Qualidade da casca do ovo da matriz & qualidade de carcaça do frango

Como disse Willian Arthur Ward (escritor estadunidense):

Como estão as sementes de onde germinam seus resultados?

A colheita desejada da indústria de frangos de corte é o seu produto, a carcaça perfeita, livre de lesões que a condenem a não chegar à mesa do consumidor. A carcaça que transpareça o quão bem cuidado foi o frango durante o seu curto ciclo de vida, em cuja embalagem a indústria estampará sua MARCA.

Observemos que vida acontece numa maravilhosa sucessão de ciclos, e todo o foco da nutrição de uma reprodutora deve ser voltado para qualidade da casca dos seus ovos, afinal queremos plantar boas sementes pra ter boas colheitas.

O início de um ciclo é a construção do esqueleto cortical da pintainha nas primeiras 15 semanas de idade, passando pela boa formação e manutenção do osso medular no decorrer de toda a vida produtiva da fêmea e terminado na postura do ovo fecundado. Aqui um salto quântico ocorre!

O ovo transcende para uma oitava superior! Então, começa um novo ciclo e o que antes foi osso medular na fêmea reprodutora, agora é a casca do ovo, que protegerá o embrião durante seu desenvolvimento e tornar-se-á em breve o esqueleto do pintinho.

Pintainhas alimentadas com Availa® ZMC apresentaram:

• 14.5 % + Zn
• 13.8 % + Mn
• 9.4 % + Cu
• 4.7 % + P
• 4.6 % + Ca
  Medeiros-Ventura, et al., 2020

O processo de nutrição cálcica do pintinho é via membrana corioalantóidea do saco vitelino, cujo contato com a membrana interna da casca bem formada, possibilitará o transporte do cálcio da casca para a calcificação de seus ossos.

Pois, bem. Aqui está o sentido da questão que este texto suscita. Cascas com imperfeições na formação de sua ultraestrutura (que é base orgânica formada pelas membranas interna e externa), evidenciadas pelas manchas translucentes em sua superfície, geram pintinhos com ossos frágeis.

Estas más formações geram espaços nos quais o carbonato de cálcio não tem o contato intrínseco que deveria ter com a membrana externa da casca, pois com a base mal formada, perdeu-se a perfeição da ordem geométrica equidistante dos sítios de nucleação onde os cristais de carbonato de cálcio seriam depositados, e eles agora flutuam sobre as falhas sem que o embrião possa acessar.

Quando mais extensas são estas falhas de ultraestrutura, menos chances o embrião tem de obter o cálcio suficiente para sua formação óssea.

É primordial que o embrião tenha desenvolvido seu esqueleto completamente antes de deixar o ovo para dar os primeiros passos em um novo salto quântico da natureza. Sua entrada no meio ambiente onde ele enfrentará todos os desafios inerentes à produção em grande escala.

O melhoramento genético o preparou para expressar no seu corpo uma grande deposição de proteína em forma de peito e coxas. Mas, se ele veio de um ovo cuja ultra-estrutura da casca foi mal formada, sua coluna ainda não está totalmente calcificada no momento da eclosão.

Ainda assim, seu código genético fala mais alto e a boa nutrição fará com que as células musculares cresçam e se desenvolvam. Então, a coluna mal calcificada sofre o peso do rápido crescimento e ocorre um processo de compressão de medula, que causa dor, e ele começa a mancar, seu caminhar é difícil, ele se move com dificuldade, passa mais tempo deitado, outros frangos mais rápidos passam sobre ele, arranhando-o, cortando sua pele onde as penas ainda não cresceram. Estes arranhões e cortes podem cicatrizar superficialmente e esconder processos infecciosos sobre a pele que invalidam a carne para consumo.

A compressão de medula pode aparecer em diferentes momentos do ciclo de crescimento e o caminhar pode tornar-se cada vez mais difícil. O peito em contato com a cama por mais tempo torna-se um ambiente propício ao desenvolvimento de bactérias, o que podem dar origem às dermatites e celulites tão indesejáveis na carcaça.

O próprio ar que circula no aviário, com as altas densidades populacionais, está carregado de bactérias que entram pelo sistema respiratório e podem formar processos inflamatórios nos ossos, conduzindo às condronecroses bacteriais, que por ser um processo infeccioso, condena as partes afetadas da carcaça, como dorso e articulações das pernas. A carcaça deste frango será irremediavelmente comprometida.

É óbvio que a nutrição do frango desde o dia que ele deixa o ovo tem uma relevante e indiscutível importância no seu desempenho e na qualidade da carcaça. Como também não se discute que o trabalho de apanha, transporte, descarregamento e atordoamento do frango na planta frigorífica são os processos nos quais a carcaça mais sofre danos devidos às contusões, fraturas e hematomas inerentes das falhas comuns destes processos.

Como se não bastassem todos os desafios sanitários, de clima, de manejo e de nutrição enfrentados pelo pintinho recém chegado ao mundo até o final do seu ciclo de vida, afetando seu desempenho, ela ainda traz consigo, além de sua própria história de vida, toda a história da nutrição mineral da galinha que lhe deu origem, e esta história é contada no dia do seu sacrifício.

Então, quando se discute qualidade de carcaça do frango de corte, é preciso falar do princípio feminino gerador da semente. Aquela que considero a rainha da indústria de frangos, a partir da qual tudo tem início: SUA MAJESTADE A REPRODUTORA!