
Mudanças na forma física e na composição química da dieta alteram a arquitetura das vilosidades e podem reduzir a digestão e absorção dos nutrientes (Wang et al., 2021).
Os aditivos fitogênicos são alternativas promissoras aos antibióticos promotores de crescimento pois:
A diversidade de resultados verificados em artigos científicos nesta temática motivou o uso da sistematização e meta-análise para compilar informações sobre o uso de aditivos fitogênicos em dietas de leitões em creche.
A construção da base de dados considerou buscas por estudos envolvendo leitões alimentados com dietas contendo fitogênicos com respostas para desempenho e morfometria intestinal em bases indexadas Scielo e Science Direct.
A base de dados contemplou: 41 estudos publicados entre 2004 e 2017, totalizando 5.197 leitões de creche não desafiados, com peso corporal de 7,7 a 13,8 kg e avaliados entre 27,3 e 47,8 dias de idade, distribuídos em 156 grupos experimentais.
A análise de variância foi realizada aplicando um modelo linear generalizado com ajuste de covariáveis (médias LS). Este modelo analítico incluiu os efeitos de fitogênicos e antibióticos (aditivos), estudos (efeitos aleatórios) e erros aleatórios. As análises estatísticas foram conduzidas no software Minitab 19.
Os resultados intraestudos (∆) indicam leitões não desafiados que recebem ATB apresentam ganhos de peso 12,2% superior (P=0,04) ao grupo controle (Tabela 1). Já leitões que recebem fitogênicos apresentam respostas semelhantes ao controle.
Tabela 1. Desempenho de leitões em creche alimentados com dietas contendo aditivos fitogênicos ou antibióticos
SD, desvio padrão residual. n, número de tratamentos. Probabilidade a 5%; 1CON, controle negativo (sem aditivos); FIT, aditivo fitogênico; ATB, antibióticos; 2LS-Means (medias ajustadas) para análise intraestudos. 3Δ, obtido pela diferença entre tratamentos (intraestudos) com aditivos fitogênicos ou antibióticos comparados com o respectivo tratamento controle, valores seguidos de letras diferentes diferem pelo teste de Fisher (P < 0.05).
Mudanças abruptas nos padrões alimentares, desafios sanitários e condições de alojamento podem induzir uma queda na imunidade e ativação de respostas inflamatórias, especialmente em animais mais jovens, devido à imaturidade gastrointestinal (Lallès et al., 2009).
Os antibióticos melhoram o desempenho dos leitões, possivelmente devido ao controle das bactérias patogênicas e à promoção de bactérias benéficas no intestino.
Uso de ATB em dietas aumenta (P = 0,031) a profundidade de criptas no jejuno (Tabela 2). Na análise intraestudos (∆), este efeito é mais acentuado, indicando que dietas com ATB aumentam (P = 0,014) a profundidade de criptas em leitões não desafiados em 12,7% comparados ao grupo controle.
Tabela 2. Morfometria de frações do intestino delgado de leitões em creche não desafiados alimentados com dietas contendo aditivos fitogênicos ou antibióticos
1CON, controle negativo (sem aditivos); FIT, aditivo fitogênico; ATB, antibióticos; SD, desvio padrão residual. n, número de tratamentos. 2LS-Means (medias ajustadas) para análise intraestudos. Probabilidade a 5%. 3Δ, obtido pela diferença entre tratamentos (intraestudos) com aditivos fitogênicos ou antibióticos comparados com o respectivo tratamento controle, valores seguidos de letras diferentes diferem pelo teste de Fisher (P < 0.05),
Embora os antibióticos tenham apresentado melhores respostas de desempenho é essencial considerar os resultados positivos do uso de aditivos fitogênicos na morfometria intestinal, os quais estão associados a (ao):
Em conclusão, os antibióticos são eficazes para melhorar o desempenho dos leitões de creche, mas podem comprometer a integridade intestinal. O uso combinado de aditivos fitogênicos pode proporcionar melhores resultados em desempenho do que o uso isolado de extratos vegetais.
Referências sob consulta junto ao autor