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Inativador enzimático de micotoxinas: efeito sobre os parâmetros produtivos

A ração balanceada que é fornecida às galinhas de postura comercial tem impacto de 5% a 60% no custo de uma dúzia de ovos. Contaminantes como as micotoxinas  causam perdas significativas na qualidade da ração e nos resultados gerais de produção.
As micotoxinas são metabólitos produzidos por diferentes tipos de fungos sob estresse. Esses fungos geralmente contaminam os cereais e produzem toxinas em diferentes pontos da cadeia de produção. Quando as micotoxinas são ingeridas por animais, elas causam várias alterações na saúde que variam de acordo com os tipos e quantidades de micotoxinas ingeridas.
Hoje, se tem disponíveis vários métodos para controlar as micotoxinas. Algumas micotoxinas apresentam uma complexa estrutura química e a maneira mais eficiente de controlá-las é por meio de aditivos enzimáticos anti-micotoxinas. Esses aditivos não dependem da polaridade das micotoxinas, mas agem especificamente sobre elas.

Autores (J.P. Jouany., 2007; M.R. Armado et al., 2012; K. Tso et al., 2019) demonstraram que diferentes cepas de Saccharomyces cerevisiae possuem as enzimas necessárias para biotransformar as principais micotoxinas como tricotecenos, ocratoxinas, fumonisinas e zearalenona.
Um experimento foi realizado na Universidade do Estado de Santa Catarina, Campus de Chapecó, Brasil, para demonstrar a eficácia de um inativador enzimático de micotoxinas à base de S. cerevisiae (DETOXA® PLUS) sobre aves de postura desafiadas experimentalmente com Fumonisina B1 (FB1) e Toxina T2 (T-2).
O teste contou com 60 aves Hy-line Brown de 25 semanas de idade. Essas aves foram divididas em cinco grupos experimentais com quatro repetições por grupo. As aves foram alojadas em gaiolas tradicionais equipadas com comedouros em linha e sistema de bebedouros nipple. As micotoxinas FB1 e T-2 foram produzidas em pureza pelos métodos padronizados e foram adicionadas à ração em diferentes concentrações de acordo com o grupo experimental.

OS GRUPOS EXPERIMENTAIS:
Os níveis de FB1 e T-2 nas dietas de poedeiras deste estudo estão demonstrados na tabela abaixo:

Nota 1. ND – não detectado (Limite de quantificação 30 ppb). Cromatografia líquida com detecção por espectrometria de massa (HPLC – MS / MS).

PARÂMETROS AVALIADOS
Resultados zootécnicos: os parâmetros zootécnicos foram avaliados em três ciclos de 28 dias cada. Dentre eles foram avaliadas a porcentagem de postura, o peso médio dos ovos, massa dos ovos, consumo de alimento e conversão (CA/dúzia e kg/kg).
Qualidade do ovo: ao final de cada ciclo, foram avaliadas a resistência da casca, a espessura da casca e as porcentagens da casca, as porcentagens de albumina e de gema.
Bioquímica sanguínea: nas semanas 24ª, 29ª, 33ª e 37ª de idade, o sangue foi retirado de oito aves por grupo para avaliar alanina, fosfatase alcalina, proteínas totais, albuminas totais e globulinas totais.

RESULTADOS
PARÂMETROS ZOOTÉCNICOS

Diferentes letras (a-d) indicam diferenças significativas entre tratamentos para os diferentes ciclos p≤0.05.
Como pode ser visto, em todos os parâmetros foram observadas diferenças significativas entre ambos controles, confirmando o efeito negativo do desafio das micotoxinas. Com relação aos tratamentos, Detoxa® Plus atingiu valores similares ao controle negativo no peso dos ovos, embora tenha melhorado os resultados em comparação com o controle positivo, em porcentagem de postura, ingestão de ração e taxa de conversão alimentar.
 
QUALIDADE DO OVO
Na qualidade dos ovos, o desafio com as micotoxinas diminuiu a resistência da casca quando comparado aos dois controles. Só foram encontradas diferenças significativas com os tratamentos na porcentagem de albumina, sendo significativamente mais elevados nos grupos tratados, em comparação até mesmo com o controle negativo.


BIOQUÍMICA SANGUÍNEA
 Na avaliação das enzimas hepáticas na triagem da bioquímica sanguínea foram observadas diferenças significativas entre os controles para os níveis de alanina aminotransferase com 37 semanas de idade. A atividade da ALT nas aves pode estar elevada em decorrência de dano em múltiplos tecidos, dificultando muitas vezes a interpretação (HARR, 2002).

Os níveis de fosfatase alcalina, associada ao metabolismo do cálcio e fósforo com participação nas atividades osteoblásticas e condrogênicas, foram similares entre tratamentos e controle positivo, mas foram observadas diferenças entre os controles.
As alterações nos níveis de fosfatase alcalina suportam a ideia de que o osso medular promove cálcio durante a formação da casca dos ovos e armazena cálcio quando não há ovo no útero (Etches, 1987). De acordo com Taylor (1965), o nível de fosfatase alcalina que está relacionado às atividades osteoblásticas é maior quando o processo de formação da casca do ovo não está acontecendo.
 

DISCUSSÃO
 O desafio das micotoxinas teve um impacto negativo sobre as aves, afetando todos os parâmetros zootécnicos, ligeiramente a resistência da casca e os níveis de alanina aminotransferase. Esses resultados indicam que o consumo prolongado de micotoxinas altera os parâmetros zootécnicos, diminui a resistência da casca do ovo e provoca alterações hepáticas resultando em um aumento das enzimas hepáticas no sangue.
A suplementação com Detoxa® Plus 0,5 kg/t e 1 kg/t teve efeito positivo sobre os parâmetros zootécnicos quando comparado ao controle positivo, melhorando o peso dos ovos em 4,26% e 7,14%, respectivamente; a porcentagem de postura nos três ciclos de produção, chegando a 12,8% na 37ª semana, além do consumo de ração e a taxa de conversão alimentar em comparação com o controle positivo.
Adicionalmente a isto, a administração de Detoxa® Plus gerou aumento na porcentagem de albumina nos ovos.

CONCLUSÃO
Detoxa® Plus melhorou os parâmetros produtivos das aves desafiadas durante três ciclos de 28 dias, das 25 às 37 semanas de idade, com FB1 e de T-2. Ao mesmo tempo, aumentou as porcentagens de albumina nos ovos. Demonstrou, portanto, que Detoxa® Plus é uma ferramenta fundamental para alcançar resultados produtivos durante os graves desafios das micotoxinas.
COMITÊ DE ÉTICA
Esse trabalho foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) da Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), protocolo número 3089070619. Informações mais detalhadas estão disponíveis em: https://doi.org/10.1016/j.micpath.2020.104517
 

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