Levantamento dos níveis de minerais traços e vitaminas utilizados em dietas comerciais para suínos no Brasil – Leitões lactentes e em fase de creche
INTRODUÇÃO |
Os estudos para determinar as exigências nutricionais dos minerais traços para suínos foram realizados majoritariamente antes da década de 1990 e tinham como foco evitar deficiências nutricionais (Gaudré e Quiniou, 2009).
As tabelas de referências nutricionais representam uma base teórica para a formulação de rações para suínos, indicando níveis mínimos de suplementação e/ou valores visando o melhor custo/benefício das formulações (NRC, 2012; Rostagno et al., 2017).
No entanto, considerando os significativos avanços realizados pela indústria suinícola durante as últimas décadas, em termos de
- Prolificidade das porcas e da
- Taxa de crescimento dos leitões de engorda,
Pode-se questionar se os níveis de referência para alguns minerais traços e vitaminas não estariam defasados.
Assim, dietas comerciais para suínos contêm níveis nutricionais maiores que aqueles sugeridos pelas tabelas de referência (NRC, 2012; Rostagno et al., 2017) para garantir as exigências nutricionais dos suínos modernos (Gaudré and Quiniou, 2009).
No entanto, informações sobre os níveis de minerais traços e vitaminas necessários para otimizar parâmetros de crescimento e de reprodução são muito limitadas. Levantamentos realizados nos Estados Unidos (Coelho; Cousins, 1997; Flohr et al., 2016) indicaram grandes variações no uso de minerais traços e vitaminas entre produtores suínos, corroborando com a limitação de dados sobre as exigências nutricionais destes nutrientes para o suíno contemporâneo. [cadastrar]
Assim, dietas comerciais para suínos contêm níveis nutricionais maiores que aqueles sugeridos pelas tabelas de referência (NRC, 2012; Rostagno et al., 2017) para garantir as exigências nutricionais dos suínos modernos (Gaudré and Quiniou, 2009). No entanto, informações sobre os níveis de minerais traços e vitaminas necessários para otimizar parâmetros de crescimento e de reprodução são muito limitadas.
Levantamentos realizados nos Estados Unidos (Coelho; Cousins, 1997; Flohr et al., 2016) indicaram grandes variações no uso de minerais traços e vitaminas entre produtores suínos, corroborando com a limitação de dados sobre as exigências nutricionais destes nutrientes para o suíno contemporâneo.
Este levantamento teve como público-alvo as empresas produtoras de premix que operam em diferentes regiões do país, bem como as principais cooperativas/ agroindústrias da suinocultura brasileira.
Para os premixes, os níveis mínimos de garantia, bem como a indicação de uso, foram as informações base coletadas para suportar este levantamento.
Já para as rações completas, levou-se em conta seus níveis finais de minerais traços e de vitaminas.
No desenvolvimento da coleta de informações cada empresa indicou, para cada uma das rações que comercializa, a fase ou a faixa de peso/idade que recomenda seus produtos.
De posse destas orientações agrupamos os dados por faixa de idade para estabelecer uma padronização, a fim de permitir uma visualização do perfil destes minerais e vitaminas dentro de uma faixa comum de peso/idade.
As fases de criação incluídas neste estudo foram:
- Leitões lactentes (0 a 20 dias de idade)
- Creche (sendo compreendidas três idades: Creche I, 21 a 35 dias; Creche II, 36 a 49 dias; e Creche III, 50 a 70 dias)
Para cada fase os seguintes nutrientes foram avaliados:
As fontes de minerais, se inorgânicas ou orgânicas, não foram distintamente consideradas para a definição dos
valores finais destes.
RESULTADOS |
Os níveis de minerais traços observados para esta categoria apresentaram valores que variaram entre 0,8 e 1,5 vezes os níveis observados para a fase de creche I (Tabela 2).
Quando comparados com os valores recomendados por Rostagno et al. (2017) estes oscilaram entre 0,9 e 18,1 vezes. Os níveis de Cu e Zn foram particularmente elevados (níveis promotores de crescimento), sendo observada uma grande variação entre as empresas para o Cu (60,9 %), Fe (75,3 %) e Se (56,7 %).
Tabela 1 –Média, desvio padrão (DP), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%) e valor máximo (Max) para minerais traços e vitaminas adicionados a dietas de leitões lactentes (3 a 20 dias de idade)
Para as vitaminas lipo-solúveis e hidro-solúveis para leitões lactentes, os valores apresentaram uma variação ainda maior quando comparados com os relativos à fase de creche I (Tabela 2), sendo observado uma variação nos níveis entre 1,0 e 2,7, correspondendo a 1,7 e 6,4 vezes quando consideradas as recomendações de Rostagno et al. (2017) para a fase.
Os níveis de vitK, vitB₇, vitB₉ e vitC foram particularmente elevados e, com exceção da vitB₁ (37,2 %) e vitB₂ (49,0 %), foi observada grande variação entre as empresas para todas as vitaminas (52,9 – 225,9 %).
Tabela 2 -Média, desvio padrão (DP), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%), valor máximo (Max), taxa relativa à Tabela Brasileira de Aves e Suínos (ratio BRA) e taxa relativa aos níveis da indústria Norte Americana (ratio USA) para minerais traços e vitaminas adicionados a dietas de Creche I (21 a 35 dias de idade).
Os níveis de suplementação de minerais traços e vitaminas para as fases de Creche I (Tabela 2), Creche II (Tabela 3) e Creche III (Tabela 4) foram fornecidos por 25 empresas.
Tabela 3 -Média, desvio padrão (DP), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%), valor máximo (Max), taxa relativa à Tabela Brasileira de Aves e Suínos (ratio BRA) e taxa relativa aos níveis da indústria Norte Americana (ratio USA) para minerais traços e vitaminas adicionados a dietas de Creche II (36 a 49 dias de idade).
Tabela 4 – Média, desvio padrão (DP), valor mínimo (Min), percentil 25% (25%), mediana, percentil 75% (75%), valor máximo (Max), taxa relativa à Tabela Brasileira de Aves e Suínos (ratio BRA) e taxa relativa aos níveis da indústria Norte Americana (ratio USA) para minerais traços e vitaminas adicionados a dietas de Creche III (50 a 70 dias de idade).
Os níveis de suplementação de minerais traços e vitaminas para as fases de Creche I (Tabela 2), Creche II (Tabela 3) e Creche III (Tabela 4) foram fornecidos por 25 empresas.
Comparados com Rostagno et al. (2017), os níveis de Cu e Zn observados no presente estudo foram substancialmente elevados, no entanto, não diferiram daqueles observados por Flohr et al. (2016).
Um aspecto interessante envolve os níveis de Mn e I, que foram muito superiores aos utilizados pela indústria
Norte Americana (Flohr et al., 2016).
Excetuando o Cu (70,9 – 80,0 %), Zn (63,4 – 181,9 %) e o Co (55,6 %; considerando apenas para a fase de Creche II), pequenas variações foram observadas entre as empresas (29,5 – 47,5 %).
Para as vitaminas lipossolúveis, os níveis observados no presente estudo representaram valores entre 0,9 e 1,7 vezes aos recomendados por Rostagno et al. (2017) e entre 0,8 e 1,3 vezes os níveis praticados pela indústria Norte Americana (Flohr et al., 2016).
Exceto pela vitK, todos os níveis foram superiores às indicações da Tabela Brasileira (Rostagno et al., 2017), porém semelhantes aos números compilados por Flohr et al. (2016). Níveis elevados de variação entre as empresas foram observados para vitE (61,7 – 71,4 %) e vitK (50,0 – 53,4 %).
A indústria suinícola brasileira utiliza níveis de vitaminas hidrossolúveis entre 1,0 e 5,0 vezes os valores recomendados por Rostagno et al. (2017) e entre 0,4 e 2,1 vezes os valores observados por Flohr et al. (2016).
Apesar desses valores serem, de modo geral, superiores às orientações de referência brasileira (Rostagno et al., 2017), eles foram globalmente inferiores aos utilizados pela indústria Norte Americana (Flohr et al., 2016).
A única exceção foi a colina, que foi significativamente superior à observada por Flohr et al. (2016). Grandes variações entre as empresas mostram-se evidentes para vitB₆, vitB₇, vitB₉ e colina para as fases de Creche I e II (50,5 – 88,1 %) e para vitB3 e vitB5 para a fase de Creche III (50,9 – 51,6 %).
CONCLUSÕES |
Esta condição pode indicar uma postura de precaução ou de segurança diante das presumidas maiores demandas nutricionais que os animais detêm. Todavia, há indicativos de que a diversidade dos níveis utilizados não tem um amplo respaldo científico, apontando para uma lacuna, que deve ser explorada com mais pesquisas e investimentos. [/cadastrar]