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Sistemas de aquicultura apresentam diferentes níveis de sustentabilidade

aquicultura-policultivo

Na aquicultura do Brasil ainda predomina o monocultivo, sistema de produção caracterizado pela criação de uma única espécie em determinado local. Para promover a mitigação dos impactos ambientais relacionados aos monocultivos aquícolas intensivamente arraçoados, alguns empreendimentos de países ocidentais têm resgatado um conceito antigo, empregado por países orientais, como a China, Índia, Vietnam, Bangladesh, dentre outros.

Esses são conhecidos, atualmente, pela sigla em inglês IMTA (Integrated Multiprophic Aquaculture) que pode ser traduzido como “Aquicultura Multitrófica Integrada”. No policultivo utiliza-se a mesma densidade de tilápias que no monocultivo, mas com baixas densidades de camarões.

Com isso, na operação de um sistema integrado de tilápias/camarões, há um pequeno aumento dos custos de produção, relativo à aquisição de pós-larvas de camarão em relação à criação de tilápias em monocultivo; mas, em contrapartida, obtém-se um expressivo lucro extra com a venda dos camarões.

Segundo o pesquisador científico e Diretor do Núcleo Regional de Pesquisa de Pirassununga, do Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura do Estado de São Paulo, Marcello Villar Boock, os sistemas de aquicultura multitrófica e de monocultivo possuem naturalmente diferentes níveis de sustentabilidade, que são divididos em três dimensões: econômica, ambiental e social.

“Dentre elas, as que mais ganharam projeção nos últimos anos foram a econômica e a ambiental, pois são as mais almejadas pelos aquicultores”, informa o pesquisador do Instituto de Pesca.

Conforme explica, a econômica é calculada por indicadores como análises de fluxo de caixa, valor presente líquido, taxa interna de retorno e período de retorno do capital investido. Comparando um monocultivo de tilápias e um policultivo de tilápias e camarões de água doce como exemplo de sistema integrado, sendo ambos conduzidos em tanques escavados.

Integração de espécies

A ideia básica desses sistemas é que, por meio de duas ou mais espécies que, de preferência tenham diferentes hábitos alimentares e ocupem diferentes extratos da coluna d’água, haja um melhor aproveitamento dos nutrientes (ração, nitrogênio e fósforo, por exemplo) e da água na qual esses organismos são criados. Com isso, tem-se difundido a ideia de que sistemas multitróficos integrados são mais “sustentáveis” do que os monocultivos convencionais.

Segundo produtores do norte do Paraná, onde esse sistema de cultivo é bastante empregado, esse lucro extra geralmente é suficiente para pagar a maior parte da ração consumida pelas tilápias, que, por sua vez, corresponde ao maior custo na produção dos peixes.

Consequentemente, há uma redução do custo de produção da tilápia, aumentando a margem de lucro do produtor, que passa a ganhar mais pelo quilo de peixe produzido.

Tecnologias do IP

Pesquisadores do Instituto de Pesca têm desenvolvido diversas tecnologias que visam alcançar a tão almejada sustentabilidade na aquicultura, assim como ferramentas que podem auxiliar nas tomadas de decisões e na gestão de empreendimentos aquícolas, tendo em vista o viés da sustentabilidade.

Todas essas informações são abertas ao público e levadas a produtores rurais, potenciais investidores, estudantes e técnicos, por meio de cursos, publicações e assessorias técnicas oferecidas constantemente pela instituição e disponíveis no site.

“Nosso objetivo com essas informações não é estimular as reflexões sobre o atual modelo predominante na aquicultura do hemisfério ocidental, tendo em vista a alternativa de sistemas que conciliem as três dimensões da sustentabilidade”, argumenta Boock. “Em um país megadiverso como o Brasil, as possibilidades de integração entre as diversas espécies aquáticas disponíveis e diferentes ecossistemas são imensas e ainda muito pouco exploradas”, arremata.

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