O metabolismo da glicose mantém as funções vitais regulando o fornecimento de energia para células e tecidos. Este processo nos ruminantes é caracterizado por baixas concentrações de glicose – e baixa resposta à insulina – nos tecidos periféricos (Bell, Bauman, 1997; Sasaki 2002).
Fornecimento de glicose
Nas espécies monogástricas, o principal suprimento de glicose é a absorção no intestino a partir dos alimentos ingeridos, enquanto os ruminantes dependem principalmente da glicose produzida pela gliconeogênese hepática.
O precursor glicogênico primário é o propionato, representando mais de 60% dos substratos, seguido pelo lactato, com aproximadamente 20%, depois aminoácidos, ácidos graxos voláteis menores (valerato, isobutirato) e glicerol (Drackley et al., 2001).
Captação de glicose: tecidos versus glândula mamária
Para que a glicose seja efetivamente absorvida pelas células, ela precisa ser transportada por moléculas transportadoras de glicose (GLUT). Existem 13 tipos diferentes de GLUTs, cada um com uma função e modo de operação específicos.
- A captação de glicose na glândula mamária é um caso especial: é impulsionada essencialmente por GLUT1 e GLUT8, e caracterizada pela ausência de GLUT4. Em outras palavras, aqui, o processo de metabolismo da glicose não é regulado pela insulina. Em termos de quantidade, a glândula mamária absorve mais de 50% da glicose disponível e esse número pode subir até 85% quando a produção atinge o pico.
Economia de glicose
No final da gestação e no início da lactação, as vacas leiteiras apresentam resistência à insulina. De fato, os processos internos da vaca mudam de forma a garantir um suprimento suficiente de glicose ao bezerro, direcionando a glicose para a produção de leite e, ao mesmo tempo, limitando a absorção de glicose no tecido periférico (De Koster e Opsomer, 2013). Esse fenômeno é conhecido como “economia de glicose”.
Inibição da gliconeogênese
A gliconeogênese é o principal processo metabólico produtor de glicose em ruminantes. Essa via é regulada pela disponibilidade de substrato e hormônios como insulina e glucagon. O trabalho da insulina é inibir a gliconeogênese e diminuir a produção de glicose quando necessário.
Suplementação com extratos vegetais para promover a produção de leite
Um estudo foi realizado para avaliar o efeito da suplementação de capsaicinoides protegidos no rúmen (RPC) em uma resposta a um teste de tolerância à glicose medindo glicose no sangue e concentração de insulina (Oh et al., 2017). A concentração de glicose não foi afetada pela suplementação de RPC após o teste da glicose.
No entanto, em comparação com o controle, o RPC diminuiu a concentração sérica de insulina após o desafio com glicose. A área sob a curva de concentração de insulina foi diminuída em 25% por RPC (Ver Figura 1).
Capsaicina protegida do rúmen e desempenho do período de transição
O desempenho geral foi melhorado para vacas que receberam RPC com um aumento de 8,6% no leite considerada a correção pela energia (veja a Figura 2). Além disso, o aumento da glicose no sangue aos 3 dias pós-parto aponta para uma mudança potencial na resposta à insulina e na gliconeogênese hepática.
Promovendo a economia de glicose e a gliconeogênese
No geral, esses resultados podem sugerir que, ao diminuir a quantidade de insulina secretada, a RPC pode ter redirecionado a glicose para a produção de leite em vacas leiteiras em lactação.
Por Sebastien Constantin
Gerente de Desenvolvimento de Negócios – Bioativos, Pancosma