O presidente da Embrapa falou também em entrevista ao ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento sobre as três grandes ondas da história da agricultura, baseadas em tecnologia. “Aprendi que a melhor forma de comunicar é contar histórias, e a história das três ondas do agro brasileiro define bem o que vimos e estamos vendo acontecer.”
Moretti, que é graduado em agronomia e mestre e doutor em Produção Vegetal, explicou que as três ondas abordam, respectivamente, a expansão, a competitividade e a sustentabilidade do setor agrícola no Brasil. “Essas etapas colocaram o Brasil como um dos maiores produtores de alimentos, fibras e bioenergia, exportando para mais de 180 países. Tudo isso, é preciso destacar, com um agro sustentável”, contou.
Sustentabilidade e Mudanças Climáticas
Ainda segundo o presidente da Embrapa, todos os tipos de negócios mundiais serão afetados pela situação da mitigação do carbono até 2050, não importa o setor em que estejam, e o Brasil tem ciência e tecnologia para enfrentar essa questão que está no centro da agenda mundial. “Não tenho dúvida de que nós, Embrapa, universidades e institutos de pesquisa agropecuária que estão à frente da ciência e tecnologia, vamos contribuir fortemente para atingir essas metas. Temos trabalhado com o melhoramento genético para que animais fiquem mais adaptados às temperaturas elevadas ou às regiões com baixa disponibilidade de água e acabamos de lançar, no nosso aniversário de 48 anos, um bioinsumo chamado Auras, que é uma inovação e vai contribuir para que plantas possam conviverem melhor com a seca”, confirmou Moretti.
Segundo Moretti, a produção de leite de baixo carbono é um outro trabalho em desenvolvimento pela Embrapa e que tem novidade em progresso. “Estamos desenvolvendo uma calculadora para que o produtor de leite possa calcular o quanto ele emite e o quanto ele mitiga de carbono, para assim demostrar que aquele leite que chega na mesa do consumidor é um leite sustentável, de baixo carbono”, esclareceu.
Agricultura 4.0
“O digital na nossa vida é essencial. Temos avançado de forma muito consistente na agriculta digital com sensores, drones, internet, inteligência artificial, visão e simulação computacional”, informou o presidente da Embrapa ao defender que a agricultura 4.0 é uma frente inevitável para agro.
Moretti também explicou que, apesar dos avanços em tecnologia, o Brasil possui um grande desafio na agricultura 4.0: a conectividade. “Segundo dados do IBGE de 2017, somente 30% das propriedades rurais tinham conexão com a internet. Se não avançarmos em passos largos nessa questão, vamos ficar para trás. O Brasil precisa investir seriamente na conectividade. O 5G vem aí e tenho esperança de que será um grande avanço para a agricultura digital”, afirmou.
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