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Uso de probióticos como promotor de crescimento em peixes nativos

Escrito por: Mariana Lins Rodrigues - Doutora e Mestra em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), possui graduação no curso de Engenharia de Pesca pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com período em Graduação-Sandwich na Universidade do Algarve em Portugal pelo Programa Santander Universidades. Atualmente é docente (REDA) da Universidade do Estado da Bahia, UNEB Campus XXIV - Xique Xique, BA.

Uso de probióticos como promotor de crescimento em piscicultura de espécies nativas

Nos últimos anos a aquicultura faz uso dos aditivos e suplementos, nas dietas de peixes e camarões, como ferramenta alimentar que proporciona melhor eficiência na absorção dos nutrientes, com o intuito de obter o melhor desempenho zootécnico. Entretanto, seu uso vai além desse benefício e deverá, consequentemente, refletir na saúde e bem-estar dos animais produzidos em cativeiro.
A aquicultura atual tem como propósito aumentar sua produtividade em paralelo ao aprimoramento sustentável dos cultivos.
Entretanto, a intensificação nos ciclos produtivos e o aumento na densidade de peixes por área útil gera condições estressantes aos animais, porém, o uso de aditivos/suplementos alimentares é capaz de atenuar os prejuízos decorrentes dos estímulos adversos da criação, promovendo, por exemplo, estímulos para o sistema imune e na fisiologia do organismo, além do melhor desempenho produtivo.

E QUAL A DIFERENÇA ENTRE ADITIVO E SUPLEMENTO ALIMENTAR EM NUTRIÇÃO ANIMAL?
Os aditivos são considerados qualquer substância intencionalmente adicionada ao alimento, com a finalidade de conservar, intensificar ou modificar suas propriedades, desde que não prejudique o seu valor nutritivo (Decreto 76.986 de 06 de janeiro de 1976, Brasil).
Segundo Cavalheiro et al. (2014), podem ser classificados de acordo com suas funções e propriedades em:
Tecnológicos
Sensoriais
Nutricionais
Zootécnicos
Anticoccidianos, e ainda serem incluídos em uma ou mais destas categorias.
Já os suplementos alimentares, podem ser caracterizados como uma mistura composta por ingredientes ou aditivos, podendo conter veículo ou excipiente, que deve ser fornecido diretamente ao animal ou indicado para diluição com o objetivo de melhorar o balanço nutricional e o desenvolvimento dos animais; ou seja, complementar a alimentação animal de acordo com suas necessidades, podendo estas serem transitórias ou não (Instrução Normativa 15/2009/MAPA).

Nesse sentido, o uso de probióticos como aditivo alimentar atualmente está sendo empregado nas dietas, auxiliando na manutenção da saúde dos peixes e do ambiente de cultivo, refletindo assim no crescimento ótimo dos animais e ainda não oferece riscos sanitários ao consumidor final (Dawood et al., 2016; Dawood et al., 2018).


O termo probiótico é caracterizado como “microrganismos vivos que produzem efeitos úteis sobre o hospedeiro, modificando os padrões associados ou comunidade de microrganismos, proporcionando uma melhor absorção das rações ou aumentando seu valor nutricional e, consequentemente, melhorando a resposta do hospedeiro à doença e ainda aumentando a qualidade microbiológica do ambiente exposto” (Ibrahem, 2015).
O estabelecimento das bactérias probióticas na mucosa intestinal do hospedeiro ocorre nas etapas de atração aos sítios de adesão, em seguida, ocorre a secreção de substância de ligação favorecendo a associação das bactérias não patogênicas e finalmente a ligação das células ao tecido (Balcazar et al., 2007).
Na nutrição animal, em especial de peixes, a introdução de bactérias probióticas via alimentação torna-se uma ferramenta benéfica para manter o crescimento e funções normais dos animais aquáticos, auxiliando na melhor absorção de nutrientes, vitaminas e atividades digestivas pela atuação de enzimas, apresentando efeito positivo sobre a utilização de alimentos, e consequentemente, no desempenho dos animais (Dawood et al., 2015; Nath et al., 2018) (Figura 1).
Segundo Kiron (2015), para obtenção de benefício direto no animal alvo, no caso em peixes, os microrganismos inócuos devem ser administrados via ração.

Figura 1. Mecanismos de ação do probiótico nos peixes e sua relação com os sistemas: imunológico, nutricional e fisiológico (desempenho produtivo e reprodutivo).
Ilustração adaptada de Rhamdia quelen.
Fonte: Companhia energética de São Paulo, 2006.

Ressalta-se a importância das bactérias probióticas pela otimização do ambiente de produção, devido aos múltiplos usos da água de cultivo, que além de servir para manutenção vital de processos metabólicos (respiração), consiste também no local de disposição do alimento e depósito das excretas dos animais e, consequentemente, influenciando na homeostase dos peixes.

MICROBIOTA INTESTINAL DE PEIXES

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