Sindirações prevê crescimento de 3% para setor de alimentação animal em 2025 | Diante dos obstáculos domésticos e externos, o ano corrente exige adaptação, inovação e competitividade em meio às volatilidades e às novas regras do jogo
Boletim Informativo do Setor – Maio | 2025
A indústria brasileira de alimentação animal projeta alcançar, ao longo de 2025, a produção de 90 milhões de toneladas de rações e concentrados, além dos quase 4 milhões de toneladas de suplementos. Essa expectativa está fortemente atrelada ao desempenho das cadeias produtivas de proteínas animais (carnes, leite, ovos e organismos aquáticos), muito embora as previsões de crescimento dependam de diversas variáveis.
No campo climático, por exemplo, a imprevisibilidade dos eventos extremos, apesar de adentrarmos recentemente o padrão de normalidade, impõe riscos à produção agropecuária. A CONAB, por sua vez, estima uma safra brasileira recorde de 328 milhões de toneladas de grãos em 2024/2025, impulsionada pelo clima mais favorável nas regiões produtoras, diferente do ciclo anterior marcado por estiagens e alagamentos em estados-chave.
Em relação ao mercado global de grãos, as estimativas do International Grain Council (IGC) e do USDA/WASDE divergem ligeiramente, mas ambas indicam que os estoques globais vêm encolhendo desde 2022, principalmente devido à menor oferta de milho (estiagem, pragas e menor área plantada na Argentina) e de soja (estiagem no sul do Brasil). Por aqui, a produção de 123 milhões de toneladas de milho e 167 milhões de toneladas de soja constituem montantes suficientes para suprir a demanda interna e os prováveis embarques ao exterior.
A indústria de alimentação animal deve consumir cerca de 60 milhões de toneladas de milho (incluindo o seu derivado DDG) e 20 milhões de toneladas de farelo de soja em 2025, insumos que, somados, representam mais de 70% dos custos da alimentação animal, especialmente para aves e suínos. Importante, inclusive, atentar que a apetência dos demais demandadores (principalmente os biocombustíveis e a exportação) só vai aumentar e a disputa quantitativa pelos cereais e oleaginosas continuará crescendo nos anos vindouros.
As cotações desses insumos apresentaram movimentos opostos entre a média de janeiro a dezembro/2024 comparadas à média de janeiro a março/2025, ou seja, o milho subiu 29% (de R$ 64,00 para R$ 82,00/saca), enquanto o farelo de soja recuou 7,5% (de R$ 2.067,00 para R$ 1.911,00/tonelada).
- Nesse intervalo comparativo, o custo da ração para frangos de corte subiu apenas 5% em dólares, contudo em Reais o aumento foi de 15%.
O impacto da desvalorização cambial afeta também outros insumos da cadeia produtiva (energia, transporte, embalagens) e se reflete na alta dos preços dos alimentos ao consumidor final. Segundo o IPEA, a alimentação já compromete 29% da renda das famílias mais pobres, indicando pressão inflacionária no varejo e risco de retração no consumo.
No plano doméstico, o Brasil continua enfrentando desafios macroeconômicos, como a falta de um ajuste fiscal robusto, a persistência da inflação e o elevado custo do crédito. A Lei 214/2025, que criou um novo sistema tributário (IBS, CBS, Seletivo), trará efeitos importantes para o setor, especialmente em relação à alíquota reduzida de insumos agropecuários e à nova sistemática de créditos fiscais. A sustentabilidade das contas públicas com a retomada da confiança dos investidores depende de um rigoroso controle das despesas capaz de arrefecer o impulso inflacionário sustentado pelo dólar nas alturas.
No cenário internacional, o retorno de Donald Trump à presidência dos EUA tem gerado tensão geopolítica, principalmente pela elevação de tarifas e outras decisões com impacto na disponibilidade, dinâmica das exportações e nos preços das commodities agrícolas e energéticas, como os grãos, etanol de milho e biodiesel de soja.
A melhora nos custos dos insumos associada às sinalizações preliminares apontando para a reversão do ciclo pecuário, durante o ano passado, impulsionaram uma reação importante em diversos segmentos que culminou na produção de 91,1 milhões de toneladas e movimentação financeira da ordem de R$ 160 bilhões, considerando apenas o custo de aquisição dos ingredientes de origem vegetal, animal, mineral e aditivos químicos utilizados. Levando em consideração as oportunidades e as ameaças, a estimativa para 2025 é avançar 3% no setor de alimentação animal e produzir algo em torno de 94 milhões de toneladas.
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Fonte: Sindirações