Importância das pesquisas sobre as exigências nutricionais de vitaminas e minerais para a coturnicultura
Se por um lado as exigências nutricionais estão mais do que estabelecidas para frangos de corte, matrizes de frangos e galinhas de postura, sendo a produção desses animais feita a partir de linhagens, de empresas de genética que fornecem manuais e exigências nutricionais específicas para todo o ciclo de desenvolvimento e de produção; para as codornas, devido a difusão de linhagens, ainda não há um plano nutricional para atender especificamente todas as subespécies existentes.
Dessa forma, a formulação de dietas para codornas é comumente extrapolada das exigências de outras categorias de aves, o que pode subestimar ou superestimar as reais necessidades das aves. As vitaminas e minerais apresentam funções fisiológicas especificas no organismo animal apesar de serem ingredientes que estão presentes em baixas concentrações na dieta. |
Vale ressaltar que diversos fatores podem influenciar as necessidades do animal em relação aos minerais e vitaminas, como:
Para grande parte dos nutrientes esses compilados apresentam apenas exigências mínimas, sendo que as exigências propostas pelos manuais nem sempre condizem com a realidade da produção atual por estarem desatualizados, como é o caso das exigências abordadas no NRC para codornas que consta sua última atualização em 1994.
VITAMINAS |
As vitaminas desempenham funções indispensáveis para o funcionamento do organismo e seus processos metabólicos, sendo as principais precursoras de hormônios, doadoras ou aceptoras de íons e coenzimas, e também são estabilizadoras das membranas celulares.
As vitaminas lipossolúveis são assim chamadas por apresentarem afinidade por lipídios e fazem parte dessas categorias as vitaminas A, D, E e K.
No grupo das vitaminas hidrossolúveis, que apresentam afinidade pela água, estão as vitaminas do complexo B e vitamina C (Bertechini, 2006; Combs, 2017).
Por estar envolvida diretamente no metabolismo ósseo e de calcificação da casca do ovo a vitamina D se apresenta como a principal vitamina para as aves.
O NRC preconiza a dose de:
Marques et al. (2011), forneceu para codornas de postura com 44 semanas de idade três níveis de vitamina D: 500; 1.000 ou 1.500 UI/kg de ração. Com base em seus resultados produtivos eles recomendam uma inclusão de 1.500 UI de vitamina D para codornas criadas no Brasil.
As recomendações da suplementação de vitamina A (em Unidades Internacionais) para codornas são discrepantes na literatura, Silva et al. (2009) trazem para fase de crescimento uma exigência de 850 UI e 1.650 UI para o período produtivo. O NRC de 1994 indica o uso de 1.650 UI para crescimento e para o período produtivo 3.300 UI.
A principal vitamina estudada pelo seu potencial antioxidante é a vitamina E por levar a um aumento das enzimas superóxido dismutase e glutationa peroxidase séricas, que atuam diretamente como antioxidantes no organismo, protegendo contra a ação dos radicais livres (Shojadoost, 2021).
No experimento com selênio orgânico o autor obteve como resultados que o menor nível de associação utilizado atendeu as necessidades dos animais nas duas fases de criação (0-14 dias 15-35 dias de idade).
MINERAIS |
Os minerais são divididos em dois grupos de acordo com seu requerimento na dieta: os macrominerais (Cálcio, Fósforo, Sódio, Magnésio, Potássio) e os microminerais (Ferro, Cobre, Selênio, Zinco, Manganês).
O conhecimento da exigência dos minerais cálcio e fósforo é de suma importância. O metabolismo do cálcio e do fósforo está intimamente relacionado, a carência ou excesso de algum deles interfere na utilização e no metabolismo do outro.
O fósforo, além da composição dos ossos, participa da constituição dos ácidos desoxirribonucleicos (DNA), fosfolipídios (constituintes da membrana celular), trifosfato de adenosina (ATP).
As exigências de cálcio e fósforo encontradas pelos autores para obtenção do melhor desempenho zootécnico de codornas de postura japonesa nas fases de cria e recria foram de 0,92% de Ca e 0,37% de Pd e de 0,94% de Ca e 0,39% de Pd para fase de recria. Já Silva et al. (2009) ao determinar a exigência de cálcio e fósforo disponível em codornas de corte em crescimento, obteve como níveis ótimos para fósforo como sendo 0,41% para ambas as fases, e para cálcio os níveis de 0,65% e 0,61% respectivamente. Um período de aproximadamente dez anos que apresentam diferença importante nas exigências dos animais.
O selênio atua no metabolismo animal pois influencia o desenvolvimento e a expressão de respostas não específicas, humorais e celulares. O efeito imunomodulatório deste mineral ocorre por três mecanismos:
Esta capacidade do selênio em manter a qualidade dos ovos durante o armazenamento pode estar relacionada com o aumento da atividade de enzimas antioxidantes presentes no ovo. Assim os autores recomendam a suplementação de 0,35 mg de selênio orgânico como sendo suficiente para boa resposta em ovos que necessitam de armazenagem. Não há exigência de selênio nas Tabelas Brasileiras, sendo assim extrapolado para outras espécies.
Ao avaliar a interação de selênio orgânico ou inorgânico com vitamina E, Zancanela (2016), obteve como resultados que a inclusão de 0,112 mg de selênio orgânico atendeu as necessidades dos animais nas duas fases de criação (0-14 dias 15-35 dias de idade).
Não há na literatura brasileira exigência especifica de selênio para codornas, sendo utilizado então valores para poedeiras ou frangos de corte.
Este mineral é essencial para a função hormonal, incluindo os hormônios pancreáticos (insulina e glucagon), sexo e crescimento.
Visto o potencial da atividade coturnícola no País e diante da importância de vitaminas e minerais no organismo das codornas, existe uma demanda necessária em relação a estudos que auxiliem na efetiva elucidação das exigências nutricionais para essas aves. Por ser uma atividade emergente dentro da avicultura o balanceamento adequado das dietas evita perdas financeiras para o produtor, e principalmente poupa o metabolismo do animal da excreção indevida destes compostos. Há assim um leque de oportunidades para pesquisadores e empresas, e dessa forma auxiliando também em um desenvolvimento da atividade.
Acesse nossa Tabela 2021 atualizada de Microminerais
Autores: Tainara Ciuffi Euzébio e Tatiana Carlesso dos Santos
Programa de Pós Graduação em Zootecnia, Universidade Estadual de Maringá
Aguiar, L.L. Zinco orgânico e cobre sobre parâmetros histomorfométricos e contagem diferencial de leucócitos de codornas japonesas. 2016. Dissertação (mestrado). Universidade Federal do Espírito Santo. 2016.
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