“Uma grama de prevenção vale um quilo de cura” Benjamin Franklin (1736)
Os conceitos de prevenção e controle de doenças na aquicultura, particularmente através da modulação da microbiota de peixes, têm recebido atenção significativa. Historicamente, a aquicultura comercial depende principalmente do uso de antibióticos para combater doenças infecciosas.
Várias classes de aditivos alimentares, como probióticos e prebióticos têm sido usados na aquicultura como alternativa aos antibióticos para melhorar o crescimento, a saúde e a resistência a doenças, modulando as respostas imunes.
Os probióticos são microrganismos vivos que beneficiam a fisiologia do hospedeiro modulando a imunidade mucosa e sistêmica, melhorando o equilíbrio nutricional e microbiano no trato intestinal. Os referidos microrganismos incluem muitas bactérias gram-negativas e gram-positivas, microalgas e leveduras, que têm sido amplamente utilizadas na aquicultura individualmente ou em combinação, sendo administradas via ração ou adicionadas à água de criação.
A manipulação da microbiota intestinal pela inclusão de probióticos na dieta visando crescimento, funções digestivas, imunidade e resistência a doenças do hospedeiro tem sido investigada em muitos peixes.
A capacidade imunomoduladora atribuída aos probióticos fornecidos à tilápia do Nilo parece ser fundamental nas estratégias de manejo sanitário, uma vez que o problema mais vivenciado pela piscicultura é o aumento da incidência de doenças.
A tilápia hospeda inúmeras espécies microbianas em sua pele, ovos, brânquias e trato gastrointestinal.
A microbiota intestinal influencia marcadamente a homeostase e a digestão, modulando não apenas a fisiologia e as respostas imunes do hospedeiro, mas também a morfologia e a função do epitélio intestinal.
Os probióticos podem afetar positivamente as defesas intestinais do hospedeiro, criando um ambiente hostil para patógenos, competindo por nutrientes essenciais, bloqueando locais de adesão no epitélio e modulando as respostas imunes em níveis fisiológicos e moleculares.
Além da proteção contra patógenos bacterianos, os probióticos também podem proteger contra:
- Vírus patogênicos,
- Fungos e
- Protozoários.
A levedura probiótica Saccharomyces cerevisiae incluída nas dietas de tilápias do Nilo, por exemplo, aumentou a resistência contra o fungo patogênico Aspergillus flavus em um nível ótimo de inclusão de 6g.kg−1 na dieta (Abdel-Tawwab et. al., 2020)
Ácidos orgânicos, ácidos graxos de cadeia curta, vitaminas, antibióticos, bacteriocinas, peróxido de hidrogênio estão listados entre as substâncias sintetizadas por probióticos que têm afetado positivamente a saúde e o bem-estar dos hospedeiros.
Bactérias lácticas competem com patógenos por locais de adesão no epitélio da mucosa do trato gastrointestinal em vários peixes, incluindo tilápia. Por exemplo, Leuconostoc mesenteroides inibiu o crescimento de bactérias patogênicas em tilápias do Nilo, particularmente Vibrio spp. e Mycobacterium spp.
A administração de probióticos é uma estratégia viável e sustentável para modular a imunidade da tilápia, aumentando os mecanismos de proteção da barreira intestinal e, em última análise, prevenindo o desenvolvimento de várias doenças.
Além da clara especificidade espécie-hospedeiro, fatores extrínsecos e intrínsecos como:
Podem afetar a microbiota dos peixes, gerando resultados significativamente divergentes entre os estudos com probióticos.
Role of probiotics on the immunity of Nile tilapia Oreochromis niloticus: a review
Fonte: Alves et. al., 2022