Nutrição de bezerras leiteiras: inclusão de óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto como melhoradores de saúde e desempenho
Quando falamos de suplementar a dieta de algum animal, precisamos entender primeiramente a nutrição básica da espécie. É sabido que a alimentação de bezerras inicia com o consumo de colostro já nas primeiras horas de vida, que além da parte nutricional, fornece a imunidade inicial como células de defesa, principalmente imunoglobulinas (CHASE et al., 2008), além de vários outros compostos.
Quando falamos em substitutos de leite temos algumas opções disponíveis, mas a principal delas é o sucedâneo lácteo, que é basicamente um leite em pó feito de forma industrial.
Porém, a desvantagem de seu uso é que muitos possuem inclusão de ingredientes vegetais para aumentar a concentração de proteína e carboidrato de baixo custo, o que afeta diretamente no desenvolvimento da bezerra, visto que elas não possuem o trato gastrintestinal desenvolvido para conseguir digerir certos ingredientes (BITTAR et al., 2018) como o farelo de soja, que muitas vezes é utilizado com esse objetivo. |
Juntamente com a dieta líquida as bezerras devem receber uma dieta sólida, a qual é a base de concentrado com alta concentração de proteína para auxiliar no desenvolvimento e crescimento, essa concentração normalmente varia de 22 a 26%, e deve ser composta por ingredientes de boa qualidade, porque como já citado, a capacidade de digestão nessa fase não é tão eficiente.
Os óleos essenciais no geral possuem ações de antioxidantes, antimicrobianos, melhoradores de sistema imunológico e, principalmente, melhoradores de desempenho (CHAPMAN et al., 2016). Para entender a ação de cada óleo essencial é preciso conhecer a sua composição, e saber quais os compostos bioativos fazem parte da estrutura do óleo.
Atualmente, o principal uso de óleos essenciais na nutrição de ruminantes é como melhorador de desempenho, devido a capacidade de modular a microbiota ruminal e por consequência afetar a fermentação ruminal. |
Bezerras como já se sabe são animais não-ruminantes logo ao nascerem, pois nascem com seu sistema ruminal subdesenvolvido em função e tamanho, e seu desenvolvimento irá acontecer com o passar das semanas.
Além disso, sabe-se que um grande problema da criação e bezerras é a incidência de diarreia infecciosa causada por algum microrganismo patogênico presente na microbiota intestinal, que acaba acarretando também na desidratação, perda de apetite e consequentemente na perda de peso (CHO & YON et al., 2018), que em casos mais severos, pode levar o animal a óbito.
Nessa questão entram os aditivos alimentares, inclusive os óleos essenciais, que devido a sua ação antimicrobiana possuem capacidade de modular a microbiota intestinal, favorecendo os microrganismos benéficos e diminuindo a presença dos microrganismos patogênicos causadores de diarreia e outros sinais clínicos (JOUANY & MORGAVI, 2007).
E essa modulação tem mais eficiência quando feita no início da vida, antes que a microbiota se torne estável e a alteração dela se torne mais difícil (DILL-McFARLAND et al., 2018).
Além das IgA serem adquiridas pelas bezerras via colostro, na minha dissertação de mestrado pudemos observar que ela pode ser estimulada pelos óleos essenciais de canela, orégano e eucalipto, que também diminuíram os níveis de leucócitos e linfócitos, favorecendo o sistema imunológico.
Melhorando a microbiota intestinal e o sistema imunológico, as bezerras estarão mais saudáveis e resistentes, e por consequência, poderemos observar uma melhora no desempenho zootécnico com maior ganho de peso e eficiência alimentar, o que acaba sendo melhor aos olhos do produtor, já que nesse ponto os resultados estarão visíveis no dia a dia.
Tabela 1. Óleos essenciais na nutrição de bezerras leiteiras e suas funções
Fonte: Adaptado pela autora com base nos trabalhos de Ritt et al. (2021); Katsoulos et al. (2017); Selvi e Tapki (2019); Calsamiglia et al. (2007); Moo et al. (2021); Caldas et al. (2015); Cai et al. (2020); Volpato et al. (2019); Soltan (2009); Farshid et al. (2021); Liu et al (2020).
Os óleos de canela, orégano e eucalipto vem sendo bastante utilizados em pesquisas científicas devido aos seus inúmeros benefícios, e não somente em bezerras, mas em ruminantes como um todo. Hoje, os óleos essenciais também ocupam um grande espaço no meio comercial, tanto para utilização animal quanto para humana.
Uma das grandes vantagens da utilização de óleos essenciais e outros aditivos, é que a inclusão na dieta é baixíssima por serem produtos extremamente potentes, então mesmo tendo um valor de aquisição relativamente alto, o custo acaba sendo diluído. |
Visto isso, o uso de óleos essenciais pode ser uma alternativa positiva para a inclusão na dieta de bezerras, inclusive os de canela, orégano e eucalipto, já que melhoram os dois pontos mais importantes quando falamos da criação de bezerras leiteiras: saúde e desempenho.
Portanto, os óleos essenciais são uma alternativa favorável a saúde e desempenho das futuras vacas leiteiras da propriedade rural.
Referências bibliográficas sob consulta. [/cadastrar]