Uso de óleo de inseto na nutrição de peixes
Devido ao franco crescimento da piscicultura, é necessário atenção a sustentabilidade da atividade, tanto em termos ambientais quanto em relação aos custos produtivos, especialmente, relacionados aos custos da ração oferecida aos animais.
A sustentabilidade da produção aquícola depende do desenvolvimento de ingredientes alternativos para rações, à medida que a demanda por rações comerciais aumenta, enquanto os recursos marinhos usados na fabricação de rações estão se tornando cada vez mais limitados.
Os recursos marinhos, especialmente a farinha de peixe (FM) e o óleo de peixe (FO), são as fontes de proteínas e lipídios mais comumente usados na produção de rações para peixes, especialmente para espécies carnívoras (Turchini et al., 2010).
Isso se deve ao seu conteúdo nutricional essencial que suporta o crescimento, a saúde dos peixes e o alto teor de ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 de cadeia longa (n-3 LC-PUFA).
A crescente demanda por alimentos aquáticos e a necessidade de substituir FO resultou no uso de óleos terrestres alternativos como fontes de lipídios na produção comercial de ração para peixes, no entanto, a maioria desses óleos não são sustentáveis ou são deficientes em ácidos graxos n-3 altamente insaturados (Tocher, 2015, Yang et al., 2020).
Insetos, especialmente larvas de mosca soldado negro (BSL) são ricas em proteínas (40% a 45%) e lipídios (26% a 35%) e foram reconhecidas como um ingrediente alimentar promissor (Schiavone et al., 2018, Sheppard et al., 1994, Tran et al., 2015).
Vários estudos investigaram a substituição de FM por farinha de BSL em diferentes espécies de peixes, incluindo truta arco-íris e pregado (Cardinaletti et al., 2019, Elia et al., 2018, Kroeckel et al., 2012, Renna et al., 2017, Stamer et al., 2014)
O óleo BSL é um subproduto conhecido por conter altos níveis de ácidos graxos de cadeia média, especialmente ácido láurico (21% a 49%) (Li et al., 2016).
Além disso, a concentração de ácido graxo insaturado (linoleico, 18: 2n-6 e linolênico, 18: 3n-3) no óleo BSL está intimamente relacionada à do óleo de soja (SO), e isso poderia ser efetivamente utilizado por peixes de água doce para biossintetizar n-3 e n-6 LC-PUFA (Tocher, 2003).
A modulação nutricional e o acúmulo de LC-PUFA em peixes estão relacionados à biossíntese e decomposição de ácidos graxos por enzimas associadas ao metabolismo de ácidos graxos e fatores de transcrição pertinentes (Yu et al., 2019).
Em experimento realizado com trutas arco-íris, pesquisadores compararam o desempenho dos animais quando alimentados com rações contendo diferentes fontes de óleo, sendo eles:
- óleo de peixe
- óleo de soja
- óleo de larva de mosca soldado negro
- óleo de larva de mosca soldado negro suplementado com 1,5% de ácido biliar
O experimento foi realizado durante 10 semanas, após um período de aclimatação de 2 semanas. O peso inicial das trutas foi de 32 ± 0,15g.
Principais resultados |
O grupo alimentado com óleo de larva de mosca soldado negro suplementado com 1,5% de ácido biliar registrou o desempenho de crescimento mais baixo (ganho de peso e taxa de crescimento específica) em comparação com os outros grupos. Enquanto outros grupos exibiram desempenho de crescimento semelhante.
Os peixes cresceram quase 6 vezes o peso corporal inicial quando alimentados com dieta contendo óleo de soja, peixe e de larva BSL por 10 semanas. Não houve diferença significativa observada no consumo de ração, taxa de conversão alimentar ou valores de taxa de eficiência proteica entre os grupos dietéticos testados.
O índice viscero-somático mais alto foi observado em peixes alimentados com óleo de BSL, adicionado ou não de ácido biliar, em comparação com os valores mais baixos registrados nos outros dois grupos.
A composição gordurosa dos músculos e do fígado foi influenciada pelas fontes de óleo da dieta. A maior proporção total de MUFA e PUFA no músculo, que foi semelhante à deposição no fígado, foi observada em peixes alimentados com dietas contendo óleo de soja e peixe.
Se interessa pelo tema do uso de insetos na nutrição animal? Então não deixe de conferir os outros artigos sobre este assunto!
Neste artigo, o Prof. Diego Costa, um dos maiores especialista do assunto no Brasil, fala do uso de insetos na nutrição de diversas espécies animais, como aves, suínos, peixes e pets
Em artigo publicado na revista do 2 trimestre de 2021, escrito pela Prof. Ananda Portella Felix e a doutorando Camilla Mariane Menezes Souza, ambas da UFPR, foi abordado de forma ampla e completa a inclusão de insetos na nutrição de cães e gatos
Abaixo duas matérias referentes a experimentos realizados com o uso de insetos, especificamente, na nutrição de suínos e de frangos de corte
Frangos de corte alimentados com larvas de mosca têm redução nos problemas locomotores
As informações deste artigo foram retiradas do paper “Insect (Black soldier fly larvae) oil as a potential substitute for fish or soy oil in the fish meal-based diet of juvenile Rainbow trout (Oncorhynchus mykiss)” publicado em outubro de 2021 na revista Animal Nutrition, de autoria de:
Femi J. Fawoleabc, Shyam N. Labhab, Md. Sakhawat Hossainad, Ken Overturfe, Brian C. Smalla, Thomas L. Welkere, Ronald W. Hardya, VikasKumarab
-
aAquaculture Research Institute, Department of Animal, Veterinary and Food Sciences, University of Idaho, Moscow, ID, 83844, USA; bHagerman Fish Culture Experiment Station, University of Idaho, 3059F National Fish Hatchery Road, Hagerman, ID, 83332, USAç cDepartment of Aquaculture and Fisheries, University of Ilorin, Ilorin, Nigeria; dDepartment of Aquaculture, Faculty of Fisheries, Sylhet Agricultural University, Sylhet, 3100, Bangladesh; eUnited States Department of Agriculture, Agricultural Research Service, Hagerman Fish Culture
-
FAWOLE, Femi J. et al. Insect (Black soldier fly larvae) oil as a potential substitute for fish or soy oil in the fish meal-based diet of juvenile Rainbow trout (Oncorhynchus mykiss). Animal Nutrition, 2021.