Os aminoácidos são os blocos de construção das proteínas e essenciais para o desenvolvimento dos tecidos e dos órgãos imunológicos. A deficiência de aminoácidos pode levar à redução do desempenho e resposta imunológica (Rubin et al. 2007; Birmani et al. 2019). Por isso, é importante conhecer a atuação dos aminoácidos e sua influencia nos diversos sistemas das aves. Nesse artigo iremos tratar de um dos aminoácidos essenciais na avicultura, a arginina.
A arginina (Arg) é um aminoácido essencial necessário em muitas funções biológicas e fisiológicas importantes do corpo (Ball, Urschel e Pencharz 2007; Castro e Kim 2020). É vital para um desempenho de crescimento ideal e fornece creatina no corpo (Fouad et al. 2012; Khajali e Wideman 2010)
Ao contrário de alguns mamíferos, as galinhas não são capazes de sintetizar a Arg devido à ausência de carbamoil fosfato sintase-I (uma enzima chave envolvida na síntese de Arg) e baixa atividade de outras duas enzimas, a ornitina transcarbamoilase e arginase hepática (Khajali, Faraji, e Basoo 2013). Portanto, para as aves, as fontes de arginina são provenientes da alimentação.
Sendo assim, a formulação da dieta das aves deve contemplar quantidade suficiente de Arg para manter o acréscimo de proteínas, funções imunológicas e fisiológicas (Khajali e Wideman 2010).
Além da função de constituinte proteico, a Arg é precursora da síntese de creatina, poliaminas e óxido nítrico (NO) e estimula a secreção de fatores de crescimento semelhantes à insulina (Fernandes e Murakami, 2010). As poliaminas são importantes para o desenvolvimento do intestino em neonatos (Loser et al., 1999), o que pode explicar os efeitos positivos da suplementação de Arg no desempenho e na morfologia do intestino delgado de frangos de corte de uma semana de idade (Murakami et al., 2012).
Os efeitos do Arg no sistema imunológico de frangos de corte foram investigados durante os períodos de estimulação imunológica inativa (Murakami et al., 2012) e ativa (Tan et al., 2014a, b). Tan et al. (2014a) mostraram que a coccidiose induziu inflamação jejunal caracterizada por danos nas vilosidades, dilatação da cripta e depleção das células caliciformes. Entretanto, a suplementação com Arg diminuiu linearmente a expressão de TLR4 (gene inflamatório), sugerindo que o efeito anti-inflamatório de Arg é via supressão da via de TLR4.
- Khajali, Faraji e Basoo (2013) mostraram que o desempenho de crescimento foi melhorado em frangos alimentados com dietas contendo 15 g Arg/kg dieta.
- Bulbul et al. (2013) observaram maior peso corporal e melhor taxa de conversão alimentar em frangos alimentados com uma dieta contendo L-Arg a 110% da exigência de Arg sem afetar a ingestão de ração.
- Além disso, maior peso do músculo do peito e maior proporção de coxa e coração foram relatados em frangos alimentados com uma dieta contendo 0,35% Arg (Labadan, Hsu e Austic 2001; Khajali et al. 2011).
- Castro et al. (2019) relatou ganho de peso máximo, deposição de massa magra e melhor conversão alimentar em frangos de corte Ross 308 como resultado de 99,68, 100,39 e 98,27% dos níveis de recomendação de Arg, respectivamente.
Jahanian (2009) sugeriu um requisito de Arg de 101, 103 e 107% dos valores recomendados do NRC para máxima eficiência alimentar, desempenho de crescimento e funções imunológicas ideais, respectivamente, em condições termoneutras.
Os efeitos benéficos da suplementação de Arg nas características da carcaça em frangos de corte foram relatados em muitos estudos, como:
- Yang et al. (2016) observaram que a suplementação dietética de Arg (17 mg/kg) aumentou os pesos relativos do proventrículo e duodeno em frangos de corte.
Da mesma forma, Bulbul et al. 2013 observou que os pesos relativos do baço e da bursa foram maiores em aves alimentadas com uma dieta contendo 120 e 130% da Arg recomendada pelo NRC em comparação com o grupo controle durante a fase inicial.- Fernandes et al. (2009) relatou que aves que receberam dieta contendo 1,0% de Arg apresentaram maior peso intestinal e maior profundidade de cripta.
- Além disso, in ovo injeção de L-Arg (0,5, 1 ou 2%) em matrizes de corte aumentou linearmente o peso relativo de órgãos digestivos (Gao et al. 2017a).
Porém, é reconhecido que o excesso de arginina, em níveis superiores ao recomendado, possui efeitos indesejáveis na fisiologia e morfologia das aves. O fornecimento de Arg em 167 mg/L via água de bebida resultou na congestão dos vasos vasculares em o fígado e os rins. Aves suplementadas com 334 mg/L de Arg exibiram destruição dos túbulos e glomérulos no rim e infiltração inflamatória mononuclear periportal no fígado (Alabi et al. 2018).
Efeito da suplementação de Arg na resposta imune
A melhoria na resposta imune após desafio de Salmonella Typhimurium em pintos de corte jovens, em resposta à suplementação de Arg e vitamina E juntos, já foram relatados (Liu et al. 2014). Esta combinação também melhorou a resistência bacteriana contra outros patógenos.
A arginina mostrou efeitos sinérgicos quando suplementada com outros antioxidantes como vitamina C e E. Por exemplo, 1% de Arg junto com vitamina C e E resultou em aumento da síntese de óxido nítrico (ON)O e diminuição da hipertensão pulmonar (Ruiz-Feria e Abdukalykova 2009). No entanto, a suplementação de Arg sozinha a 1,21% também resultou em níveis mais elevados de ON em frangos de corte (Basoo et al. 2012).
Para ler um artigo completo sobre o uso da treonina na produção de frangos de corte, clique aqui |
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