O trato gastrointestinal (TGI) é um ambiente complexo onde a barreira da mucosa, o sistema imunológico, a microbiota e o epitélio influenciam a saúde intestinal e o desempenho dos animais. A modulação da microbiota intestinal por abordagens dietéticas, como o uso de aditivos para rações, é uma das estratégias mais promissoras para reduzir o risco de patologias em animais produtores de alimentos.
Probióticos são aditivos alimentares funcionais definidos como “microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem um benefício à saúde do hospedeiro”. Seus potenciais mecanismos de ação afetam a ecologia microbiana intestinal por alguns mecanismos, como:
- manipulação da microbiota que diminui o pH luminal
- inibição competitiva de cepas patogênicas
- produção de bacteriocinas com propriedades antimicrobianas
- estimulo do sistema imunológico
A suplementação de probióticos em dietas animais ajuda a prevenir ou tratar uma variedade de distúrbios intestinais, embora seus mecanismos de ação não sejam completamente conhecidos. As bactérias lácticas incluem mais de duzentas espécies e subespécies, das quais Lactobacillus sp., Lactococcus sp., Spreptococcus sp. e Enterococcus sp. são usados como probióticos para animais monogástricos.
Estudos com algumas cepas de Lactobacillus plantarum demonstraram uma atividade protetora contra o comprometimento da barreira intestinal, restaurando a função das junções da barreira celular e reduzindo a permeabilidade celular. Além disso, L. plantarum CGMCC 1258 suplementado a 5×1010 UFC/kg mostrou seu efeito positivo em leitões desmamados desafiados com Escherichia coli K88, inibindo a diarreia e melhorando o desempenho zootécnico.
Devido aos benefícios sugestionados do uso de Lactobacillus plantarum e Lactobacillus reuteri, e das poucas pesquisas com esses microrganismos, pesquisadores italianos realizaram um experimento com o objetivo de avaliar os L. plantarum, L. reuteri e se sua suplementação combinada reflete efeitos sinérgicos ou antagônicos na prevenção da diarreia, estado metabólico e desempenho em leitões desmamados.
Para o experimento foram utilizados 350 leitões (Landrace x Large White) desmamados aos 28 dias ± 2 dias. Os animais foram divididos em quatro tratamentos:
- o grupo controle: recebendo dieta basal
- tratado com L. plantarum: dieta basal suplementada com 2×108 UFC/g de Lactobacillus plantarum
- tratado com L. reuteri: dieta basal suplementada com 2×108 UFC/g de L. reuteri
- combinação L. plantarum e L. reuteri: dieta basal suplementada com 1×108 UFC/g de ambas as cepas bacterianas
Resultados |
Desempenho zootécnico
O consumo médio de ração dos grupos suplementados diminuiu durante a segunda semana (7–14 dias) do estudo, porém não houve diferença entre os grupos durante a 1ª, 3ª e 4ª semanas.
Em relação a conversão alimentar, só foi observada diferença entre os grupos durante a primeira semana, em que o grupo alimentado com a combinação de L. plantarum e L. reuteri apresentou valores maiores de conversão alimentar em relação aos demais.
Diarreia
O menor número de casos de diarreia (cinco casos) foi registrado no grupo tratado com L. plantarum.
Os autores concluíram que a suplementação dietética de 2 × 108 UFC/g de L. plantarum e L. reuteri reduziu significativamente a ocorrência de diarreia. Leitões suplementados com L. plantarum teve a menor frequência de diarreia em comparação com as outras cepas bacterianas e suas combinações. A suplementação de lactobacilos não influenciou o desempenho dos animais, bactérias fecais totais, lactobacilos fecais e coliformes. Foi destacado que L. plantarum e L. reuteri são aditivos alimentares funcionais promissores para a prevenção da diarreia suína. Mais estudos são necessários para enriquecer o conhecimento dessas cepas bacterianas, para avaliar seu efeito por períodos experimentais mais longos e para otimizar seus possíveis sistemas de distribuição. |
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As informações desse texto foram retiradas do artigo intitulado “Lactobacillus plantarum and Lactobacillus reuteri as functional feed additives to prevent diarrhoea in weaned piglets” com autoria de:
Matteo Dell’Anno 1, Maria Luisa Callegari 2, Serena Reggi 1, Valentina Caprarulo 3, Carlotta Giromini 1, Ambra Spalletta 4, Simona Coranelli 4, Carlo Angelo Sgoifo Rossi 1 e Luciana Rossi 1
1Department of Health, Animal Science and Food Safety “Carlo Cantoni” (VESPA), Università degli Studi di Milano, 26900 Lodi, Italy
2Department for Sustainable Food Process, Università Cattolica del Sacro Cuore, 29122 Piacenza, Italy
3Department of Molecular and Translational Medicine (DMMT), Università degli Studi di Brescia, 25123 Brescia, Italy
4Biotecnologie B.T. Srl, 06059 Todi, Italy