O problema é que o total de empresas que trabalham com rações e suplementos no Brasil resulta em uma lista de mais de 2500 opções. Como separar o “joio” do “trigo”? Abaixo, listamos 10 pontos que podem ajudar o pecuarista decidir qual deve ser sua fornecedora:
Para saber se empresa é registrada, basta verificar o seu número do “serviço de inspeção federal”, o SIF. É a Coordenação de Produtos de Alimentação Animal (CPAA), do Departamento de Fiscalização de Insumos Pecuários, da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA), a responsável pelo registro da fábrica e seus produtos. Se a fábrica tem SIF, significa que teve suas instalações e métodos de trabalho aprovados, dentro das boas práticas de fabricação (BPF) estipuladas pelo próprio MAPA. Usar apenas produtos registrados, aliás, é uma das condições básicas das Boas Práticas Agropecuárias (BPA), da Embrapa.
Ainda que seja saudável prestigiar empresas nascentes, ou com poucos anos de mercado, para manter a concorrência, o fato de a empresa funcionar já por longo tempo, por si só, é muito meritório: é difícil manter-se anos a fio sem ter boa qualidade. Outra vantagem, ainda mais importante, é que essa empresa tem conhecimentos tácitos do mercado, o que ajuda a reduzir riscos como, por exemplo, cair nas mãos de um fornecedor de matérias-primas picareta. Enfim, experiência ainda conta muito! (Está implícito neste item que uma das atividades mais importantes que uma fábrica de sal deve ter é o controle de qualidade das matérias primas).
Uma estratégia, cada vez mais utilizada pelas empresas de suplemento, para se diferenciarem da concorrência e tentarem fidelizar os clientes é, junto com a compra do produto, a oferta de alguma prestação de serviço. O mais comum é o da visita à propriedade para orientar quanto ao melhor uso dos produtos, o que pode ser complementado por algum tipo de diagnóstico da propriedade, formulação de algum suplemento específico, etc. Evidentemente que, no fundo, esses serviços não são de graça. Além disso, eles serão tão mais sofisticados, quanto maior for o interesse da empresa no fazendeiro como cliente, ou seja, naturalmente os técnicos da empresa acabam dando maior atenção para grandes compras, o que favorece quem tem escala (ou para aqueles que criam a escala! Veja próximo item);
Para fazer uma linha de produtos, basta que a empresa contrate um consultor. Por isso, a grande vantagem em se a empresa tem uma boa equipe técnica é que os serviços eventualmente prestados serão de qualidade, bem como aumenta a chance dela ter agilidade para responder a dúvidas dos clientes.
Apesar da capa do livro, por mais atraente que seja, não garantir uma boa leitura, a embalagem de um suplemento pode ajudar a prever o fim da história com seu uso. Níveis de garantia, ingredientes, consumo esperado e recomendações são informações básicas que devem ser usadas para se fazer as comparações e se chegar a escolha. Além delas, é interessante checar as informações adicionais: fuja das empresas que incluem “pozinhos mágicos”. Na dúvida para saber o que tem fundamentação técnica ou que seja apenas estratégia de marketing, há várias fontes a se recorrer, principalmente aos serviços públicos de extensão e assistência técnica (por exemplo, AGRAER, EMATEREs, etc.), universidades, agências estaduais (APTA, Pesagro, etc.) e, claro, à Embrapa.
Aquele restaurante que tem, em algum lugar, aquele aviso “Visite nossa cozinha!” já fez um ponto com a clientela, pois demonstra confiança nos processos que garantem a qualidade do prato que se irá comer. Seria arriscado ter esse aviso e usar práticas ruins. Assim, se a empresa é aberta à visitação, provavelmente, faz um bom trabalho. Melhor ainda se o cliente for mesmo conhecer a fábrica. Além de ficar sabendo como o produto que ele compra é feito, pode aproveitar a visita para estreitar a relação com o fornecedor, o que é sempre bom e que, efetivamente, pode resultar em melhores resultados ou mais economia. (Na visita, pela importância que tem numa fábrica de sal, avalie especialmente como é feito o controle de qualidade das matérias primas)
Por último, o ponto mais importante, já que costuma ser usado como único critério de compra: o preço! Para a maioria dos sistemas de produção, o sal mineral é o desembolso mais sentido pelo pecuarista, ainda que, no custo total (considerando o valor dos animais, as depreciações e custos de oportunidade de capital), ele represente menos do que 10% do total. Além disso, grandes diferenças no custo de compra podem ser compensados por melhorias discretas no desempenho, conforme demonstrado a seguir: Considerando um rebanho de 1.000 cabeças e o gasto de um saco de sal mineral por animal ano, comprar um sal custando R$ 30,00/saco, em vez de outro custando R$ 40,00/saco, representaria uma economia de R$ 10.000,00/ano, algo equivalente a cerca de 100 @.
Qual precisaria ser o ganho adicional para pagar o investimento no sal de melhor qualidade? Como são 1.000 animais, cada animal precisaria ganhar 0,1 @ a mais para compensar o investimento (afinal, as 100 @ devem ser pagas pelos 1000 animais). Estipulando um rendimento de carcaça de 50%, seriam necessárias 0,2 @/cabeça.ano, ou seja, bastaria que os animais ganhassem em média pouco mais de 8 gramas por dia para pagar essa diferença.
No final das contas, o que importa mesmo é o resultado que se obtém em sua fazenda. Assim, que cada um avalie seus resultados e, se houver dúvidas quanto à qualidade dos suplementos, não deixem de aproveitar a imensa gama de ofertas existente no mercado, para o que esperamos que as dicas acima ajudem a fazer uma boa escolha.
Por: Sergio Raposo de Medeiros, Pesquisador Embrapa Pecuária Sudeste