Garantir o ganho de peso dos rebanhos em períodos de seca é um grande desafio para os pecuaristas da região Semiárida. Mas uma pesquisa que vem sendo realizada pela Embrapa e parceiros na região do brejo paraibano tem demonstrado que isso é possível com a adoção da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF). Em resultados preliminares com as raças guzerá e sindi o ganho de peso médio diário foi de 720 gramas por animal no período de chuva e 400 gramas no período seco.
“Se 30% do rebanho da Paraíba – o equivalente a 376.924 cabeças – estivesse sob o sistema ILPF, o ganho de peso potencial com esses resultados que obtivemos aqui seria de 452.309,4 arrobas, o que equivaleria a R$ 67.846.410”, calcula o pesquisador da Empresa Paraibana de Pesquisa, Extensão Rural e Regularização Fundiária (Empaer), Ricardo Leite, no dia campo sobre ILPF – uma estratégia para o negócio agropecuário no Nordeste, realizado na estação experimental de Alagoinha, PB, no mês de Setembro/19.
Cerca de 250 pessoas entre pecuaristas, técnicos e estudantes das áreas de agronomia, zootecnia e veterinária compareceram ao evento. Todos interessados em conhecer os resultados das pesquisas com ILPF visando mitigar os efeitos das secas e estiagens e aumentar a oferta de alimentos para os animais, mesmo com a escassez de água. As pesquisas vêm sendo desenvolvidas há cinco anos pela Embrapa Algodão e Embrapa Solos, em parceria com a Empaer, Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Plano ABC e Rede ILPF.
Conforto térmico
Vocação para pecuária
Mais resiliência contra a seca
Segundo ele, o solo protegido é fator primordial quando se fala em melhorar a produtividade e a rentabilidade. “Se não temos solo coberto, em vez de produzir, nós perdemos solo e nutrientes, tornando os custos de produção elevados, então nosso desafio é mostrar como recuperar solos e pastagens degradadas e oferecer opções para diversificação de culturas”, observa.
Além de promover a cobertura do solo, o modelo ILPF para a região semiárida tem uma preocupação diferente das demais regiões, conforme o professor da UFPB Adailson Pereira. “Não queremos apenas formar palhada, mas também segurar a água por mais tempo no solo. E as raízes cumprem um papel fundamental nesse sentido. Elas ajudam a recuperar os nutrientes das diferentes camadas e canalizam a água para as partes mais baixas do solo. Também ajudam a aumentar o teor de matéria orgânica, que é capaz de segurar de cinco a dez vezes o seu volume em água no solo”, explica. “O agricultor do Semiárido sabe a importância de um mês a mais de água no solo”, completa.
Entre os objetivos da pesquisa desenvolvida na região estão: recuperar pastagens e produzir forragens, produzir alimentos sob o sistema plantio direto, produzir madeira, tornar os solos mais produtivos, aumentar o armazenamento de água no solo, favorecer o conforto animal e melhorar a rentabilidade do produtor.
Planejar é preciso
Os participantes do dia de campo em Alagoinha tiveram ainda a oportunidade de conhecer a importância das forrageiras e da qualidade das sementes na produção de carne e leite; recomendação de adubação, correção e a evolução da atividade biológica dos solos com as diversas composições de plantas na URT; e sobre o uso da cerca elétrica para aumentar a área das pastagens da propriedade, fornecendo a melhor parte das forrageiras para os animais.
O evento foi uma realização da Embrapa, em parceria com a Empaer, Plano ABC, Rede ILPF, UFPB, Sementes Oeste Paulista (SOESP), Speedrite (empresa de cercas elétricas) e Rancho Alegre (produtos agropecuários).
Créditos: Infográfico – Paula Rocha – estagiária da Rede ILPF; Foto abre – Sergio Cobel
Embrapa Algodão