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A Importância dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante a extrusão

Escrito por: Bruna Aparecida Moreira da Silva - Graduação em Zootecnia na Universidade Estadual de Maringá. Participa do Grupo de Ensino e Estudos Nutricionais em Felinos (CEENUFEL) no qual realiza projetos relacionados a manejo e nutrição de felinos domésticos. Realiza estágio voluntário no setor gatil da Fazenda experimental de Iguatemi (FEI/UEM). , Ingrid Caroline da Silva - Possui graduação em Zootecnia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Paraná, Brasil (2018). Mestrado na área de concentração: Produção Animal; Linha de Pesquisa: Avaliação de exigências nutricionais e de alimentos para animais com Ênfase em Nutrição de Animais de Companhia, pelo Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Stricto Sensu da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Paraná, Brasil (2021). Atualmente é Doutoranda em Produção Animal no Programa de Pós-Graduação em Zootecnia Stricto Sensu da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Paraná, Brasil (2021-2023). Trabalha nas áreas de Nutrição de Animais de Companhia e Tecnologia de Produtos de Origem Animal. Participa do grupo de pesquisa: Centro de Ensino e Estudos em Nutrição de Felinos - CEENUFEL/UEM e Grupo de Pesquisa em Alimentos Funcionais - GPAF/UEM. , Karla Gabriela Memare - Possui graduação em Medicina Veterinária pela Universidade do Oeste Paulista (2017). Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde (PCS- UEM), Área de concentração em Doenças Infecciosas e Parasitárias, ênfase em Leishmaniose.
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Importâncias dos minerais para cães e gatos e seus efeitos durante processo de extrusão e vida de prateleira

Para que um alimento seja considerado completo e balanceado, deve conter todos os nutrientes essenciais para atender às demandas nutricionais específicas de cada espécie.

Os alimentos são formulados com ingredientes que fornecem todos os nutrientes necessários, sendo separados em grupos:

Os macronutrientes incluem proteínas, carboidratos, gorduras e fibras;

Os micronutrientes são representados pelos minerais e vitaminas.

Além disso, um alimento pode conter em sua formulação ingredientes com propriedades funcionais, proporcionando benefícios extras aos animais.

Do ponto de vista nutricional, os minerais são elementos inorgânicos essenciais ao desenvolvimento e manutenção do organismo.

Podem ser classificados em função de seu papel biológico e/ou conteúdo presente nos tecidos animais, sendo responsáveis por exercer diversas funções importantes para o organismo, como: [cadastrar]

De acordo com a necessidade, os minerais são divididos em macroelementos e microelementos. Os macroelementos são exigidos pelo organismo animal em maior quantidade, enquanto os microelementos são necessários em menor quantidade.

Os macroelementos incluem Cálcio, Fósforo, Potássio, Magnésio, Sódio, Cloro e Enxofre, enquanto os microelementos são compostos por Ferro, Cobre, Cobalto, Iodo, Manganês, Zinco, Selênio, Molibdênio e Flúor.

Esses minerais podem ser encontrados em diversos alimentos, tanto de origem animal como vegetal, e cada um desempenha uma função específica contribuindo para o equilíbrio do organismo.

No contexto de Pet Food, é crucial considerar a qualidade e as fontes dos minerais para determinar a quantidade disponível para absorção e utilização, ou seja, sua biodisponibilidade.

Além disso, é importante levar em conta os efeitos dos minerais durante o processo de fabricação da ração, como no caso da extrusão.

A biodisponibilidade dos minerais refere-se à quantidade de um mineral presente em uma forma química específica que está disponível para absorção e utilização pelo organismo.

Esse processo é influenciado por diversos fatores, incluindo a taxa de absorção intestinal, que depende de elementos como o teor do mineral, a matriz alimentar, interação com outros nutrientes, forma química e processamento.

Existem divergências em relação ao grau de disponibilidade de minerais nas formas orgânicas e inorgânicas, especialmente no caso de minerais traço como Mercúrio, Chumbo, Cádmio e Arsênio.

A resposta a essa disponibilidade é influenciada pelo mineral em questão, pelas condições dietéticas e pelo estado fisiológico do animal.

As fontes de minerais mais comumente utilizadas na nutrição animal são na forma inorgânica, incluindo óxidos, sulfatos, cloretos, carbonatos e fosfatos.

Nos sítios de absorção no trato digestório, ocorrem competições nas quais os macro e microelementos estão sujeitos (Figura 1).

Figura 1. Absorção intestinal de minerais inorgânicos e orgânicos.

Pesquisas indicam que a biodisponibilidade de minerais pode ser aprimorada quando estão ligados a moléculas orgânicas, como aminoácidos ou peptídeos, resultando na denominação de orgânicos ou minerais quelatados.

Os minerais quelatados têm sido amplamente estudados devido à sua maior biodisponibilidade em comparação com fontes inorgânicas.

Em um estudo conduzido por França et al. (2008), testando diferentes fontes de zinco para gatos adultos, observou-se que a fonte de zinco orgânico apresentou maior deposição no pelo quando comparada à fonte inorgânica de óxido de zinco.

O processamento de ingredientes ou do alimento também pode afetar a biodisponibilidade dos minerais.

 

Um tratamento térmico excessivo pode reduzir a biodisponibilidade de certos minerais, e a interação com outros ingredientes na formulação pode interferir na absorção de minerais.

Além disso, o equilíbrio entre diferentes minerais na dieta também influencia sua biodisponibilidade, pois o excesso de um mineral pode inibir a absorção de outro.

As fontes orgânicas de minerais não apenas proporcionam melhor absorção, mas também exibem efeitos benéficos durante a vida útil do Pet Food, retardando o processo oxidativo das rações.

Este fenômeno foi evidenciado em um estudo conduzido por Silva (2021), no qual diferentes fontes (inorgânica x orgânica) e níveis (1x e 2x a recomendação do FEDIAF, 2021) de minerais foram testados.

Durante os 12 meses de vida de prateleira, as rações suplementadas com a fonte inorgânica apresentaram 8,413 mEq/100g de peróxido, enquanto a fonte orgânica registrou 4,816 mEq/100g de peróxido (Figura 2).

Figura 2. Curvas de valor de peróxido durante a vida de prateleira de 360 dias nas Dietas Controle (DC), Minerais Inorgânicos (MI-1 e MI-2) ou Minerais Orgânicos (MO-1 e MO-2).

Este índice reflete os produtos primários da oxidação lipídica, indicando que o uso de fontes orgânicas pode prevenir a oxidação lipídica durante a vida de prateleira.

Os autores observaram também, aos 360 dias, uma tendência à redução dos ácidos graxos (Figura 3), com menor retenção quando a fonte inorgânica 2x a recomendação foi utilizada (74,4%).

As perdas foram mais acentuadas nos ácidos graxos poli-insaturados devido à sua estrutura lipídica mais suscetível à oxidação.

Além disso, a retenção de antioxidantes após 360 dias de vida de prateleira variou de 29,8% a 42,3%, com uma tendência a efeito de tratamento, mostrando uma maior retenção quando os minerais foram fornecidos na forma orgânica 2x a recomendação.

Os antioxidantes desempenham um papel crucial na proteção dos ácidos graxos durante a extrusão e na preservação deles ao longo da vida de prateleira.

Figura 3. Retenção total de ácidos graxos poliisanturados e antioxidantes sintéticos BHA e BHT após 360 dias de vida de prateleira nas Dietas Controle (DC), Minerais Inorgânicos (MI-1 e MI-2) e Minerais Orgânicos (MO-1 e MO-2).

Dessa forma, os autores concluíram que os níveis e as fontes dos microminerais não impactam significativamente na estabilidade oxidativa da ração durante o processamento, mas sim ao longo da vida de prateleira.

Notavelmente, as fontes orgânicas na forma de proteinatos, quando comparadas à suplementação de ferro, cobre e zinco na forma de sulfato, contribuíram para uma maior estabilidade oxidativa do alimento.

Em resumo, ao formular uma dieta, é crucial buscar fontes de boa qualidade para garantir uma melhor biodisponibilidade.

Além disso, é importante fornecer os minerais em formas e quantidades de fácil absorção, levando em consideração as variáveis do processo para minimizar os efeitos adversos durante a fabricação e a vida de prateleira do Pet Food.

 

Referências bibliográficas sob consulta. [/cadastrar]

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