Site icon nutriNews Brasil, Informações nutrição animal

Peixes: aspectos gerais relacionados à nutrição

Escrito por: Raphael Nogueira Bahiense - Zootecnista (2014), mestre (2017) e doutor (2021) pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com ênfase em nutrição animal e aquacultura. Durante esse período trabalhou com animais ruminantes (ovinos de corte e gado de leite), realizou estágio com frangos de corte e organismos aquáticos, onde realizou manejos produtivo, reprodutivo e alimentar. Possui prática em laboratório de bromatologia, microbiologia e histologia.

Peixes: aspectos gerais relacionados à nutrição

A alimentação representa grande parte dos custos na produção animal. Isso ocorre principalmente devido à instabilidade e oscilações nos preços dos principais insumos para fabricação das dietas. Para a alimentação de peixes, não é diferente, a dieta possui elevado custo móvel na produção.

As exigências nutricionais de peixes são semelhantes aos de animais terrestres em relação ao requerimento de nutrientes para a mantença, crescimento, engorda e reprodução.

No entanto, a exigência por animal varia devido a fatores como espécie, hábitos alimentares e fase de desenvolvimento.

No geral, os nutrientes necessários para os peixes são obtidos por meio de alimento naturais que estão disponíveis no ambiente (como plantas, animais menores, fitoplâncton e zooplanctons) ou pelo fornecimento de dietas comerciais.

A nutrição adequada vai proporcionar aos peixes além de um crescimento satisfatório benefícios à saúde e resistência aos agentes patogênicos, principalmente aos animais submetidos a sistemas intensivos e superintensivos de criação.

O balanceamento das rações oferecidas em sistemas intensivos e superintensivos são importantes para fortalecer a imunidade e, assim auxiliar no combate a patógenos causadores de doenças. Além disso, o equilíbrio de nutrientes na dieta melhora o desempenho zootécnico da criação.

A elaboração de dietas balanceadas para a produção de peixes deve ser baseada em fatores preponderantes como:[cadastrar]

Hábitos alimentares mais comuns em peixes

Herbívoros são animais capazes de ingerirem alimentos fibrosos, pois possuem flora bacteriana intestinal abundante. Isso proporciona capacidade de ingestão e digestão de 3 a 4% do seu peso vivo em fibras.

Onívoros são capazes de ingerir dietas a base de diferentes tipos de ingredientes desde ração industrializada, a pequenos invertebrados, plantas, frutos e matéria orgânica em decomposição.

Os peixes carnívoros consumem preferencialmente, alimentos de origem animal, incluindo invertebrados e outros peixes. Entretanto podem se adaptarem ao consumo de ração artificial a partir da fase pós-larval. Esses animais possuem em sua maioria o estômago de tamanho elevado em comparação a outros peixes de hábitos alimentares diferentes.

Essas definições dos hábitos alimentares dos peixes refletem sua constituição anatômico-funcional. Por meio das características anatômicas e histológicas do aparelho digestivo podemos inferir sobre a alimentação dos peixes.

 

Particularidades como posicionamento da boca, tipo de dente, constituição do aparelho branquial, desenvolvimento dos cecos pilóricos e segmentação do estômago contribuem na definição da capacidade de captura de alimento, bem como do hábito alimentar de cada espécie.

Em relação as exigências de nutrientes como a proteína, essas são maiores para os peixes, quando comparadas às demais espécies animais. É necessário o fornecimento de ração com altos teores proteicos.

Os carboidratos representam o grupo de nutrientes mais controverso na dieta de peixes, pois os animais não expressam deficiências e sintomas carenciais evidentes quando submetidos a dietas isentas desse nutriente. Os níveis de carboidratos na dieta, apresentam variabilidade em seu fornecimento com valores entre 7 e 20%, de acordo com o hábito alimentar de cada espécie.

Para que se faça o manejo alimentar adequado na produção de peixes é importante se considerar fatores como:

Fase de Desenvolvimento

Em relação as fases de desenvolvimento, os animais possuem particularidades de acordo com a espécie. Na maior parte das espécies de peixes a reprodução ocorre por meio de deposição de ovos.

Após a eclosão as larvas possuem um saco vitelino que é rico em nutrientes para completarem o desenvolvimento. Assim, entram na fase pós-larva, onde iniciam o consumo de dietas exógenas de acordo com o hábito alimentar da espécie.

Espécies Carnívoras

As espécies carnívoras durante a fase pós-larva necessitam de um treinamento alimentar para consumirem rações. Inicialmente recebem alimento vivo, posteriormente dietas a base de proteína animal (patês). Ao longo dos dias de treinamento nesses patês são inclusas rações comerciais até que se substitua completamente os patês por ração comercial.

Frequência Alimentar

Durante as fases de desenvolvimento deve-se considerar a frequência alimentar, ou seja, a quantidade de vezes que o alimento será fornecido. Destaca-se que, fases iniciais demandam maior frequência alimentar devido a maior exigência de nutrientes para crescimento e desenvolvimento. Por outro lado, para animais em fase de reprodução considera-se principalmente o hábito alimentar daquela espécie.

Taxa de Arraçoamento

A taxa de arraçoamento compreende a quantidade de alimento que é fornecido, sendo geralmente calculada em função da porcentagem do peso vivo. Animais jovens, na fase inicial, requerem maior quantidade de alimento em relação ao peso. Nessa fase, o fornecimento da dieta inicia-se tendo como referência 100% do peso vivo do animal.

Considerações Finais

A nutrição de peixes ainda enfrenta diversos desafios, principalmente pelo grande número de espécies de interesse.

As rações disponíveis no mercado são destinadas a poucas espécies e, portanto, não são capazes de atender todas as demandas.

Referências Bibliográficas

Bahiense, R. N. (2021). PRODUÇÃO DO CICLÍDEO NEOTROPICAL AMATITLANIA SP. EM SISTEMA DE RECIRCULAÇÃO: larvicultura e atividades alimentar e locomotora de animais em fase reprodutiva.

Boscolo, W. R., Signor, A., Freitas, J. D., Bittencourt, F., & Feiden, A. (2011). Nutrição de peixes nativos. Revista Brasileira de Zootecnia, 40(supl. especial), 145-154.

Carneiro, P. C. F.; Mikos, J. D. (2005). Frequência alimentar e crescimento de alevinos de jundiá, Rhamdia quelen. Ciência Rural, 35(1), 187-191.

Fortes-Silva, R., Martínez, F. J., Villarroel, M., Sánchez-Vázquez, F. J. (2010). Daily rhythms of locomotor activity, feeding behavior and dietary selection in Nile tilapia (Oreochromis niloticus). Comparative Biochemistry and Physiology: Part A: Molecular and Integrative Physiology. 156, 445–450. https://doi.org/10.1016/j.cbpa.2010.03.031

Fortes-Silva, R.; Rosa, P. V. (2012). Autosseleção de dietas: um novo enfoque para estudos de nutrição e frequência alimentar em peixes marinhos e de água doce. Revista Eletrônica Nutritime, 09, 1740–1754.

Fracalossi, D. M., & Cyrino, J. E. P. (2012). Nutriaqua: nutrição e alimentação de espécies de interesse para a aquicultura brasileira.

Kubitza, F. (1997). Qualidade do alimento, qualidade da água e manejo alimentar na produção de peixes. In: Simpósio sobre Manejo e Nutrição de Peixes, Piracicaba. Anais… Piracicaba: CBNA, 63-116.

Santos, M. M.; Calumby, J. A.; Coelho Filho, P. A.; Soares, E. C.; Gentelini, A.L. (2015). Nível de Arraçoamento e Frequência Alimentar no Desempenho de Alevinos de Tilápia-do-Nilo. Bol. Inst. Pesca, 41, 387–395. [/cadastrar]

Exit mobile version