Uso de prebióticos, probióticos e simbióticos como ferramenta nutricional: aditivos bem-vindos na aquicultura
A contribuição de aditivos que auxiliem na saúde do metabolismo e promovam um desenvolvimento satisfatório, influenciando no crescimento, produção e reprodução do animal, se torna uma importante ferramenta no cultivo.
A criação de pescados para fins econômicos demanda recursos hídricos para a sua execução, onde os animais aquáticos permanecerão durante todo o período de cultivo. Deste modo, a proliferação de doenças ou qualquer imprecisão no equilíbrio da produção podem acarretar a efeitos adversos no ambiente e, consequentemente, importantes perdas econômicas para o setor.
- Além disso, resíduos desses compostos podem permanecem na proteína integrada à carne do peixe, podendo chegar ao consumidor final, bem como, promover desequilíbrio a biota benéfica do meio aquático.
Diante dessas implicações indesejáveis, houve a necessidade de lançar mão da suplementação dietética dos animais abrangendo alimentos probióticos, prebióticos ou mesmo simbióticos, isto é, alimentos que tem capacidade de estimular o sistema imunológico dos animais através do crescimento e nutrição dos microrganismos benéficos ao metabolismo e supressão e inibição do crescimento dos patogênicos, que são os micro-organismos maléficos.
Embora haja similaridade entre os nomes dos aditivos, suas funções são muito diferentes, tendo total importância no resultado dependendo da escolha de uso do produtor.
Os prebióticos são compostos não digeríveis por enzimas, ácidos e sais produzidos pelo metabolismo, mas sim, especificamente fermentados por microrganismos do trato gastrointestinal.
Ou seja, ele é uma forma de mantença dos microrganismos de interesse. Além disso, também podem atuar como adsorventes, aderindo às micotoxinas presentes no alimento, as levando para fora do trato gastrintestinal antes que sejam absorvidas pelas vilosidades intestinais. Esses compostos podem estar presentes na dieta diretamente ou mesmo serem adicionados de forma suplementar.
Existem ainda combinações sinérgicas entre os componentes, que são chamados simbióticos: a mistura de prebióticos e probióticos que fornece o benefício de ambos, principalmente em razão dos efeitos sinérgicos entre eles. Este último vem sendo aplicado na aquicultura atrelado a muitos resultados positivos, impactando inclusive, na qualidade de água.
As principais respostas do uso de probióticos e prebióticos na aquicultura são:
- A melhoria da saúde geral dos animais de cultivo: os animais respondem melhor quando é oferecido qualquer plus no manejo e alimentação, demonstrando maior vigor;
- A manutenção da microbiota benéfica: favorece a sobrevivência e manutenção das bactérias benéficas no trato gastrintestinal, preservando as vilosidades intestinais de possíveis injúrias;
- A maior eficiência de conversão alimentar e absorção de nutrientes: com a preservação das vilosidades intestinais, a qualidade nutricional demonstra superioridade, com consequente melhoria no desempenho zootécnico.
Neste caso o uso dos aditivos probióticos e prebióticos contribui para a saúde e bem-estar do animal em sistemas com desafios, como por exemplo, as baixas temperaturas em determinados períodos do ano e exposição à patógenos.
- O prebiótico de maior uso em dietas animais é o mananoligossacarídeo (MOS), que é derivado da parede celular da levedura Saccharomyces cerevisiae, que junto a outros componentes se mostra favorável à taxa de conversão alimentar e eficiência proteica, contribuindo para o melhor aproveitamento dos nutrientes e resultando no melhor desempenho zootécnico.
É importante destacar que os microrganismos utilizados como probióticos ou prebióticos na aquicultura precisam ser sanitariamente seguros para o animal cultivado, para a água e também para o produtor e para o consumidor. Além da colonização e manutenção no trato digestivo, produzindo efeitos benéficos nos hospedeiros, outras características precisam ser observadas nestes microrganismos, como por exemplo:
- Ser inócuo à água, aos seres humanos e aos animais;
- Não possuir genes de resistência a antibióticos e possuir propriedades antimutagênicas e anticancerígenas;
- Serem capazes de resistir ao processo de produção da ração quando inoculado;
- Apresentar resistência também às enzimas do trato digestório para que chegue ao tecido alvo, que é o epitélio intestinal e
- Durabilidade para tempo de armazenamento aceitável e transporte.
Por isso, o uso de probióticos e prebióticos na nutrição de peixes é altamente recomendável, somado a um ótimo manejo e qualidade genética pode, inclusive, resguardar significativamente o uso de antibióticos em longo prazo.
Referências sob consulta.
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