O triticale entrou para a base de dados do ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), com a indicação de cultivo nas regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste do Brasil, em sistema de sequeiro e irrigado.
O zoneamento vai orientar a expansão do cultivo do triticale no País voltada às oportunidades no crescimento da demanda de uso desse cereal na alimentação animal.
O triticale também apresenta boa tolerância ao estresse hídrico, a solos ácidos e permite menor custo de produção quando comparado a outros cereais.
Na alimentação animal, pode ser utilizado para produção de forragem, silagem de planta inteira, silagem de grãos úmidos e os grãos secos.
A área de triticale chegou a 136 mil hectares no início dos anos 2000 (Conab), mas problemas com doenças e baixa produtividade nos materiais importados resultaram num gradativo decréscimo da área – registrando 15 mil hectares em 2021 – afetada também por fatores como disponibilidade de insumos (falta de sementes e defensivos registrados para a cultura) e oscilações mercadológicas (preferência da indústria moageira pelo trigo e maior oferta de milho para a indústria de proteína animal).
Segundo ele, o uso de semente própria também limita o crescimento do triticale no Brasil, impactando no potencial de rendimento e com um grande número de lavouras não registradas nos levantamentos oficiais.
A Embrapa Trigo está avaliando cultivares de cereais de inverno em diferentes regiões produtoras de grãos, onde o triticale é uma das alternativas que deverão compor a rede de experimentos a partir da publicação do zoneamento agrícola de risco climático.
“O cultivo de triticale já acontece nos estados do RS, SC, PR e SP, em sistema de sequeiro. Para o Zarc, fizemos um aprimoramento dos dados para indicar a melhor época de cultivo nas regiões tradicionais, além de orientar a expansão da cultura para novas regiões na faixa tropical, nos estados de MG, GO, MS, MT, BA e DF, tanto no sistema de sequeiro como no irrigado”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Gilberto Cunha.
O Zarc é baseado em séries históricas de clima, modelagem de cultivos e simulação de riscos.
Produtores rurais e outros agentes do agronegócio podem acessar as informações oficiais do Zarc por meio de tablets e smartphones, facilitando a orientação quanto aos programas de política agrícola do governo federal. O aplicativo móvel Zarc Plantio Certo, desenvolvido pela Embrapa Agricultura Digital, está disponível nas lojas de aplicativos.
Os resultados do Zarc também podem ser consultados e baixados por meio da plataforma “Painel de Indicação de Riscos”.