Apesar do fornecimento de alimentos derivados da aquicultura ter aumentado significativamente nos últimos anos, o desenvolvimento da aquicultura enfrenta desafios como a ocorrência de doenças que podem levar ao aumento da diminuição de taxas de crescimento e da mortalidade e, com isso, perdas econômicas substanciais com a redução do valor comercial dos peixes. Tais doenças são normalmente controladas com produtos quimicos e antibióticos como oxitetraciclina, florfenicol, amoxicilina e eritromicina.
No entanto, explica o pesquisador Leonardo Fraceto, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, o uso indiscriminado dessas substâncias pode ter grandes resultados negativos com impactos na saúde humana e no meio ambiente com o aparecimento de microrganismos resistentes que passam a estar presentes em fluxos de águas residuais de fazendas ou plantas agroindustriais e, em consequência, podem ser transferidos para culturas alimentares ou águas superficiais.
Óleos essenciais derivados de plantas são candidatos promissores para substituir antibióticos e outros agentes quimioterápicos em aquicultura, oferecendo vantagens, incluindo baixo impacto ao ambiente, alta biodegradabilidade, baixa toxicidade e custos reduzidos para os piscicultores, acredita Fraceto.
Contudo, explica Angelica Luis, pós-graduanda da Unesp, existem certas limitações em relação às suas aplicações em grande escala na aquicultura, especialmente devido a sua baixa solubilidade aquosa, baixa estabilidade e alta sensibilidade à irradiação ultravioleta e às temperaturas elevadas. Desta forma, torna-se importante o desenvolvimento de novas tecnologias para superar as limitações do uso dos óleos essenciais.
De acordo com Vera Castro, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente, esta pesquisa avaliou fitoterapicos em associação com o uso de nanotecnologia com o objetivo de obter um tratamento mais eficaz e menos prejudicial ao ambiente em relação aos métodos tradicionais no controle de doenças bacterianas em peixes. Foram então utilizadas nanopartículas de zeína para encapsular os princípios ativos de óleos essenciais de eugenol e de alho, formando nanopartículas biodegradáveis.
Estas nanoparticulas apresentaram boas propriedades físico-químicas com alta eficiência de encapsulação para os compostos ativos com valores superiores a 90%. Elas protegeram os compostos contra a sua degradação durante o armazenamento testado em até 90 dias. Além disso, os sistemas mostraram atividade bactericida contra as importantes bactérias patogênicas de peixes Aeromonas hydrophila, Edwardsiella tarda, e Streptococcus iniae in vitro. Outra vantagem foi que as formulações de nanopartículas contendo os compostos botânicos apresentaram menor toxicidade em testes realizados com Artemia salina que são pequenos crustáceos como bioindicador.
Estas formulações, além de viáveis e eficazes, são uma opção que possibilita a redução das quantidades dos agentes ativos e a melhoria da estabilidade dos compostos naturais utilizados.
Por: Cristina Tordin – Embrapa Meio Ambiente