Restos de peixes e mariscos antes descartados de forma irregular têm sido transformados em óleo e farinha que serão usados para a produção de ração animal em Piúma, no Espírito Santo.
Foram as constantes reclamações de moradores que não aguentavam mais conviver com a poluição, os restos de animais e o mau cheiro no rio da região, onde o material era jogado, que pescadores, donos de peixarias e poder público da cidade, na Região Sul, se uniram para encontrar uma solução para o problema.
Há pelo menos 50 anos, o rio era ponto de descarte não só do pescador João Carlos Dias, mas de outros trabalhadores da região. Segundo ele, os pescadores não sabiam qual destinação dar ao material que era descartado.
“Descartava ali na rua chamada Beco do Abaicuca. Não sabia onde jogar, mas era uma coisa feia. O cheiro vinha até mesmo aqui na praça”, contou o pescador.
Por meio de uma parceria com a prefeitura, uma empresa selecionada por um chamamento público passou a coletar os restos de peixes diariamente de 26 peixarias. O material é levado para um frigorífico da região e, três vezes por semana, é coletado por uma empresa de Alfredo Chaves, na Região Serrana.
Desde novembro, foram cerca de 30 toneladas de vísceras de peixes. Na sede da empresa, os restos de peixe são transformados em farinha e óleo usados para a produção de ração animal.
A parceria não gera custos ao município porque a fábrica fica com todo o material. Para moradores e clientes das peixarias, como a psicóloga Regina Castro, a mudança é perceptível.
“Tem melhorado bastante, né? Até o cuidado nos próprios estabelecimentos dá para perceber. Eu acho que essa conscientização está sendo muito importante. Espero que isso se multiplique”, disse a moradora.
Rosemárcio Calenzane, secretário de Agricultura e Pesca de Piúma disse que um projeto para revitalizar o cais antes marcado pela poluição está em andamento.
- “Já tem um projeto para no futuro revitalizar o cais com luzes para funcionar à noite também e virar uma área de turismo. É o meio ambiente, todo mundo ganha e a empresa vai ter mais matéria-prima e a ração pode ficar até mais barata, né?”, disse o secretário.
Fonte: G1 – Espírito Santo