A produção de milho para silagem em Santa Catarina deu um salto expressivo na safra 2024/25. Segundo o Boletim Agropecuário de maio, publicado pela Epagri/Cepa, a produtividade média estadual alcançou 48,3 toneladas por hectare de massa verde — crescimento de 27,5% em relação à safra anterior.
Essa recuperação vem após um ciclo impactado por adversidades climáticas e representa um reforço decisivo para a base alimentar de ruminantes e monogástricos confinados.
Microrregiões com forte presença de bovinocultura e suinocultura, como São Miguel do Oeste, Chapecó e Concórdia, concentraram mais de 50% da produção estadual de silagem e registraram saltos de até 70% no volume colhido. Esse desempenho reforça a capacidade de autossuficiência regional e reduz a dependência de fontes externas de volumoso.
O avanço da silagem se dá em paralelo a outro indicador relevante: a safra de milho grão também foi a melhor da história de SC, com produtividade média de 9,8 t/ha e incremento de 25% na produção total, mesmo com uma área plantada 13% menor. A abundância de milho — tanto para grão quanto para silagem — tem papel central na competitividade da pecuária catarinense, especialmente diante da alta de custos com outros insumos e logística.
Demanda aquecida
Essa melhoria na oferta de ingredientes ocorre em um momento de alta na produção de proteína animal. No primeiro trimestre de 2025, SC produziu 226,6 milhões de frangos (+2,6%) e abateu 4,5 milhões de suínos (+3,7% sobre o trimestre anterior). A demanda por rações balanceadas e formulações mais eficientes acompanha esse ritmo, exigindo dos fornecedores de nutrição animal respostas cada vez mais técnicas e localizadas.
O boletim destaca que mesmo com o aumento nos custos de produção, a boa safra de milho tem proporcionado alívio parcial para as cadeias de aves e suínos — e, indiretamente, favorecido a rentabilidade das indústrias de nutrição animal.
A Epagri reforça, no boletim, que a elevação nos índices de produtividade está diretamente associada ao uso de cultivares de alto desempenho, adoção de boas práticas de manejo e suporte técnico.
O programa “Potencial e Lacunas de Produtividade de Milho em SC”, desenvolvido em parceria com universidades, tem permitido identificar gargalos e orientar produtores quanto a ajustes no plantio, densidade populacional e tratos culturais — estratégias que têm impacto direto na produção de matéria seca e qualidade da silagem.
Para o setor de nutrição animal, o atual ciclo é uma oportunidade de consolidar parcerias com produtores e cooperativas, além de aprofundar o desenvolvimento de soluções que aproveitem melhor o valor nutricional dos ingredientes regionais.
Influenza Aviária
Apesar do desempenho positivo no primeiro trimestre, o cenário atual exige cautela. A confirmação de um foco de Influenza Aviária de Alta Patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no município de Monte Negro (RS), em 20 de maio, acende um alerta importante para toda a cadeia avícola.
O fechamento de dezenas de mercados internacionais deverá afetar o ritmo de produção e, consequentemente, a demanda por insumos. Ainda é cedo para dimensionar os efeitos, mas o reforço das medidas de biosseguridade e o monitoramento oficial são determinantes para mitigar riscos o mais rápido possível.