O problema gerado pelo novo coronavírus, diz o banco holandês, traz ainda mais pressão sobre a oferta mundial de carne suína, já abalada pela avanço da peste suína africana na China, no Sudeste Asiático e também em alguns países da Europa.
No início de 2020, o banco estimava queda de 5% na produção mundial de carne suína, em comparação com 2019. Agora, o Rabobank prevê um declínio de 8%, puxado pelas menores ofertas da China (projeção de queda de 17% sobre a produção do ano passado), Filipinas (-9%) e Vietnã (11%). Também se espera que ocorra ligeiras quedas na produção de suínos no Brasil (-1,5%) e União Europeia (-0,5%). O banco, porém, prevê algum aumento de oferta nos EUA (1,3%), apesar do registro de interrupções temporárias em algumas unidades de produção devido a casos de Covid-19.
Brasil em alerta
Segundo o relatório do Rabobank, a suspensão de vários matadouros habilitados para exportar à China nas últimas semanas colocou o mercado brasileiro em alerta. Duas fábricas de suínos foram embargadas e existe a possibilidade de suspensões adicionais, relata o banco.
Na avaliação da instituição, depois do forte volume de importações de carne suína brasileira por parte da China registrado ao longo do primeiro semestre do ano, o país asiático pode reduzir o ritmo de compras do Brasil durante este terceiro trimestre.
No primeiro semestre de 2020, os embarques brasileiros de carne suína cresceram 37% em volume e 53% em receita, em relação ao mesmo período de 2019. No mesmo intervalo de comparação, as exportações para a China foram 150% maiores, atingindo um volume de 231.000 toneladas e representando 49% do total dos embarques de carne suína do País.
Por outro lado, o mercado interno continua em queda, refletindo a deterioração na economia. Com níveis de oferta superiores ao consumo doméstico, cresce a possibilidade de redução na produção interna de carne suína, prevê o banco. No primeiro trimestre, a produção de carne suína no Brasil foi 7,6% maior em relação ao ano anterior e aumentou 0,6% em comparação ao quarto trimestre de 2019.
Essa elevação de oferta reduziu os preços internos da carne suína em abril em 23%, mas, a partir de meados de maio, a oferta e a demanda foram mais equilibradas e, com isso, as cotações começaram a se valorizar. Isso ocorre porque a produção começou a cair no segundo trimestre, enquanto a demanda teve uma ligeira melhora, devido ao alívio das medidas de quarentena em algumas regiões e também impulsionada pela distribuição de dinheiro à população por parte do plano governamental de auxílio emergencial, segundo avaliação do Rabobank.
Por Portal DBO