Cesta básica é uma conquista, mas ainda são necessários incentivos para o pescado se consolidar na mesa dos brasileiros
Em 2023, o mercado brasileiro de tilápia cresceu em aspectos importantes para começar a consolidar a atividade e contribuir para uma maior visibilidade à piscicultura.
Foi um período de preços em alta, impulsionados pela oferta restrita e pela demanda aquecida. O ano de 2024, por sua vez, tem sido de amadurecimento para o setor; de modo geral, a disponibilidade elevada vem pressionando as cotações, mas o mercado começa a se ajustar.
Uma das conquistas de 2024 foi a inclusão do pescado na cesta básica. No dia 10 de julho, a Câmara dos Deputados aprovou o texto-base que considera o peixe, assim como outras proteínas animais, item da Cesta Básica Nacional; ou seja, esses produtos recebem isenção dos novos impostos introduzidos pela Reforma Tributária.
Segundo agentes do setor, trata-se de um incentivo importante e um passo relevante para o fortalecimento da atividade, uma vez que coloca o pescado entre todas as outras proteínas já consolidadas no mercado brasileiro, como a suína, avícola e bovina.
Segundo a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), sistemas alimentares aquáticos são, majoritariamente, sustentáveis em sua produção por oferecerem uma variedade de benefícios ambientais, econômicos e sociais; são, ainda, cada vez mais reconhecidos pelo alto valor nutricional e beneficiamento de ecossistemas.
Dados mais recentes da FAO (relatório sobre o estado da pesca e da aquicultura no mundo publicado em 2024) mostram que, em 2022, a produção global de aquicultura superou, pela primeira vez, a captura pesqueira de animais aquáticos, para 94 milhões de toneladas, contra 91 milhões de toneladas.
Atualmente, o consumo per capita de peixes no mundo está em 20kg/hab/ano, enquanto no Brasil, é de cerca de 10 kg/hab/ano, ou seja, a metade – ainda conforme a FAO.
Apesar de haver uma margem grande para crescimento no País, já que a tilápia adaptou-se muito bem aos modelos de produção nacional, a proteína ainda não é tão requisitada pelos brasileiros quando comparado a outras.
O primeiro lugar fica com a carne de frango, cujo consumo per capita em 2023 foi de 46 kg/hab/ano, seguida da bovina (32kg/ano) e da suína (18 kg/ano).
PERSPECTIVAS
Destacam-se, ainda, os investimentos em matrizes e reprodutores para aquicultura, que, em 2023, corresponderam a R$ 16,1 milhões, forte crescimento de 163,9% em relação ao ano anterior. Quanto ao total investido na aquicultura, chegou a R$ 79,3 milhões em 2023, aumento de 55,7% na comparação anual. |
Os valores dos contratos de custeio de janeiro a dezembro de 2023 superaram em 19,8% os de 2022, totalizando R$ 953,4 milhões.
Além disso, há um foco crescente em tecnologias de monitoramento e gestão da qualidade da água, fundamentais para a saúde e o crescimento das tilápias. Esses esforços visam garantir uma produção sustentável e de alta qualidade, atendendo à demanda crescente e às exigências do mercado.
Frigoríficos e indústrias, por sua vez, estão cada vez mais investindo em alternativas para o aproveitamento total da tilápia, o que, além de ampliar a gama de produtos disponíveis ao consumidor final, contribui para a redução dos resíduos gerados durante o processamento.
Esse enfoque não apenas melhora a eficiência operacional e reduz o impacto ambiental, como também agrega valor ao produto, atendendo às demandas do mercado por produtos mais diversificados e sustentáveis.
Além disso, setores públicos e privados se unem anualmente para criar campanhas de incentivo ao consumo de pescado.
Investimentos em infraestrutura e inovação, com foco no aprimoramento da produção, não só reforçam o compromisso com a qualidade e a sustentabilidade, como também colocam o setor em condições de aumentar a visibilidade e a competitividade tanto no mercado nacional quanto internacional.