Período seco e de transição em vacas leiteiras
Para se obter uma boa produção leiteira aliada à qualidade, o manejo em período seco e pré-parto é essencial, visto que o controle alimentar associado a manejos adequados promovem a redução na incidência de doenças metabólicas e infecciosas, que acarretam a redução de produtividade, sanidade e bem-estar.
Portanto, a nova lactação está diretamente relacionada à qualidade dos alimentos ofertados no período seco, bem como o tempo em que ele é executado. |
Figura 1. Escore de condição corporal.
Escore de Condição Corporal (ECC) é uma escala com variação de 1 a 5 pontos (Figura 1), proposta por Edmonson e colaboradores (1989), onde verifica-se em vários pontos do animal sua condição nutricional, com base na avaliação visual e tátil. É uma medida subjetiva, que classifica as vacas leiteiras em função da massa de gordura e da cobertura muscular (Figura 2).
É preferível que animais em período seco possuam o ECC de 3,5 a 3,75, acarretando menores probabilidades de distocias e doenças metabólicas. Durante a lactação o ECC ideal pode variar em função da fase de lactação, como pode ser observado na Figura 3. [cadastrar]
FASES DO PERÍODO SECO
A fase inicial (FI) É composta pelos primeiros 30 dias após a interrupção da ordenha. Ele se estende até a terceira semana que antecede o parto, onde ocorrerá a involução completa dos alvéolos da glândula mamária e absorção do leite residual. Esta etapa é essencial para promover o descanso do úbere e renovação celular para obtenção de uma nova lactação saudável e produtiva.
Outro agravante neste período é a baixa capacidade de consumo de alimentos, visto que o rúmen é comprimido pelo feto conforme seu desenvolvimento.
Dietas acidogênicas ou aniônicas são utilizadas no período de transição (pré-parto) e apresentam baixa quantidade de cátions em relação a ânions, ou seja, uma relação negativa cátion – ânion (DCAD).
Conhecida também como febre do leite, se manifesta pela baixa concentração de cálcio e cálcio ionizável no sangue. Ocorrendo geralmente cerca de 24 a 72 horas após o parto em vacas leiteiras devido à grande demanda da molécula no organismo. Causa grande impacto na atividade leiteira, causando prejuízos significativos ao produtor e ainda pode acarretar o acometimento de doenças imunossupressoras.
A imunossupressão é uma das causas do aumento da prevalência de infecções pós-parto (mastite e metrite), que pode ser ocasionada pelo aumento na secreção de hormônios próximo ao parto e diminuição do consumo de nutrientes. A metionina é um exemplo de suplementação que diminui esses impactos, melhorando a função imunológica das vacas.
Ela ocorre com o aumento de ácidos graxos livres (AGL) ou ácidos graxos não esterificados (AGNE) no plasma sanguíneo, devido a mobilização de gordura corporal com baixos níveis de glicose e déficit energético, ou seja, é a mobilização exacerbada das reservas corporais.
Uma das formas de verificação se a dieta pré-parto está em conformidade com o proposto é realizar análise de pH urinário, que deve estar entre 6,0 e 6,5. A medição pode ser realizada a partir de tiras, pHmetro portátil ou de bancada.
O desafio do período de transição em vacas leiteiras de alta produção é mais elevado, devido ao maior número de células secretoras. Sendo assim, existe uma maior demanda nutricional para síntese do leite no início da lactação, ela é mais intensificada por glicose, aminoácidos e ácidos graxos não esterificados (AGNE).
O período pós-parto imediato envolve importantes mudanças na dieta, onde as concentrações de forragem e fibra são reduzidas e há aumento das concentrações de amido e proteína.
Aumentar a energia da dieta no período pós-parto resultará em maior consumo de matéria seca. |
O monitoramento e as avaliações diárias desses animais são essenciais para que se possa identificar precocemente a ocorrência de distúrbios e definir a melhor alternativa para contornar as adversidades.
Realizar um período seco e de transição com devida atenção é o ponto determinante para a performance produtiva e reprodutiva das vacas leiteiras, considerando que tudo que acontece com os animais nesse período é refletido a curto e longo prazo em sua produção de leite e reprodução.
Referências bibliográficas sob consulta. [/cadastrar]