Importância da inclusão de taurina e L-carnitina na dieta de cães e gatos
Assim, é comum que os tutores encontrem alimentos completos e balanceados para cães e gatos em que a taurina e a carnitina, dentre outras substâncias, estão elencadas na composição dos produtos.
TAURINA |
Exemplo é a taurina, um β-aminoácido sulfurado (ácido 2-aminoetanossulfônico) essencial para gatos, mas não-essencial para cães.
A estrutura química da taurina difere dos demais aminoácidos (Figura 1), o grupamento amino está ligado ao carbono β e não ao carbono α.
Adicionalmente, a taurina possui um grupamento sulfônico (-SO3) e não um grupamento carboxílico (-COOH). Assim, a taurina não se incorpora às proteínas permanecendo livre no citosol.
A biossíntese de taurina ocorre através dos aminoácidos sulfurados metionina e cisteína, que atuam como precursores. Através da atividade de duas enzimas chave, cisteína dioxigenase (CD) e cisteína sulfinato descarboxilase (CSD), o β-aminoácido é produzido endogenamente (Figura 1).
Em gatos, apenas 20% da cisteína disponível é utilizada para síntese de taurina, enquanto em ratos esse teor é de 80%. Desta forma, os gatos são dependentes da ingestão de taurina via dieta para suprir o requerimento, uma vez que suas vias metabólicas, a partir de aminoácidos sulfurados, é desviada para a produção de compostos que serão úteis na geração de energia ou gliconeogênese.
Além da taurina, a glicina também pode ser conjugada, porém, os felinos não são capazes de utilizá-la sendo dependentes da taurina para a conjugação. A maior fração dos sais biliares são reabsorvidos pela circulação enterohepática no jejuno e íleo.
No entanto, alguns microrganismos são capazes de desconjugar os sais biliares, liberando a taurina que pode ser reabsorvida ou degradada por bactérias, resultando na sua perda.
A deficiência de taurina pode ser clinicamente constatada dentro de semanas ou meses, sendo a degeneração da retina e a cardiomiopatia dilatada os principais distúrbios associados à sua deficiência em cães e gatos, além de danos sobre as funções reprodutiva e neurológica.
Hayes et al. (1975) observaram a ocorrência de degeneração central da retina em gatos em menos de 6 semanas após alimentação com dietas purificadas isentas de taurina.
Pion et al. (1998) constataram que apenas alguns cães alimentados com dietas livres de taurina apresentaram lesões hiperreflectivas bilaterais, quadro clínico similar à degeneração central da retina.
A taurina pode ser encontrada em elevada disponibilidade em frutos do mar e tecidos animais, como:
Alguns insetos e algas também são capazes de sintetizar taurina, como Mazaella spp., Porphyra spp. e Chondracanthus spp. (McCusker et al., 2014).
Os tecidos vegetais não possuem taurina, e bactérias possuem apenas pequenas quantidades. No entanto, fontes purificadas na forma cristalina estão disponíveis comercialmente podendo ser utilizadas para suplementação em dietas para cães e gatos.
De modo geral, grande parte das dietas completas e balanceadas para cães atualmente disponíveis no mercado não são suplementadas com taurina, pois os níveis dos precursores metionina e cisteína presentes na fórmula atendem aos requerimentos necessários para as suas funções e à quantidade a ser utilizada para a biossíntese de taurina.
Assim, dietas úmidas são mais propensas a perda de taurina caso a água de cocção seja removida e descartada. Já as dietas extrusadas ou assadas possuem maior retenção de taurina, porém com algumas perdas durante o processamento (Spitze et al., 2003).
L-CARNITINA |
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