O documento mapeou um número de startups ativas 40% maior em comparação ao Radar Agtech Brasil 2019, mesmo em um ano de pandemia. O estado de São Paulo mantém a liderança em quantidade de agtechs, com 48% do total, mas a Região Nordeste foi onde o estudo encontrou o maior número de novos empreendedores, em comparação com a edição de 2019.
A nova versão do Radar Agtech Brasil, que será lançada em 28 maio, também identificou 78 instituições que investiram e apoiaram o empreendedorismo de startups do setor agropecuário no Brasil, possibilitando o acesso a oportunidades de incubação, aceleração e investimentos. Essa informação é crucial para que as startups consigam obter recursos e capital para atingir suas metas de crescimento. Além disso, foi explicitado quais são as 223 agtechs nacionais beneficiadas pelas instituições que aportaram recursos financeiros e/ou de gestão, com destaque para a Região Sudeste, sendo que 62% delas estão no estado de São Paulo.
Além disso, o estudo avalia novas possibilidades no contexto da cooperação técnico-científica e complementaridades entre Brasil e China no mercado agroalimentar e na inovação e empreendedorismo agrícola. Os chineses ocupam o segundo lugar entre os principais ecossistemas empreendedores mundiais, conforme o relatório Global Startup Ecosystem Report 2020 (GSER), da Startup Genome.
Na seção sobre o panorama do ecossistema de inovação, o estudo indica perspectivas tecnológicas, destacando ainda os programas de relacionamento com startups, especialmente as iniciativas desenvolvidas pela Embrapa. Outras duas seções apontam as expectativas brasileiras frente ao comportamento global de venture capital com foco em agtechs, relacionadas a potenciais impactos positivos e riscos associados a suas operações.
A disponibilização dos dados do Radar Agtech Brasil 2020/2021 aos usuários do site, por meio de mapa e gráficos interativos, constitui uma plataforma de BI (Business Intelligence) que passou a ser fornecida a partir deste ano. “Isso permite ao usuário visualizar e localizar de maneira fácil e rápida uma startup de seu interesse, além de permitir uma visão panorâmica de todo o conjunto de dados levantados e analisados”, afirma o chefe de P&D da Embrapa Instrumentação, José Marconcini.
As agtechs em números
O Radar Agtech Brasil 2020/2021 identifica investidores e detalha as startups por segmento de atuação, categoria – antes, dentro e depois da porteira – e por distribuição geográfica. As informações sobre localização, site e contato das empresas também estão organizadas. O novo levantamento aponta que o estado de São Paulo continua liderando com 48% das agtechs. A capital paulista, classificada como o 18º ecossistema de startups do mundo, segundo estudo de 2020 da StartupBlink, contribui com 22% do total das agtechs mapeadas.
O percentual por regiões ficou o seguinte: Sudeste, 62,4% (983); Sul, 25,2% (397); Centro-Oeste, 6,1% (96); Nordeste, 4,6% (72); e Norte, 1,7% (26), representando um aumento no número mapeado de 84,6% das agtechs nordestinas e de 53% no número de startups da Região Norte em comparação com o Radar Agtech Brasil 2019. Além disso, os cinco estados com mais startups do agro são: São Paulo (757), Paraná (151), Minas Gerais (143), Rio Grande do Sul (124) e Santa Catarina (122).
O estudo mostra ainda que a maioria das startups que atuam antes da fazenda está voltada à área de Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal. Dentro da porteira o destaque é para Sistemas de gestão de propriedade rural e, depois da fazenda, para Alimentos inovadores e novas tendências alimentares, diz a coordenadora do trabalho na Embrapa, Shalon Silva, supervisora de Ambientes, Redes e Iniciativas da Secretaria de Inovação e Negócios (SIN).
O quadro geral com as cinco principais áreas de atuação das agtechs nos segmentos antes, dentro e depois da fazenda ficou assim:
- Fertilizantes, Inoculantes e Nutrição Vegetal (46);
- Crédito, permuta, seguro, créditos de carbono e análise fiduciária (42);
- Análise laboratorial (33); Sementes, mudas e genômica vegetal (24); e
- Nutrição e saúde animal(19).
Dentro da fazenda são:
- Sistema de gestão de propriedade rural (154);
- Plataforma integradora de sistemas, soluções e dados (111);
- Drones, máquinas e equipamentos (79);
- Sensoriamento remoto, diagnóstico e monitoramento por imagens (70) e,
- Conteúdo, educação, mídia social (58).
Segundo Silva, além do método ativo de busca, a metodologia foi aperfeiçoada para mostrar um retrato o mais abrangente possível da realidade. “Os dados coletados na atual versão do Radar Agtech Brasil 2020/2021 proporcionam a classificação das startups em segmentos alinhados com as atualizações das tipologias internacionais e, adicionalmente, traz em seus resultados a discussão do cenário de investimentos em agtechs e foodtechs nacionais”, pontua.
O papel da pesquisa na digitalização da agricultura
O papel do Radar Agtech Brasil 2020/2021 é dar maior visibilidade às agtechs e gerar informações que estimulem as oportunidades de negócios, buscando aproximar empreendedores, universidades e instituições de pesquisa, agricultores, pecuaristas, investidores e representantes do governo, ampliando o ecossistema de inovação aberta. Outro intuito é facilitar a interação das startups com instituições e produtores locais, incentivando também o desenvolvimento de programas e iniciativas nas várias regiões do País.
“A Embrapa, como empresa pública de pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I), está ampliando suas parcerias para o desenvolvimento de novas soluções e apoiando o fortalecimento de ecossistemas de inovação com diversas organizações para gerar e disseminar resultados com soluções para agricultores e usuários finais, ou seja, para a sociedade. Dessa maneira, desenvolve conhecimento crítico e busca a complementaridade de ativos com esses atores do ecossistema – startups e investidores – dando ênfase à sustentabilidade e proteção dos interesses nacionais para continuar fortalecendo a proeminência do Brasil no agronegócio mundial”, afirma a diretora.
Radar Agtech Brasil amplia a cultura da inovação no BrasilNa visão da chefe-geral da Embrapa Informática Agropecuária (SP), Silvia Massruhá, o Radar Agtech Brasil 2020/2021 busca impulsionar ainda mais esse setor para ampliar o desenvolvimento e a disseminação de soluções digitais para o agronegócio, contribuindo com o avanço da agricultura digital. Além do mapeamento, a Unidade tem atuado em diversas iniciativas de apoio às agtechs. Entre os vários programas de aceleração que a Embrapa participa, a Unidade promove, em parceria com a Venture Hub, o TechStart Agro Digital. O programa já graduou 11 startups no primeiro ciclo e desenvolve a segunda rodada, com a participação de nove agtechs. |
Fonte: Valéria Cristina Costa | Secretaria de Inovação e Negócios
Nadir Rodrigues | Embrapa Informática Agropecuária
Joana Silva | Embrapa Instrumentação